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Fed Agora Tenta Correr Atrás do Tempo para Não Piorar Expectativas de Inflação

Publicado 27.06.2022, 10:39
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O presidente da sucursal do Fed em St. Louis, James Bullard, afirmou, na semana passada, que eram exagerados os temores de uma recessão nos EUA, mesmo insistindo na necessidade de aumentar inicialmente a carga de juros.

Bullard, que se destacou por exigir fortes aumentos de juros para reduzir a inflação, acredita piamente que a economia dos EUA está em fase de expansão e, por isso, seria descabido ou prematuro falar em recessão.

Em um evento do UBS em Zurique, Bullard disse o seguinte:

“Os aumentos de juros vão desacelerar a economia para um ritmo mais próximo da tendência de crescimento. Não acredito que será uma desaceleração muito grande. Penso que a economia terá uma desaceleração moderada”.

Perto da Basileia, o Banco de Compensações Internacionais (BCI), amplamente conhecido como o “banco central dos bancos centrais”, não está tão otimista. Em seu relatório anual, o BCI alertou, no domingo, que as elevações de juros dos bancos centrais precisam ficar à frente da inflação para serem eficientes.

“O aumento gradual dos juros básicos a um ritmo menor do que o avanço da inflação significa incorrer em taxas reais negativas. Isso é difícil de reconciliar com a necessidade de manter os riscos de inflação em xeque. Dada a extensão da pressão inflacionária ocorrida no último ano, os juros básicos reais precisam aumentar significativamente, a fim de moderar a demanda”.

O BCI afirmou ainda: “Uma modesta desaceleração pode não ser suficiente”.

Então, quem será que está certo: Bullard ou o BCI? Há espaço para as duas visões?

Muita coisa se diz após os fatos, ao mesmo tempo em que os especialistas questionam os formuladores da política do Fed. Isso implica muita punição para a única e verdadeira fonte dessa confusão: o presidente do Fed, Jerome Powell.

Um analista de investimentos, Joachim Klement, escreveu um artigo de opinião recente no MarketWatch, com o seguinte título: “Jerome Powell é a pior autoridade do Federal Reserve que já vi em minha vida”.

Klement, um analista radicado em Londres com formação em matemática, acredita que os mercados financeiros intimidaram Powell a apertar o botão de pânico, assim como o fizeram com os “presidentes fracos” da década de 1960 e início dos anos 1970.

“Um Fed forte seria capaz de explicar isso ao público e resistir à pressão do mercado para elevar juros. Em vez disso, no mandato de Powell, novamente temos bancos centrais que deixam o rabo abanar o cachorro, ao permitir que terceiros ditem a política monetária. Ao sucumbir às expectativas dos mercados de uma rápida elevação de juros, o Fed cria a recessão que o mercado de baixa nas ações já antecipa”.

Ele quer que o Fed se concentre no núcleo da inflação, em vez das taxas gerais que abrangem os choques de oferta em energia e alimentos, os quais são pouco influenciados pelas altas de juros.

O que subjaz os comentários de Bullard e Klement é a crença de que o Fed deveria ter agido mais cedo para conter a inflação, que começou a disparar há um ano.

Mesmo observando o núcleo da inflação, há pressões de preços advindas da demanda excessiva, que poderia ter sido enfrentada com aumentos oportunos de juros.

Por que as autoridades do Fed não fizeram isso? Talvez os historiadores se incumbam de descobrir isso. Nesse ínterim, nos defrontamos com choques de oferta que exacerbaram a inflação subjacente.

Powell teve que admitir, em um depoimento ao Congresso, na semana passada, que existe o "risco" de o desemprego subir por causa dos aumentos de juros do banco central americano, apontando ainda que a desocupação encontra-se, no momento, em um "nível historicamente baixo". Pode ser que aconteça uma recessão, reconheceu.

Depois de se equivocarem com a inflação, as autoridades do Fed estão agora mudando o tom, prosseguiu Powell em seu depoimento.

“O mais importante é que não podemos falhar com isso. Realmente precisamos fazer com que a inflação volte para 2%. Queremos ver evidências de que ela, de fato, está caindo antes de declararmos qualquer tipo de vitória”.

Depois de elevar as taxas básicas de juros em 0,75% no início deste mês, a expectativa do Fed é agora realizar o mesmo aumento em julho.

Exagerado, de acordo com Klement; insuficiente, de acordo com o BCI?

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