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Finanças Comportamentais: Maior Erro dos Investidores é o Excesso de Confiança?

Publicado 27.11.2020, 19:32
Atualizado 09.07.2023, 07:32

Laureado com o Nobel de Economia em 2017 e um dos mais influentes cientistas da área de Economia/Finanças Comportamentais, Richard Thaler fez algumas declarações de extrema relevância em entrevista publicada nesta semana pela imprensa brasileira. Duas delas merecem especial destaque:

“O maior erro que os investidores cometem é o excesso de confiança.”

“Não é que as pessoas são burras. O mundo é que é duro.”

Em um mercado que movimentou no total R$ 3,3 trilhões em 2019 e no qual há cada vez mais investidores que alocam recursos em renda variável – muitos dos quais com reduzida ou nenhuma experiência prévia neste tipo de investimento – em função da taxa Selic em patamares historicamente muito baixos, torna-se ainda mais urgente debater e aprimorar o processo decisório dos investidores.

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Este tema é historicamente central em Economia e Finanças em geral e na sua vertente Comportamental em particular, área cuja proeminência e reconhecimento acadêmico e pelo mercado têm crescido de forma substancial desde que Herbert Simon foi agraciado com o Nobel de Economia em 1978 e foi sucedido por Daniel Kahneman em 2002, Robert Shiller em 2013 e o próprio Richard Thaler em 2017.

A afirmação de Thaler sobre o excesso de confiança dos investidores é respaldada por numerosos estudos científicos já publicados e é facilmente observável na prática. O viés do excesso de confiança é considerado por alguns pesquisadores respeitados o “pai de todos os vieses” em função dos seus efeitos potencialmente devastadores em âmbitos tão diversos quanto Mercado Financeiro, Empreendedorismo e Governança e pela sua relação com diversos outros vieses.

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Contudo, este viés é apenas um dentre os mais de 180 heurísticas e vieses decisórios (tais como “otimismo”, “efeito manada” e “aversão à perda”) já mapeados pela Ciência e que derivam do seminal e essencial conceito de “racionalidade limitada” que resultou no Nobel recebido por Simon em 1978. Portanto, por mais relevante que o viés do excesso de confiança seja, a notável falibilidade do processo decisório dos investidores é muito mais ampla e profunda.

Na sua segunda afirmação acima destacada, Thaler tangencia um “problema fundamental” e que já foi brilhantemente sintetizado por Kahneman da seguinte forma:

“A evolução não nos preparou para o mundo em que vivemos.”

Em outras palavras: a Biologia Evolutiva e a Neurociência já evidenciaram que o Homo Sapiens possui um cérebro incapaz de lidar plenamente com a complexidade do mundo moderno – que nós próprios criamos a partir do momento que deixamos de ser caçadores e coletores – e isto tem se agravado cada vez mais com a crescentemente acelerada evolução tecnológica.

O quê os investidores precisam fazer?

Para enfrentarem o enorme desafio de investirem de forma “racional” (ou seja, consistente com os seus objetivos, perfil e necessidades), como pesquisador, consultor e professor das áreas de Economia/Finanças Comportamentais e de Julgamento & Tomada de Decisão eu vislumbro os seguintes “componentes primordiais”:

  1. Conhecimento, sobre Economia e Finanças em geral e sobre as diversas alternativas de investimento e suas perspectivas futuras em particular. Este é o “componente primordial” mais óbvio e que usualmente é priorizado pelos investidores e demais agentes econômicos, mas nem de longe é suficiente para embasar decisões financeiras não obstante o seu papel absolutamente crítico. Também pode ser obtido por meio do assessoramento fornecido por especialistas, desde que tendo-se o cuidado de ficar atento aos conflitos de interesse, de confrontar as análises e orientações obtidas de fontes independentes entre si e de não criar dependência ou vulnerabilidade por meio do desenvolvimento de um nível de conhecimento pessoal mínimo que seja suficiente para analisar de forma crítica as informações e orientações obtidas.

  2. Autoconhecimento. Quais são as minhas reais necessidades a curto e a longo prazos e, consequentemente, quais devem ser os meus objetivos? Qual é o meu perfil, em especial em termos de valores pessoais, de inteligência e de racionalidade? Estas são as perguntas essenciais que todo investidor deveria fazer a si mesmo antes de tomar qualquer decisão relevante de investimento. Aferir os seus níveis de inteligência e de racionalidade – características que a maioria das pessoas erroneamente trata como parcial ou totalmente equivalentes mas que a Neurociência já distinguiu claramente – é possível por meio de testes específicos, mas uma autoanálise profunda e honesta pode ser um 1º passo valioso.

