Expectativas Determinam Comportamento dos Ativos Brasileiros. Postura Defensiva

Publicado 27.04.2018, 11:01
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A intensidade de fatores internos dando suporte a dúvidas e incertezas nas perspectivas em torno do momento seguinte do Brasil, envolvendo economia, política e, também, insegurança jurídica, agregados ao contexto externo, em especial em torno da economia americana e a política monetária do FED, alimentam as atitudes e correção dos preços e comportamento do mercado financeiro brasileiro, determinando postura defensiva que se revela nas atitudes preventivas que são evidenciadas pelo mercado.

Ocorrem até conflitos nas observações, tendo matérias jornalísticas especializadas que ao longo deste mês expuseram que havia recuado a demanda por “hedge cambial”, para em matéria seguinte assegurar que esta atitude tem se intensificado e até ser determinante da apreciação do preço da moeda americana.

Desde o início do ano temos propagado uma visão que havia excesso de otimismo em torno do desempenho da economia, consequentemente da recuperação do emprego, da renda e do consumo. Concomitantemente havia certo menosprezo pelo risco político e até pela expressiva crise fiscal com que se defronta o país.

Nesta fase do ano, havendo já disponibilidade de dados concretos acerca da dinâmica da economia, ocorre a percepção de que está sem tração contrariando as expectativas e os esforços do BC no controle da inflação e redução abrupta da taxa SELIC, baixíssima reação da geração efetiva de empregos bem diferente em números dos que são propagados pelo governo, aumento de renda e consumo com incrementos muito discretos, e entraves na dinamização e custos do crédito para fomentar o impulso necessário da economia.

Isto ocorre no momento em que o risco político com forte acirramento e absoluta indefinição em torno das perspectivas sobre a sucessão presidencial se acentuam, aglutinando também o aumento da insegurança jurídica que se torna cada vez mais preocupante, acaba por incrementar expectativas pouco tranquilizadoras, que passam a impor postura defensiva no mercado financeiro.

Por outro lado, a economia americana projeta dinamização com aumento da probabilidade de intensificação da inflação podendo atingir os 2% e também de que o FED possa agilizar mais a elevação do juro, o que contaminou fortemente o mercado de títulos do governo, com o T-Bond referencial de 10 anos atingindo juro de 3% com tendência de evolução.

Para o Brasil, país emergente e beneficiário do ambiente benigno até então do mercado externo e sua exuberante liquidez, afora as preocupações e cautelas em torno de seu próprio ambiente que determina expectativas pouco favoráveis, a mudança do ambiente externo a partir dos Estados Unidos agrega fortes repercussões internas.

O mercado financeiro brasileiro desperta o “apetite pelo Brasil” pela atratividade do ganho de rentabilidade, e é impulsionado por expressivo volume de capitais especulativos em grande parte forjado com operações de “carry trade”, então a elevação do juro americano coincidente com a tendência de redução da SELIC ao patamar de 6,25%, retira margem de ganho e faz retroagir o interesse e os investidores se tornam mais cautelosos.

No primeiro momento, ocorre na Bovespa volatilidade visto que uma saída abrupta, um “sell off”, não seria inteligente, embora acentue o viés de baixa gradualmente, e determina o aumento da demanda por “hedge cambial” que em consequência das expectativas impulsiona a alta do dólar que contamina o mercado à vista.

Contudo, nos parece que na medida em que o tempo decorre e vão se acentuando as preocupações em torno das incertezas sobre as perspectivas para o Brasil, e a continuidade do juro alto nos Estados Unidos, o ajuste mais intenso ocorrerá, hoje já mais acentuado no preço do dólar puxado pela demanda de “hedge cambial” cujo preço poderá ir além, na medida que se aproxima a eleição presidencial e todas as incertezas e inseguranças no seu entorno, e se intensificar a saída da Bovespa e das divisas do país.

No mês que se encerra, abril, até o dia 20 o fluxo financeiro estava positivo em US$ 5,0 Bi após ter sido negativo em US$ 10,0 Bi em março, o que deixa evidente que a alta do dólar decorre das expectativas ruins para os próximos meses e é puxada pela demanda de “hedge cambial”. Mas no momento sequente deverá ser sustentado pela demanda.

O BC tem poucos elementos para atuar contra as expectativas que é algo de fundo fortemente psicológico, podendo tentar com seus instrumentos diversos intervir quando passar para a demanda efetiva no mercado à vista.

Poderá atenuar o impacto, não evitá-lo que não seria inteligente mascará-lo, mas nos parece inevitável que ocorram pressões fortes sobre a formação do preço da moeda americana, concomitante com ajuste na Bovespa.

Hoje, o Presidente do BC, Ilan Goldfajn, dá excelente entrevista bem detalhada no jornal Valor, não nega a existência de riscos, ameniza de forma governamental os desempenhos menos animadores da economia, a baixa reação de causa-efeito da redução da taxa SELIC, e afirma, como não poderia deixar de ser, que o país está preparado para as intempestividades que ocorrerem e evitar o câmbio perverso.

Enfim, o que se vislumbra em perspectiva são momentos tensos na política, certamente alguma decepção com o desempenho da economia, face à postura cautelar dos investidores, consumidores, empresários, etc.

A alta do preço da moeda americana sinaliza que veio para ficar com viés de alta pelo menos pelos próximos 6 meses, podendo ceder posteriormente, dependendo do resultado das eleições e de quem for eleito.

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