Olá, tudo bem?
Você deve ter notado um aumento no índice de inadimplência em cartão de crédito no 1° trimestre de 2022 (1T22). O cenário atual de alta de juros vem tirando o sono de muitas empresas no país, principalmente quando estamos falando a respeito de instituições financeiras.
Com os recentes aumentos da taxa Selic (nossa taxa básica de juros), o crédito se torna ainda mais caro e o consumidor acaba tendo mais dificuldades em honrar com suas dívidas, o que aumenta os níveis de inadimplência.
Enquanto os grandes bancos estão conseguindo controlar os seus índices de inadimplência e reduzir a concessão neste momento, algumas fintechs mais dependentes do crédito não seguiram o mesmo ritmo de controle no primeiro trimestre deste ano.
Itaú tem menor inadimplência entre bancões
Olhando para os quatro principais bancos do país, o Itaú (SA:ITUB4) foi o que apresentou o menor aumento na inadimplência de mais de 90 dias, com elevação de apenas 10 pontos-base em relação ao trimestre anterior (4T21). Enquanto isso, Banco do Brasil (SA:BBAS3) e Santander (SA:SANB11) apresentaram alta aproximada de 20 pontos-base no período e o Bradesco (SA:BBDC4) de 40 pontos-base.
Por mais que os bancos tradicionais estejam vendo esses índices aumentarem, eles ainda permanecem em patamares considerados sustentáveis e as elevações estão acontecendo em linha, ou até mesmo abaixo das expectativas do mercado, em um momento em que existe grande preocupação em relação aos impactos nos resultados dessas instituições.
Risco de crédito pesa mais para fintechs
Mas e as fintechs e outros bancos digitais? Bom, aí a história já é um pouco diferente.
Ainda que estejam crescendo em ritmo acelerado (principalmente falando de base de clientes), grande parte dessas empresas ainda não atingiu, nem de perto, a estrutura e o nível de serviço dos bancões brasileiros – e muitas delas dificilmente vão atingir.
Quando olhamos para uma das fintechs que mais crescem no país, notamos exatamente isso. Mesmo já caminhando para alcançar a incrível marca de 60 milhões de clientes, o Nubank (SA:NUBR33) (NYSE:NU) ainda apresenta muita dificuldade em monetizar essa base e controlar os seus índices de inadimplência, que atingiram 4,2 por cento (+90 dias) no 1T22 – representando um aumento de 70 pontos-base em relação ao último trimestre de 2021.
Tanto a baixa monetização de sua base de usuários quanto a elevação de sua inadimplência podem ser explicadas pelo fato de que o Nubank ainda não possui um ecossistema tão completo de produtos e serviços ofertados aos seus clientes, se comparado a outros bancos digitais. Com isso, a dependência do crédito se torna muito maior e, pior do que isso, a companhia ainda é muito dependente do crédito sem garantias – o que pode potencializar a inadimplência e, consequentemente, os riscos do negócio.
As fintechs ainda vão se recuperar?
Enquanto não estiver oferecendo novas soluções financeiras e aumentando a carteira de crédito com garantias, dificilmente o Nubank conseguirá aumentar a sua rentabilidade e manter seus níveis de inadimplência próximos ao que vinha apresentando no início de 2021 e que se assemelhava aos níveis dos grandes bancos.
Na contramão do que o Nubank vem apresentando, está o Inter (SA:BIDI11). Ainda que também esteja enfrentando impactos da inadimplência em seus resultados, as receitas da empresa são muito menos dependentes da intermediação financeira e principalmente do crédito sem colateral (sem garantias) em relação ao banco do cartãozinho roxo.
Apesar do cenário macro desfavorável, a carteira de crédito do Inter cresceu +81 por cento no 1T22 e, atualmente, cerca de 73 por cento dela é colateralizada, ou seja, existe uma exigência de garantia pelo crédito concedido – se porventura o tomador não pagar a sua dívida (se tornando inadimplente), o Inter pode recuperar o crédito com a venda do bem colocado como garantia.
Com isso, a empresa consegue manter seu índice de inadimplência sob controle e segue sendo conservadora com relação à concessão de crédito neste momento atual. Vale ressaltar que, por conta da sua forte base no varejo, o Inter também consegue manter o seu custo de funding (quanto pagam a quem investe nos produtos do banco) baixo.
Além disso, o Inter continua oferecendo em seu ecossistema uma quantidade cada vez maior de serviços e que vêm ganhando mais relevância nas receitas da companhia – destaque para o Inter Shop (marketplace) e o Inter Invest (plataforma de investimentos) que, juntos, já representam mais de ¼ da receita de serviços da empresa.
Ou seja, com tudo isso, o Inter consegue trazer uma visibilidade de crescimento no longo prazo muito maior do que seus concorrentes diretos e também oferecer um risco muito menor.
Sabemos que os bancos digitais e fintechs tendem a sofrer mais do que os grandes bancos em cenários de alta de juros, porém é preciso identificar aquelas empresas que estão buscando uma dependência cada vez menor do crédito sem garantias e oferecendo um leque muito mais completo de produtos e serviços aos seus usuários, e o Inter definitivamente é uma delas!
Espero que este conteúdo tenha sido útil para você.
Um abraço e bons investimentos.