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Foi a Chuva ou o Macro que Derrubou o Mercado de Café?

Publicado 26.10.2015, 05:34
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A queda do PIB chinês para o menor nível (oficial) desde 2009 foi contrabalançada pela diminuição de 25 pontos básicos dos juros no país, dando fôlego para os mercados de risco durante a semana.

Na verdade o papel dos bancos centrais para a valorização das principais bolsas de ações foi preponderante como, por exemplo, a promessa de Mario Draghi (presidente do Banco Central Europeu) em prolongar e aumentar os estímulos via compra de títulos na região.

Em linhas gerais os sinais são fracos para as ações, que dependem mais de uma abundância de recursos sendo jorrados nas economias do que de fato de um crescimento sustentável de seus negócios – vide o que vimos no setor farmacêutico recentemente.

Os índices de commodities não conseguiram reagir as notícias das políticas monetárias expansionistas e cederam durante os últimos cinco dias, com destaque de queda para as matérias-primas energéticas, o café, e os metais (industriais e preciosos). Apenas os mercados de gado, milho, suco de laranja, cacau e açúcar não tiveram perdas, entre os componentes do CRB.

O contrato “C” não aguentou as notícias da chegada de chuvas no “cinturão” produtor brasileiro e derreteu para baixo de US$120.00 centavos por libra-peso, tendo os especuladores e poucas origens participado mais ativamente na venda.

É difícil segregar o movimento do café (fatores intrínsecos) do cenário macroeconômico, haja vista que a resposta do arábica teve comportamento similar de vários produtos negociados em bolsa. Claro que há o desmonte de posição de quem estava apostando no prolongamento da seca, que por ora deixa de ser uma preocupação, mas ao mesmo tempo os fundos vendidos em diversos produtos promoveram altas durante a cobertura de suas posições.

Falando disto foi curioso notar no relatório de posicionamento dos participantes, o COT, que todos os grandes “players” liquidaram suas posições, tendo os fundos diminuído ainda mais o número de contratos vendidos. Até mesmo os comerciais não incrementaram suas coberturas, seja de compras ou de vendas.

A firmeza do dólar americano é outro fator que prejudica o café, mas fundamentalmente o quadro é duvidoso, principalmente para o arábica.

Comentários sobre a renda na Colômbia e um encarecimento dos diferenciais por lá são fatores levemente positivos. A falta de chuvas na Indonésia e o atraso no Espírito Santo chamam a atenção para uma revisão do potencial produtivo desta variedade para o próximo ciclo, que bem ou mal vai respingar no primo mais rico.

A queda do terminal não estancou os negócios no físico, muito embora os compradores foram “forçados” a pagar mais para adquirir o produto – isto válido não apenas para a maior origem mas para as demais.

O contraponto são as exportações brasileiras que devem fechar outubro em 3 milhões de sacas, novamente, gerando dúvidas sobre o tamanho da safra corrente ou então do “carry-over”.

A retração dos preços listados foi violenta demais e mesmo que possa atrair mais interesse de compra dos comerciais, o mercado perdeu o momento, dado que os fundos não servem mais de argumento altista, mas sim baixista. É assim que funciona: as estratégias tem que mudar segundo os inputs que o mercado nos dá, afinal o único que sempre acerta é o mentiroso.

Não parece que os produtores brasileiros e Vietnamitas vão facilitar a vida de quem está vendido em diferencial, muito pelo contrário. O retorno tardio das precipitações certamente tem já impactou o potencial de produção do próximo ciclo, e nesta altura do campeonato é melhor segurar os cafés mais nobres que tem demanda acirrada do que entrega-los oito meses antes da safra 16/17.

Um teste das mínimas fica fácil de ser dado como palpite, tão próximas que estão, mas difícil imaginar que os fundos discricionários serão vendedores agressivos nos atuais patamares, mas os fundos de sistema podem sim tentar testar o apetite de quem naturalmente precisa comprar café.

Uma excelente semana e muito bons negócios a todos,

Rodrigo Costa

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