As principais bolsas do mundo ficaram praticamente de lado durante a semana, com exceção aos ganhos de quase 1% nos Estados Unidos e de 1.54% na Suiça. O S&P 500 está próximo de romper seu maior nível na história, datado em outubro de 2007 – um pouco antes da última vez que o mundo acabou. Índices inflacionários baixos para a economia americana continuam deixando o mercado apostando no estímulo monetário do FED, e as vendas no varejo tem mostrado mais força do que o imaginado.
Os índices das commodities tiveram alta de aproximadamente 1% também, com destaque para o ganho do algodão, gás natural e trigo.
O café arábica teve mais uma queda, com o contrato negociado em Nova Iorque atingindo o menor patamar desde junho de 2010. O robusta fechou a semana inalterado depois de fazer novas altas, e a arbitragem está abaixo de 40 centavos, só para quebrar o argumento de quem achava que era improvável isto acontecer (como eu).
Por falar nisto uma atenta leitora lembrou que escrevi há alguns meses que o “chão” da arbitragem era 35 centavos, e não os 40 mencionados no relatório da semana passada. Bob Philips, que trabalha junto comigo, também mencionou que antigamente a arbitragem atraía vendedores quando abria mais de 35 centavos, e compradores abaixo de 25 centavos, e cafés swedish no período negociavam ao redor de 15 centavos de desconto. Cafés arábicas menos nobres hoje em dia podem ser comprados a 35 a 38 centavos de desconto, motivo que me faz (teimosamente?) crer menos provável que vejamos um estreitamento muito maior da arbitragem – salvo se alguém for “squeezado”.
No mercado físico foram reportados negócios a diferenciais baratos para embarques na segunda metade do ano e começo de 2014. Para embarques de curto-prazo as ofertas mais atrativas só mesmo de cafés africanos. No robusta os preços no mercado interno no Vietnã subiram mais esta semana, mesmo com uma mudança do quadro climático que trouxe um pouco de chuvas nas regiões produtoras do país.
Aproveitando os preços altos de Londres, e sua produção maior, a Indonésia bate recorde de exportações, tendo acumulado 7.8 milhões de sacas nos últimos 12 meses. Uganda também tem embarcado mais café, assim como o próprio Vietnã. Na minha opinião os produtores destes países deveriam vender o máximo que podem nos atuais patamares que LIFFE negocia pois a lucratividade que tem para a cultura não se manterá onde está neste momento por muito tempo – veja o que aconteceu com quem segurou café arábica achando que os preços nunca romperiam os US$ 200.00 centavos por libra... Ninguém quebra com lucro no bolso!
Os estoques certificados na ICE não param de subir, pouco, mas consistentemente, e estão no maior volume desde Março de 2010. Os estoques americanos também aumentaram em Fevereiro, estando agora em 4,892 milhões de sacas. Já os estoques nos países consumidores em Dezembro estavam em 21,743 mihões de sacas segundo informação divulgada na semana, abaixo dos 22,692 milhões no fim de Dezembro de 2011 – este dado estatístico é sempre motivo de bastante discórdia.
Os participantes do mercado de café não estão esperando nenhuma mudança brusca nos preços dos contratos futuros, e com isto a volatilidade implícita está em apenas 23%, 25% e 26% para os primeiros três vencimentos. Curiosamente a volatilidade implícita das ações americanas, o VIX, também está nas mínimas de 6 anos.
O fechamento da semana desencoraja novas compras, e deve estimular mais vendas de fundos e de outros agentes que ainda apostavam em uma alta. O contrato de Londres apesar de ter ficado de lado deve ficar bem vulnerável com uma queda abaixo de 2150 dólares por tonelada, ponto que deve forçar liquidação de fundos.
Parece que só mesmo algum evento climático dará gás para uma subida dos preços.
Muito bons negócios a todos.