Por Clement Thibault
Nos últimos dois trimestres, nós analisamos uma série de métricas-chave do Facebook: crescimento no número de usuários, técnicas de monetização e competidores potenciais. Nossa conclusão nas duas ocasiões foi que o Facebook – a US$ 121 por ação no dia do balanço 2T16 e de US$ 130 na publicação do trimestre seguinte – era uma aposta arriscada.
No fechamento de ontem, o Facebook era negociado a US$ 130 e continua batalhando para romper esse patamar para buscar novas altas, o que confirma que não somente nós temos dúvidas sobre a capacidade do Facebook de entregar mais crescimento.
Nos posts anteriores, nós focamos especialmente nos desafios da companhia ao discutir razões para não ficarmos otimista com os preços da ação do Facebook. Neste trimestre, nós estamos invertendo nossa opinião e assumindo uma perspectiva mais otimista.
Enquanto nós continuamos a recomendar cautela na ação, listamos cinco potenciais oportunidades de crescimento que gostaríamos de ver no balanço do quatro trimestre de 2016, que será publicado hoje, que podem impulsionar a ação acima da máxima histórica de US$ 133,5 alcançada em 25 de outubro.
O Facebook publica seu balanço hoje (1/2) após o fechamento do mercado. Wall Street projeta lucro por ação (LPA) de US$ 1,34 e receita de US$ 8,4 bilhões.
1. Plataforma Facebook
A verdade sobre a rede social é que em termos de receita, o Facebook é puramente uma plataforma de anúncios e nada mais. Ele tem um único centro de receitas: empresas comprando espaço para exibir anúncios extremamente direcionados nos feeds dos usuários.
Obviamente as receitas de propagandas são compostas por dois fatores: quantidade de anúncios e receita por anúncio. A receita geralmente se inicia quando há uma interação do usuário com algum anúncio. As impressões são contabilizadas quando uma propagada é mostrada para um usuário. Se ele clica no anúncio, isso gera uma receita extra para o Facebook.
Desde que o Facebook indicou em seu último balanço que o aumento receita de anúncios estaria mais lento por causa do limite de anúncios possíveis, o principal driver de ampliação do faturamento passam a ser os anúncios em vídeos. Apesar de esse detalhamento não estar disponível, a geração global de receita do Facebook era de US$ 4,01 no último trimestre, com a receita da América do Norte em US$ 15,65, muito acima da média mundial.
2. Vídeo: o novo gerador de receita
O Facebook está aprimorando seus negócios em relação à exibição de vídeos. O Facebook Live, serviço de transmissão ao vivo, foi inaugurado em abril do ano passado. Além disso, o Facebook sabidamente está trabalhando com criadores de conteúdo para desenvolver uma remuneração compartilhada, no que parece ser uma tentativa de competição com o YouTube, do rival Google.
O Facebook Live ganhou popularidade nos últimos meses, atingindo 100 milhões de horas de vídeos assistidos todos os dias. Como o FB já iniciou a exibição de anúncios em vídeos no News Feed, outras formas de monetização como a exibição de propagandas antes e durante os vídeos seriam simples de serem implantadas.
3. Instagram
O Instagram, apesar de diferente do ecossistema tradicional do Facebook, possui monetização semelhante. Porém, enquanto o ecossistema do Facebook já atingiu seu limite no número de anúncios não relacionados a vídeos, o Instagram ainda possui espaço para crescimento em quantidade de propagandas. Dado que o Instagram é uma plataforma híbrida, incorporando fotos e vídeos, é razoável esperar que qualquer novidade no Facebook sobre otimização em anúncios será rapidamente exportada para o Instagram. Esse é um daqueles momentos em que plataforma múltipla do Facebook pode gerar bons frutos.
Outro ponto otimista, o melhor cenário para o Instagram se apoia na demográfica dos usuários. O Snapchat ameaça a dominância do Facebook entre os adolescentes e adultos jovens. De acordo com um relatório do Smart Insights, o Snapchat é a segunda rede social com maior alcance entre usuários de 16 a 24 anos baseado em métricas como tempo gasto na plataforma, mas os números dos usuários do Instagram ainda superam o do Snapchat – 600 milhões de usuários mensais e 300 milhões de usuários diariamente, comparada à metade desse número do Snapchat.
Em agosto, o Instagram apresentou o ‘Instagram Stories’, oferecendo mais uma forma casual de compartilhar eventos através de fotos, em vez das imagens bem enquadradas e artísticas que normalmente aparecem na plataforma. Ao oferecer essa alternativa, o Instagram busca se aproximar da estratégia do Snapchat: achar formas de adolescentes e jovens adultos, importante público-alvo dos anunciantes, passarem mais tempo na plataforma e não em seus competidores. Ainda é cedo para afirmar, mas é certo que para o crescimento do Facebook como um todo é preciso ter o Instagram recapturando essa importante audiência.
4. Messenger
Além do Facebook Live, em abril o FB também apresentou uma nova ferramenta no Messenger: robôs de atendimento. Eles são uma ferramenta de resposta automática dentro do Messenger capazes de lidar com questionamentos simples de usuários como entrega das notícias mais atualizadas ou até mesmo questões complicadas como pedir pizza da Domino’s. Os robôs por si só – e sua capacidade de gerar receita – podem ter um impacto importantíssimo no futuro do Facebook ao entrar ainda mais significativamente no dia a dia dos usuários.
Obviamente os bots também podem gerar uma miríade de oportunidades de negócios e gerar mais receitas para a rede social. Robôs podem aceitar pagamento de forma nativa, abandonando a necessidade de utilização de sites de terceiros e mantendo os usuários no FB enquanto as transações são efetuadas. Apesar de esses bots estarem ainda em estágio inicial de desenvolvimento, uma nova oportunidade promissora de geração de receita sem depender de anunciantes e uma pequena diversificação no faturamento pode ser importante para o Facebook avançar sobre mercados ainda não explorados.
5. Atratividade super efetiva
Somando todo o exposto acima fica bastante claro que entre as redes sociais, o Facebook com seu 1,17 bilhão de usuários ativos diariamente possui uma atratividade bastante efetiva: a maioria dos usuários está na rede, pois seus amigos também estão. Os usuários possivelmente possuem anos de interações, comentários e fotografias postadas no Facebook, que, como site líder em socialização na internet, a massa crítica de usuários e conteúdo necessários para destronar é gigantesca.
Conclusão
Os pontos acima são os pilares centrais na tese otimista para o Facebook. A geração de receita de todos os produtos do Facebook será necessária para que a companhia continue a crescer. Existem serviços adicionais que não foram mencionados, como Whatsapp e Oculus, um headset de realidade virtual adquirido em 2014 por US$ 2 bilhões, que pode estar um pouco à frente de seu tempo e a monetização ainda não são o foco.
No último trimestre, o preço por lucro do Facebook era de 62, o que consideramos muito alto. Mas essa relação caiu para 50, o que acreditamos ser um sinal positivo para investidores conservadores que ainda estejam aguardando o momento para ter Facebook em carteira. Ainda assim, nossa cautela permanece. Preferimos aguardar por mais informações e números mais promissores antes de fazer um call no cenário de longo prazo da companhia.