O gráfico compartilhado por Jeff Weniger mostra que, desde 1990, picos nas expectativas de inflação medida pela Universidade de Michigan (UM) em torno de 5% costumam anteceder períodos de queda na inflação real. A leitura mais recente da pesquisa registrou 4,9%, aproximando-se desse patamar crítico.
As únicas exceções ocorreram em 2020 e 2021, em meio a eventos econômicos atípicos e imprevisíveis. Fora esse intervalo, os episódios anteriores coincidiram com momentos de inflação em alta, ao contrário do movimento atual de desaceleração do IPC.
Dois fatores explicam a alta recente nas expectativas da pesquisa da UM: o primeiro é político. A divisão ideológica tem distorcido os resultados — democratas projetam inflação de 6,5%, enquanto republicanos preveem apenas 0,1%. O segundo fator é o debate sobre tarifas. Apesar do histórico durante o primeiro mandato de Trump e de episódios anteriores, tarifas nem sempre geram pressão inflacionária. No entanto, o noticiário recente tem reforçado o temor de que a nova rodada de tarifas possa impulsionar os preços.
Na semana passada, o Federal Reserve elevou sua projeção de inflação para 2025 em apenas 0,2 ponto percentual, considerando um cenário pessimista no qual todas as tarifas prometidas seriam implementadas e os países retaliariam na mesma intensidade — uma hipótese considerada extrema. Por isso, analistas sugerem que as expectativas do consumidor podem estar novamente desalinhadas com a realidade.
Como observa Weniger: “O público tende a se preocupar mais com a inflação exatamente no momento em que ela está prestes a ceder.”
Atualização dos mercados
Após a recente correção, o mercado parece ter encontrado um piso de curto prazo. O rali de segunda-feira gerou sinais de compra confirmados pelos indicadores de fluxo de capital e momentum, com a volatilidade abaixo de 20 e o índice de força relativa em recuperação.
O movimento atual testa a resistência inicial nas médias móveis de 20 e 200 dias, que estão sobrepostas. Salvo por novos ruídos vindos da Casa Branca, o mercado pode superar esse nível nos próximos dias.
A aproximação do fim do trimestre também favorece o fluxo comprador, com fundos de pensão estimados para alocar cerca de US$ 85 bilhões em ações americanas como parte do rebalanceamento de carteiras.
Apesar do noticiário negativo ainda pesar no sentimento, esse pessimismo pode funcionar como sinal contrário. Nas últimas semanas, gestores vêm aumentando exposição em ações descontadas com fundamentos sólidos, monitorando uma possível rotação de valor para crescimento.
Embora ainda seja cedo para confirmar que o fundo recente é definitivo, os sinais técnicos e os fluxos institucionais começam a favorecer essa hipótese. A recomendação é manter exposição controlada ao risco, permitindo que o mercado sobrevendido trabalhe a favor dos portfólios.
Setores: consumo básico vs. tecnologia
Um gráfico da SimpleVisor mostra os escores absolutos e relativos dos setores de consumo básico e tecnologia nas últimas três semanas. No início do período, tecnologia estava excessivamente vendida, enquanto consumo básico apresentava níveis de sobrecompra. Com a estabilização dos mercados, os dois setores seguem em direções opostas: consumo básico agora está próximo do valor justo, enquanto tecnologia permanece descontado, mas em trajetória de recuperação.
Essa rotação setorial pode oferecer pistas importantes sobre a sustentabilidade do atual movimento de alta — se será uma pausa antes de novas mínimas ou uma retomada rumo às máximas históricas e de volta à tendência de alta.
O conteúdo disponibilizado aqui não constitui ou deve ser considerado como conselho, recomendação ou oferta pela Nomad. Todo investimento envolve algum nível de risco. Rendimentos passados não são indicativos de rendimentos futuros. Siga sempre o seu perfil de investidor. A Nomad Fintech Inc é um Consultor Financeiro Registrado junto a SEC. Serviços intermediados por Global Investment Services DTVM Ltda.