A questão central que paira sobre o Federal Reserve é se a prioridade deve ser conter a inflação ou sustentar o crescimento econômico — e possivelmente evitar uma recessão. Esse dilema se intensificou após os Estados Unidos ampliarem tarifas sobre seus principais parceiros comerciais, com destaque para a nova alíquota de 104% sobre produtos importados da China. Diversos países reagiram com medidas similares, ao mesmo tempo em que enviam representantes a Washington em busca de termos mais favoráveis. O desfecho desse impasse é incerto, mas o cenário atual já coloca o Fed em uma posição desconfortável, forçando a instituição a calibrar sua política monetária em um ambiente macroeconômico em rápida transformação.
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A pressão por cortes de juros está crescendo, refletida no rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA de 2 anos, considerado sensível à política monetária. Na terça-feira (8 de abril), a taxa caiu para 3,74%, aproximando-se dos menores níveis desde setembro. Esse rendimento já se encontra abaixo da taxa efetiva mediana dos Fed Funds, hoje em 4,33%, sinalizando que o mercado começa a precificar uma flexibilização monetária.
Os contratos futuros de juros também apontam para uma probabilidade crescente de corte na próxima reunião do FOMC, marcada para 7 de maio. Segundo dados da CME, a probabilidade implícita de redução da taxa básica está em 53%.
O entendimento predominante é que a guerra comercial global tende a frear a atividade econômica. Por outro lado, há o temor de que tarifas mais altas pressionem os preços ao consumidor, agravando a inflação. O grande desafio para o Fed é que política monetária não foi desenhada para responder de forma eficaz a um cenário de estagflação — quando o crescimento desacelera ao mesmo tempo em que os preços sobem.
Diante disso, o banco central norte-americano se vê obrigado a decidir entre priorizar o combate à inflação ou o suporte à atividade econômica.
“Eles estão em uma situação sem saída”, afirmou Laurence Meyer, ex-diretor do Fed, em reportagem publicada hoje pelo Wall Street Journal. Outro entrevistado pela publicação foi direto:
“Este governo gerou o pior choque possível para o Fed, e, neste momento, não há nada que o banco central possa fazer”, avaliou Riccardo Trezzi, ex-economista da instituição e fundador da consultoria Underlying Inflation, com sede em Genebra.
“Talvez deem sorte, escolham um dos lados do mandato, e, retrospectivamente, descubram que tomaram a decisão certa.”
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