  3. Processo Decisório. O conhecimento e o autoconhecimento obtidos de forma contínua – pois há sempre (muito) o que aprender – devem ser aplicados de forma estruturada. A abordagem proposta por Edward Russo e Paul Schoemaker no seu aclamado livro Winning Decisions é um balizador de extrema utilidade e consiste de quatro etapas: enquadramento/perspectiva, obtenção de “inteligência”, alcance de conclusões e aprendizado com a experiência.

  4. Implementação. De nada adianta tomar decisões de forma fundamentada e estruturada se a sua implementação for um fracasso. Tanto aqui quanto no processo decisório, as heurísticas e os vieses são a maior ameaça e a racionalidade é o instrumento mais poderoso para evitar perdas. Isto inclui refrear impulsos potencialmente desastrosos diante de cenários econômicos desafiadores e de resultados desfavoráveis, como por exemplo alterar abruptamente a composição de um portfólio de investimentos.

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Nos meus próximos artigos eu me aprofundarei em vários dos conceitos fundamentais aqui expostos, facilitando e exemplificando a sua aplicação prática e também analisando a conjuntura do mercado sob a ótica de Economia/Finanças Comportamentais e de Julgamento & Tomada de Decisão.

“Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância" (Sócrates).

 * Ronaldo Deccax é D.Sc. em Administração com ênfase em Economia/Finanças Comportamentais, pesquisador e professor convidado no COPPEAD/UFRJ e consultor em Julgamento & Tomada de Decisão, Economia/Finanças Comportamentais, Negociação e Compras/Suprimentos. Ele pode ser contactado através do e-mail ronaldo.deccax@coppead.ufrj.br e no LinkedIn.

Últimos comentários

Ótimo artigo. Vou estudar sobre os vieses e processo decisório. Tenho meu perfil definido, mas, preciso melhorar o processo decisório. Obrigado Sr. Ronaldo !
Sem rumo, sem norte e sem estrela não se chega a lugar algum. Os humanos evoluidos confiaram na Astrologia, Geometria e Tarot para construir a atual civilização. Tudo é investimento. Cabe a heurística da representatividade e disponibilidade nos preparar para a evolução do mundo em que vivemos. Simples assim.
Excelente!! artigo. Para reflexões, sobre a tomada de decisões nos investimentos. Aguardo os proximos.
Nos seus componentes primordiais, pouquíssimos investidores seguem todos os 4 itens. E com os novos entrantes na bolsa, vejo que cresce o número dos que não seguem nenhum dos pontos... gostam é de investir em empresas por serem “bonitinhas” ou em alguma que o engraxate recomendou...
Ao engraxate: Schoemaker
ótimo artigo. luz na escuridão de conhecimento existente no mercado atualmente.
Excelente artigo. Essa matéria deveria estar presente no ensino médio e até mesmo ensino fundamental, a fim de preparar as próximas gerações para a realidade econômica ainda mais complexa que está por vir. Criptomoedas, blockchain, relação trabalhista e retorno financeiro nas novas profissões e modelos de negócio. Em pouco tempo teremos uma realidade muito descolada do que vivemos no último século.
Interessante analise em que eu acrescentaria o desapego a receitas supostamente infalíveis e abrir para uma visão ampla do “feeling” e não só dos acontecimentos.
concordo plenamente. Quando digo quais são minhas estratégias e objetivos, sempre tem alguém que dúvida ou questiona. Mas cada um sabe qual o melhor para si, e eu, principalmente por ser mulher, sigo meus instintos (aliados a todas as análises necessárias), e tenho tido bons resultados.
Excelente artigo
Muito bom esse ponto de vista.
Parece bem complicado. Ainda bem que soh parece. Qqr um investe em avies. Qqr um. Desde que nao faca trade nem tente adivinhar o movimento do mercado.
Diante deste cenário um pouco complexo e bastante variável. O artigo do Dr. Ronaldo cai como uma luva de objetividade para nos orientar para o caminho correto da educação finaceira.
Luis Claudio, muito obrigado pelo seu valioso feedback!O grande objetivo é exatamente este que você citou de forma totalmente pertinente: Educação Financeira.
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