A sigla ESG (Ambiental, Social e Governança) foi criada há décadas. Porém, por muito tempo foi um assunto discutido no topo da cadeia empresarial internacional. Atualmente, o conceito faz parte do noticiário, principalmente o especializado, e integra as estratégias de negócios da maioria das empresas de capital aberto, além de chamar a atenção de investidores mundo afora.
Mas o ESG ainda é um tema desconhecido de boa parte do empresariado, principalmente quando falamos de companhias familiares, mesmo grandes, e pequenos empreendimentos. Quando digo desconhecido, não me refiro à sigla em si, mas ao significado, ao objetivo do conceito em nossa sociedade.
E justamente essa falta de compreensão faz com que muita gente ainda faça perguntas como: para que serve o ESG? Por qual motivo eu deveria implantar esse conceito em minha empresa? Não seria algo adequado apenas para grandes corporações?
Começando a responder pela última questão, não, o ESG não é apenas para grandes corporações. É um conceito que serve e deveria ser implantado por todos os empreendimentos, da microempresa à multinacional. Obviamente, neste caso, as iniciativas devem ser proporcionais ao porte e tipo de atividade de cada um.
Para responder às demais perguntas, é importante ter em mente que qualquer companhia faz parte de um todo. Impacta e é impactada pelo meio ambiente, pela sociedade e pelos resultados da própria gestão, sejam eles positivos ou não. Vamos usar como exemplo uma fábrica que despeja algum produto químico nocivo em um rio. Esse produto vai matar peixes e prejudicar a vida de famílias cujo sustento depende da pesca. A ação desta empresa impactou no meio ambiente e na sociedade, mas pode impactar também nos resultados financeiros e de imagem da companhia, na medida em que órgãos fiscalizadores podem multá-la ou mesmo fechar a unidade até que o estrago seja mitigado.
Se somarmos esse exemplo a tantos outros como a emissão de gás carbônico, desmatamentos, doenças funcionais, empobrecimento de estratos sociais em todos os países do mundo, entre outros, vamos chegar à conclusão de que nosso sistema produtivo é tão importante quanto nocivo à vida na Terra. E o conceito ESG foi criado justamente para reduzir o impacto das atividades econômicas no planeta como, por exemplo, o efeito estufa. E cada empresa tem que fazer sua parte nesta luta.
Para as empresas individualmente, o ESG é utilizado como indicador e métrica de ações e resultados, e tem papel primordial na mensuração do valor da empresa como um todo. Ao ser implantado, ele permite à sociedade saber com mais precisão o que aquela empresa faz para preservar o meio ambiente, a sociedade e sua própria saúde financeira e lucratividade. Seus benefícios – internos e externos – são tantos que justificam a implantação por qualquer empresa, como já foi dito, independentemente do seu porte e atividade. E aí vem a terceira resposta à pergunta: que benefícios são esses que servem de motivo para adotar o ESG?
O primeiro motivo é a proteção do planeta. Vivemos um momento de mudanças climáticas, nossos rios e mares estão cada vez mais contaminados por substâncias tóxicas e o mundo já está sentindo os efeitos. A pandemia de coronavírus e o calor extremo com redução do índice pluviométrico são exemplos disso. Quando todo esse impacto se tornar irreversível não sobrará nada para que qualquer atividade empresarial possa se manter. Antes que isso aconteça, cada um de nós tem de dar sua contribuição.
Outra razão é que ao implantar o conceito ESG, a empresa se adapta mais facilmente às crises. Há alguns anos o estado de São Paulo sofreu com uma longa estiagem. Muitas empresas e indivíduos tiveram de gastar e agir com muita criatividade para minimizar os efeitos. Mesmo assim, teve companhia que precisou parar a produção ou reduzi-la drasticamente. Mas quem já tinha o ESG implantado sofreu menos, pois estava preparado para esses momentos de maior dificuldade. Essa rápida adaptação ao momento de crise é um segundo motivo a ser considerado.
Atrair investidores seria a terceira razão. Ao analisar o perfil de um empreendimento, o investidor considera os riscos inerentes à atividade. Se a empresa é lucrativa, mas adota práticas que podem resultar em processos trabalhistas ou em multas ambientais, ou se sua contabilidade é pouco transparente, a probabilidade de ela afastar investimentos é alta. Investidores querem rentabilidade, é verdade, mas cresce o grupo daqueles que não abrem mão da segurança.
Por fim, a adoção do ESG também ajuda na atração de mais e mais consumidores. À medida que a sigla se torna mais conhecida e que aumenta o número de cidadãos preocupados com o futuro do planeta e da sociedade, necessário se faz ter métricas para mostrar que seu empreendimento é socialmente, ambientalmente e economicamente sustentável. Não adotar o ESG é ficar para trás diante da concorrência.
Essas razões são mais do que suficientes para você pensar no assunto. E não precisa fazer tudo de uma vez. Até porque isso seria inviável. Mesmo as maiores empresas do mundo destinam apenas uma parte de suas receitas para se adequarem. O importante é que essa melhoria, essa evolução ocorra de forma constante.
Um pequeno empreendimento pode começar usando lâmpadas mais econômicas, implantando mecanismos que reduzam o gasto de água, destinando corretamente os resíduos sólidos. Uma empresa sustentável também se preocupa em respeitar a legislação em manter o ambiente de trabalho saudável para seus colaboradores, entre tantas outras medidas.
Enfim, o conceito ESG está ao alcance de todas as empresas. Só é preciso dar o pontapé inicial e evoluir com novas ações ano a ano, até que a sustentabilidade seja de fato alcançada.