🤑 Não fica mais barato. Garanta a promoção com 60% de desconto na Black Friday antes que desapareça...GARANTA JÁ SUA OFERTA

Expressivo aumento nas exportações brasileiras de milho impõe mudanças na dinâmica

Publicado 28.09.2022, 12:22

Por André Sanches*

As exportações brasileiras de milho apresentaram vigoroso aumento nos últimos anos, impondo alterações importantes na dinâmica do mercado nacional. Enquanto na safra 2001/02 o Brasil exportou 2,5 milhões de toneladas, segundo a Secex, nesta temporada, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que 37 milhões de toneladas sejam escoadas ao mercado internacional – vale lembrar que o País já embarcou 42,8 milhões de toneladas em 2019, um recorde.

As exportações crescentes refletem a capacidade de o agronegócio brasileiro aumentar o volume de produção em ritmo superior ao consumo interno e a preços competitivos no mercado internacional. Essa conquista só foi possível graças aos ganhos de produtividade e à expansão do cultivo do milho de segunda safra, o que, por sua vez, está associado a elevados investimentos em máquinas, na adubação e correção do solo, no melhoramento genético e a adaptações dos períodos de plantio.

Para 2022, a maior oferta brasileira, que deve ser recorde, gerará bons excedentes exportáveis em um ano de restrição da oferta na Ucrânia, diante dos ataques russos e de problemas climáticos afetando a safra de importantes produtores do Hemisfério Norte. Nos Estados Unidos, principal produtor, o clima seco e quente deve prejudicar a produtividade das lavouras – por enquanto, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indica queda de 7,7% na produção em relação à safra 2021/22 (relatório de setembro).

Na Europa, a seca e o forte calor vêm sendo considerados uns dos piores das últimas décadas, resultando em reajustes negativos nas estimativas de rendimento de safras. No início de setembro, o USDA indicou que a produção europeia deve diminuir 17,2% frente à temporada anterior.

Na China, uma severa onda de calor no sudoeste do país tem atingido as lavouras de arroz e de milho. Quanto à região do Mar Negro, há estimativa de redução de 25,2% na produção deste ano. Além disso, apesar da retomada de embarques pontuais por parte da Ucrânia, dificuldades logísticas vêm limitando o escoamento de grãos.

Enquanto preocupações com a recessão mundial vinham pressionando as cotações desde meados de março, mais recentemente, fatores climáticos voltaram a elevar os preços. Vale considerar que os dados de início de setembro apontavam para um cenário de redução da relação estoque final/consumo, para 25,8%, uma das menores em nove anos-safras, e tudo indica que esta relação deve recuar ainda mais. Além disso, com restrição da oferta e de excedentes nos Estados Unidos, na Ucrânia e na Argentina, a presença brasileira nas exportações nos próximos meses será importante.

As estimativas da Conab apontam que, na temporada 2021/22, a produção brasileira de milho deve ser de 113,3 milhões de toneladas, gerando excedente de 46,5 milhões de toneladas, o segundo maior da história – abaixo apenas do de 2018/19, quando atingiu 51,3 milhões de toneladas. Para a próxima temporada, as estimativas apontam produção de 125,5 milhões de toneladas, o que geraria um excedente de aproximadamente 55 milhões de toneladas, possibilitando, portanto, que as exportações sigam crescentes.

Até o momento, o Brasil não exporta milho para os chineses, mas a China pode se tornar um importante parceiro comercial nos próximos anos, dado o recente interesse do país asiático no produto nacional. Para que as exportações ocorram, as negociações em relação a aspectos fitossanitários e regulação de eventos biotecnológicos da produção nacional devem avançar.

Segundo informações do USDA, as importações chinesas saltaram de 7,6 milhões de toneladas na safra 2019/20 para 29,5 milhões de toneladas e 23 milhões de toneladas nas duas temporadas seguintes, com perspectiva de importar 18 milhões de toneladas em 2022/23, se consolidando como o principal importador mundial nos últimos anos.

O maior excedente exportável em um período de oferta mundial enxuta ressalta o protagonismo da produção brasileira de milho, contribuindo, inclusive, para a segurança alimentar de outros países. Para a temporada 2022/23, a perspectiva inicial da Conab é de que sejam exportadas 44,5 milhões de toneladas, um recorde.

Por mais que o atual contexto internacional possa ser considerado uma oportunidade para as exportações nacionais, é necessário buscar compradores internacionais. A agroindústria brasileira consome cerca de 2/3 da produção nacional, ou seja, o excedente é expressivo, mas a capacidade de armazenagem é limitada.

Nesse contexto, compradores no mercado interno passam a competir com a demanda internacional via preços. Acompanhar de perto a paridade de exportação, a taxa de câmbio e o prêmio de exportação se tornou uma necessidade. Por sua vez, os preços domésticos, em especial na região dos portos, passam a refletir também o comportamento dos valores no mercado internacional, um ambiente muito diferente de 20 anos atrás, quando a exportação do cereal ocorria com menos intensidade.

*Pesquisador da área de milho do Cepea

Últimos comentários

Carregando o próximo artigo...
Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.