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Títulos Soberanos Verdes da Europa Ganham Força Apesar da Covid (ou Graças a Ela)

Publicado 17.11.2020, 10:21
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Os governos europeus emitirão um volume enorme de títulos verdes nos próximos meses, enquanto os investidores – inclusive bancos centrais – clamam por oportunidades de investimento sustentável.

A UE planeja vender €225 bilhões em títulos verdes nos próximos quatro anos. O Ministro da Economia do Reino Unido, Rishi Sunak, anunciou na semana passada que planeja emitir os primeiros gilts verdes, a fim de manter o status de Londres como centro financeiro de crédito.

O Reino Unido realizará a conferência de mudança climática COP26 no ano que vem, em Glasgow, por isso, fazer com que a cidade se torne um centro de finanças verdes é parte do plano do ministro.

França, Alemanha, Holanda, Hungria, Polônia e Suécia estão entre os 16 países que já emitiram títulos dedicados a projetos de infraestrutura com baixa emissão de carbono ou outros objetivos ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês). A Itália afirma que emitirá seu primeiro título verde no ano que vem.

Ressurgimento da Covid estimula iniciativas sustentáveis?

A emissão de títulos verdes soberanos na Europa totalizou o equivalente a US$ 10,3 bilhões nos primeiros nove meses do ano, de acordo com a Iniciativa de Títulos Climáticos.

O ressurgimento da Covid-19 na Europa pode estar ajudando o mercado de títulos verdes como um moralizante lembrete de que os países precisam investir em sustentabilidade.

A UE leva a sério a parte “verde” dos investimentos verdes e elaborou uma taxonomia do que pode ser considerado nessa categoria, a fim de evitar a tão temida “lavagem verde” entre os fundos e outros emissores que querem bajular os investidores.

A Regulamentação de Taxonomia, proposta inicialmente em 2018, entrou em vigor em julho. Não aborda diretamente os títulos governamentais, mas os governos tendem a seguir os critérios da UE enquanto desenvolvem suas próprias estruturas normativas para títulos verdes.

O título geralmente deve financiar a mitigação da mudança climática ou o uso sustentável da água e recursos marinhos, a promoção de uma economia circular, prevenção ou controle da poluição, ou proteção e restauração da biodiversidade e ecossistemas.

Um problema inicial tem sido a liquidez. A Alemanha, por exemplo, associa sua emissão de títulos verdes aos títulos convencionais, com o mesmo cupom e vencimento. Sua primeira emissão de títulos verdes, de € 6,5 bilhões com vencimento de 10 anos, atraiu € 33 bilhões em ofertas de compra em agosto, permitindo que Berlim reduzisse em um ponto-base o rendimento do seu título convencional (uma economia que os investidores chamaram de “greenium”, ou “prêmio verde”).

Bobl de 5 anos da Alemanha - 300 min.

A Alemanha levantou € 5 bilhões em sua segunda emissão de títulos verdes em 4 de novembro, em um momento não muito favorável, já que os rendimentos dos seus bunds convencionais mergulhavam com as incertezas sobre os resultados eleitorais nos EUA. O Bobl de cinco anos, como são conhecidos os títulos de médio prazo, apresentavam um cupom de 0 e estavam precificados um pouco acima de 104, rendendo -0,83%, quase não encontrando demanda.

Os investidores também criticaram a Alemanha por levantar novos fundos para pagar gastos passados, em vez destiná-los a projetos atuais ou futuros. Berlim deseja estabelecer uma curva de juros completa para seus títulos verdes, e Sunak declarou o mesmo objetivo para o Reino Unido.

A Dinamarca está inovando com um título verde que permite trocá-lo por um título convencional (basicamente um cupom zero com vencimento zero), enquanto o governo continua gastando os recursos com projetos ESG. Com isso, busca manter a liquidez dos títulos de países menores, com menores níveis de endividamento (e um número limitado de projetos ESG).

A França esbanja o título de país com o maior volume de títulos verdes emitidos até agora. Seu papel de 22 anos arrecadou € 7 bilhões em janeiro de 2017. Desde então, vem aumentando suas ofertas, até alcançar € 27,4 bilhões em agosto deste ano.

Não é possível saber se o novo governo americano também fará uso dos títulos verdes, já que os treasuries representam os títulos governamentais mais líquidos da atualidade, apesar do impressionante nível de endividamento de US$ 20 trilhões.

Se o presidente eleito Joseph Biden reingressar no Acordo de Paris, como prometeu, e levar a cabo o plano de gastar US$ 2 trilhões em infraestrutura verde, o mercado de títulos verdes da Europa pode ganhar força.

 

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