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Fed Começa a Enxugar seu Balanço, e IPC Pode Surpreender com Alta do Petróleo

Publicado 07.06.2022, 10:23
Atualizado 22.02.2024, 11:00

Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com

Na terça-feira da semana passada, a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, confessou à CNN que “não compreendia completamente” a inflação vista no ano passado, que julgava ser transitória.

Que bom saber disso agora.

É maravilhoso ouvir que nossa Secretária do Tesouro, ex-presidente do Federal Reserve, ao se deparar com a alta dos preços após os enormes gastos governamentais e crescimento desenfreado da oferta monetária, “não compreendia completamente” que isso poderia ser problemático. Muita gente não interpretou o que aconteceu corretamente.

Mas alguém na posição dela deveria realmente se envergonhar. “Um enorme gasto governamental, financiado pela criação de dinheiro no banco central” é literalmente a receita para a inflação.

É difícil acreditar que, neste momento, os investidores ainda confiem nos bancos centrais, confiança essa que está por trás da ideia de que a inflação continuará ancorada e reverterá à média. No artigo da semana passada, mostrei o gráfico abaixo que indicava que os principais economistas esperam que a inflação revertesse à média, na faixa de 2%. Por quê? Bem, porque os consumidores têm expectativas de inflação a 2%.

E por que fizeram essa ancoragem em 2%, quando tudo está se deteriorando ao nosso redor? Bem, porque os consumidores confiam no Federal Reserve.

E por que acreditamos que os consumidores ainda confiam no Federal Reserve? Porque os investidores estão mantendo suas expectativas de inflação no longo prazo em torno de 2,5%, onde se manteve por um longo período.

TIPS 5 anos - pontos de equilíbrio
Fonte: Bloomberg

Evidentemente, a razão pela qual o preço do mercado para compensar o risco de inflação no longo prazo é baixo se deve, em parte, ao fato de que o Fed se esforçou para retirar títulos do mercado e ainda não os colocou de volta. Lembre-se de que uma das grandes razões dadas pelo Fed para comprar títulos durante crises, desde a flexibilização quantitativa original de novembro de 2008, foi o ”canal de equilíbrio do portfólio”, isto é, a ideia é que se o banco central retira os ativos seguros dos investidores, estes serão forçados a recorrer aos ativos mais arriscados. Dessa forma, eles substituíam os “espíritos animais” que supostamente estavam faltando.

Não acredito que alguém ainda acredite na falta de espíritos animais, mas tampouco vamos fingir que essas taxas de longo prazo indicam que os investidores e, sobretudo, os consumidores, que não são necessariamente iguais aos investidores, confiam na trajetória de longo prazo da inflação.

Pode ser que sim, porém essa suposição me parece um tanto quanto despropositada. E circular. De qualquer forma, não tenho certeza de que a confiança dos consumidores na forma como o barco está sendo conduzido aumente com a admissão de Yellen de que não sabia para que servia o timão.

Evidentemente, todos cometemos erros. E eu posso ter cometido um ao dizer que o IPC de março poderia ter sido o “pico da inflação”, em razão da difícil base de comparação do ano passado. O IPC será divulgado na próxima sexta-feira e ainda é possível que seu núcleo caia em bases anuais (consenso de 5,9% a partir de 6,2%), muito embora a expectativa mês a mês de 0,5% (que seria 6% anualizado) não seja exatamente tranquilizadora.

A Mediana do IPC, no entanto, muito provavelmente deve subir em relação ao ritmo atual de 5,23% a/a. E, graças à alta contínua dos preços da gasolina, também é possível que o IPC geral (Consenso: +0,7%, +8,3% a/a) possa subir e superar a máxima de 8,54% de março.

O mercado interbancário, na sexta-feira, negociava esse risco a um preço que indicava 8,48%.

Mediana do IPC segundo Fed de Cleveland
Fonte: Bloomberg

Se a taxa geral estabelecer uma nova máxima do ciclo, pode apostar que haverá uma rebelião em massa, e não acho que isso seria uma coisa boa para o mercado acionário.

Dando um passo atrás...

O balanço do Fed começou a ser oficialmente enxugado, com as notas do Tesouro começando a vencer sem que sejam substituídas por novas emissões. Mas o jogo de verdade começa com o vencimento de 15 de junho de uma velha nota de 3 anos. O Fed detém 15 bilhões de dólares dos 38 bilhões que vencem. O Tesouro, nesta semana, emitirá US$ 44 bilhões de uma nova nota de 3 anos que vence em 15 de junho. Portanto, se o Fed estivesse rolando suas posições, haveria uma oferta de compra de US$ 15 bilhões, e o Tesouro só precisaria encontrar US$ 29 bilhões de compradores não oficiais. E, com US$ 23 bilhões de outras notas em vencimento, só haveria US$ 6 bilhões de “dinheiro novo” e nenhum grande acordo. Mas, se o Fed ficar de fora, o Tesouro precisará encontrar US$ 21 bilhões de dinheiro novo.

Quando o Fed diz que permitirá o vencimento dos títulos, em vez de vendê-los a mercado, como forma de reduzir seu balanço, isso soa bastante tranquilizador e fácil. “É como ver a tinta secando”, descreveu o processo certa vez alguém que estava à frente do Fed... Acho que o nome dela era Yellen. E o vencimento dos títulos certamente não causa entusiasmo. O mais difícil seria tentar encontrar US$ 21 bilhões em novos compradores a cada duas semanas.

Eu realmente não espero ver fogos de artifício no leilão desta semana. O Fed ainda tem US$ 132 bilhões em títulos que irão vencer em junho, e só está cortando US$ 30 bilhões ao mês do portfólio, portanto suas ofertas só serão reduzidas em alguns bilhões a cada leilão.

O desafio será a constante busca por dinheiro novo. Na última vez, foi como ver as latas de tinta explodindo. Mas esse é o custo do aperto quantitativo. Se flexibilizar é bom, então apertar é ruim. Não dá para ser o contrário: se adicionar liquidez fosse bom e sua remoção não causasse impacto, teríamos uma perpétua máquina de dinheiro variando entre modos de flexibilização e aperto quantitativo. Isso obviamente não faz sentido.

Vamos esperar que os formuladores da política fiscal “compreendam isso completamente” desta vez.

***

Michael Ashton, às vezes conhecido como The Inflation Guy (O Cara da Inflação), é diretor executivo da Enduring Investments, LLC. Ele é um dos pioneiros nos mercados de inflação, com expertise em defender o patrimônio contra os ataques da inflação, sobre a qual discute em seu podcast bimestral Cents and Sensibility.

Últimos comentários

E quanto a ideia de produzir uma nota nova de 1 trilhão comemorativa para não pesar perante a títulos e tesouro foi excluída?
haja saco!!!
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