O mês de setembro apresentou um desempenho relativamente estável para o bitcoin, que performou melhor do que ativos como ouro e ações de tecnologia norte-americanas, ainda que tenha terminado com saldo negativo. Outubro, até o momento, segue na mesma linha, e as stablecoins ganham cada vez mais market share. No entanto, podemos estar vivenciando os últimos momentos de calmaria antes da tempestade.
Há menos de uma semana, registramos a menor média de volume de transferências na rede Bitcoin em mais de 2 anos, movimento típico de “bear markets”. No mercado spot, então, esse volume é baixíssimo, e a média de 7 dias do volume atinge US$ 7.9 bilhões, uma queda de 38% do pico em setembro, como podemos ver no gráfico abaixo.
Fonte: Arcane Research
Agora, vemos uma queda na volatilidade histórica (7d) do BTC para um “all time low”, evidenciando a falta de interesse de investidores nos níveis de preço negociados atualmente. E, mais do que isso, a volatilidade de 30 dias também está próxima de atingir a mínima anual.
Em contrapartida, os níveis de alavancagem nunca estiveram tão altos na história. O crescente “open interest” em perpétuos se aproxima de 500.000 BTCs, mais do que dobrando desde abril. Essa conjuntura de fatores pode antecipar um forte movimento no preço do bitcoin nos próximos dias. Quando olhamos de 2021 para cá, por exemplo, vemos o seguinte:
- Em 25 de Julho de 2021, o open interest saiu de 245k para 205k BTCs, gerando um short squeeze e levando o preço do bitcoin a US$ 48K em perpétuos (contra US$ 40.000/42.000 no mercado spot).
- Em 7 de setembro de 2021, o open interest variou de 245K para 198K em um contexto de adoção do BTC por El Salvador, gerando um forte long squeeze.
- Em 4 de dezembro de 2021, a variação foi de 243K para 186K, fazendo o preço do BTC despencar de US$ 54.000 para US$ 40.000, havendo uma forte liquidação de apostadores de alta.
Na quinta-feira, às 9h30, horário de Brasília, teremos a divulgação dos números do CPI de setembro cujas expectativas giram em + 0.3% no “CPI mês-a-mês” e 0.5% no “Core CPI mês-a-mês”. Uma quebra dessa expectativa para cima pode pressionar os ativos de risco rumo à volatilidade e servir como evento catalisador deste possível movimento iminente.
Além disto, alguns outros eventos, ainda que menores, merecem atenção na semana:
- FOMC Minutes – Quarta-feira: A ata da reunião do FOMC está prevista para ser entregue na quarta-feira, às 15h (horário de Brasília), e o que temos visto é que o Fed está determinado a conter a inflação como objetivo número 1, motivo pelo qual as expectativas da reunião em novembro apontam 80% de probabilidade de um novo aumento de 0.75 p.p. na taxa de juros. Assim, a expectativa de amanhã é de que seja reforçado o tom “hawkish”.
- US retail sales (Vendas no Varejo): sexta-feira, 9h30
- Pronunciamento de Gary Gensler, da SEC, às 10h15 de sexta-feira
- Pronunciamento de membros do FOMC