O Ministro Levy enfatizou anteriormente que não desejava que continuasse a ser praticada a artificialização do preço da moeda americana no nosso mercado.
Todos sabem que o preço do dólar se prestou ao longo da ultima década a ser coadjuvante a juros da taxa SELIC , por ação indutora do próprio governo, no combate as pressões inflacionárias, bastante aquecidas pelos gastos excessivos do governo, e que focada neste objetivo acabaram por desindustrializar a economia do Brasil e a permitir uma janela que ocupou 25% dos bens consumidos no país com importados.
Acobertou este relevante fato a ocorrência do “boom” das commodities puxado pela economia chinesa, levando a pauta exportadora do país ao retorno quase “colonial” e afastando-se do industrializado.
Atingido o “fundo do poço” no 1º mandato da Presidenta Dilma, mas não a tendo como única responsável, no 2º mandato surgiu a nova equipe econômica que está “buscando juntar os cacos” e reordená-los dentro de um planejamento econômico altamente corretivo do “status quo” recebido.
O câmbio passou então a ser um dos pontos chaves para “reanimar” a combalida indústria nacional, pois com preço corrigido passa a devolver a competitividade ao produto nacional no mercado externo e possibilita a retomada do mercado interno na parcela ocupada pelo produto importado. A expectativa é de que os empresários reajam intensificando os investimentos com foco na produtividade.
Evidentemente, também se presta a equalizar no todo ou pelo menos em parte o preço das commodities agrícolas e metálicas que enfrentam problemas de preços no mercado externo.
Ainda, tornam o país atraente ao capital especulativo já que eliminam o risco de flutuações bruscas que poderiam anular os ganhos.
O país devido ao seu baixo crescimento desperta baixa atratividade ao capital produtivo, porém existem inúmeras oportunidades na sua infraestrutura que podem motivar os investimentos, que devem, com o preço do dólar ajustado e foco em bases remuneratórias adequadas, atrair recursos externos.
Mas o favor é que esta apreciação intempestiva do real desalinha os propósitos do governo e os planos corretivos do governo ainda estão na fase de proposituras sendo necessário aprovar as medidas e ter maior evidência quanto aos resultados efetivos, em especial o alcance do superávit fiscal de 1,2%.
O clima após as manifestações da Standard & Poor´s e da Fitch melhorou, mas ainda há enorme ceticismo em torno das expectativas, sendo necessário mesmo que resultados sejam conhecidos para fortalecê-las favoravelmente.
Os ruídos intensos em torno da Petrobrás tiraram um pouco o foco sobre o caminhar da economia. O balanço da Petrobrás, na medida em que vão se desenvolvendo as análises, revela que existem aspectos negativos maiores do que o esperado e que ocorreu somente um alivio passageiro, com poucos analistas observando grande potencial de alta para as ações.
O Boletim FOCUS não tem sido otimista em seus mais recentes relatórios acerca da inflação para 2015, agora elevada para 8,25%, com o dólar em R$ 3,20, a SELIC em 13,25%, o PIB piorando para -1,10, a indústria retroagindo 2,50% a despeito do dólar mais elevado e déficit em cc em US$ 78,0 Bi, quando o próprio BC projeta US$ 84,0 Bi.
Como se vê as perspectivas do mercado financeiro não contém otimismos. Prevê uma alta da SELIC de 0,50% e o dólar em R$ 3,20 depende da consolidação de inúmeros fatores de forma positiva e que passa pela necessidade de uma taxa atual mais equilibrada, em torno de R$ 3,10, para prover resultados no setor externo que a permitir fechar o ano no parâmetro de R$ 3,20.
Portanto, no confronto dos fatores em torno da moeda americana no exterior, o que interessa para os americanos protelarem a elevação do juro que impactaria no seu avanço da atividade econômica beneficiando a euro zona, e os fatores “made in Brasil”, não há fundamentos que sustentem a apreciação do preço do real que está sendo registrada.
Inexistindo fundamentos críveis, nem a conjuntura indicando para esta tendência e nem as expectativas atuais a sancionando, é evidente que há algo errático.
O BC precisa ficar mais dinâmico na gestão da oferta de rolagens de contratos de swaps cambiais vincendos ou atentar se não está ocorrendo uma atipicidade forçada pelos próprios agentes do mercado focando seus interesses pontuais.
O fato é que o deslocamento do preço da moeda americana do seu ponto de equilíbrio pode anular objetivos do próprio governo e acabar impactando consequentemente nas contas externas.