Nervosismo nas bolsas de ações – hoje dominadas por sistemas de trading que são programados com algorítmos que acionam o gatilho de compra e venda baseado em diferentes dados e informações.
Na terça-feira da semana passada uma notícia curta publicada por uma agência relatando explosões na Casa Branca provocou queda de 1%, em apenas um minuto, nos índices de ações dos Estados Unidos (há sistemas de trading que “lêem” palavras chaves e automaticamente acionam ordens). Logo após, a mesma agência diz que sua conta no twitter tinha sido atacada por hackers, e desmentiu a informação fazendo com o índice recuperasse as perdas. Efeito colateral doído, principalmente para os corajosos pequenos investidores que teimam em tentar operar estes mercados no curto-prazo.
O crescimento mais baixo do PIB americano no 1º trimestre de 2013, divulgado na quinta-feira, e expectativas de que o Banco Central Europeu cortará mais sua taxa de juros, renovaram as esperanças dos mercados sobre a continuação dos programas de compras de títulos pelos governos.
Os principais índices de commodities subiram na semana, ajudados pela recuperação do complexo de energia e dos metais preciosos (que tinham caído bastante na semana anterior).
O café em Nova Iorque, destaque de alta há uma semana, acabou sendo a commodity que mais caiu em cinco dias, perdendo 6.04% ou US$ 12.24 a saca (contrato Julho).
A falha em romper os US$ 145 centavos por libra junto com a constante venda dos comerciais “alimentando” a cobertura parcial da posição vendida dos fundos, foram alguns dos motivos. Outro foi a queda mais brusca de Londres, desencadeada pelas chuvas no Vietnã. No que tange a posição dos fundos vale notar que foram liquidadas (compradas) 2.6 milhões de sacas até terça-feira passada dia 23 de abril, e o mesmo tanto foi vendido pelos comerciais, dividido entre 1.26 milhões de sacas de novas vendas ou “shorts” (origens/tradings) e 1.26 milhões de liquidação de compras (torradores/tradings se desfazendo de suas fixações). Nada muito animador para os altistas. Para piorar, o contrato de arábica perdeu US$ 4.00 centavos em um minuto negociando apenas 1500 lotes (425 mil sacas), desencorajando muitos otimistas.
Na sexta-feira a continuação da baixa pode ser parcialmente atribuída pela prorrogação da votação do aumento do preço mínimo pelo governo brasileiro, e das divulgações de que o valor de R$ 340.00 por não deve ser aprovado, e sim um algo ao redor de R$ 315.00 a saca. Vale lembrar que este aumento não significa que o governo vai comprar café, pelo menos por ora.
O mercado físico com as quedas dos dois terminais parou, e os diferenciais para praticamente todas as origens firmaram. O robusta, que tem demanda mais constante/consistente neste momento, conseguiu mostrar alguma reação nos preços futuros (bolsa) em função disto, mas nada que tenha convencido os produtores/exportadores a soltarem mais mercadoria.
Os feriados desta próxima semana no Vietnã acabam fazendo do terminal como única alternativa aos que precisam colocar compras nos livros.
Mais uma vez não custa mencionar a lucratividade que o robusta tem dado aos seus produtores em diversas regiões, prova disto é o programa de Uganda em plantar 20 milhões de pés de café com alta produtividade – parte substituindo plantas velhas, parte em novas áreas.
Eu não ficaria muito animado com um ciclo de alta se mantendo por muito tempo. Por outro lado os produtores de arábica sofrem, e ao que tudo indica devem ver mais baixas pela frente do terminal, infelizmente para aqueles que não comercializaram seus cafés.
A sazonalidade no consumo, menor durante o verão no hemisfério Norte, é outro fator que torna menos urgente as coberturas, assim como as recentes performances da bolsa. Portanto me parece que o mercado testar novas mínimas – salvo alguma notícia climática, ou de planos de retirada de café pelo governo brasileiro.
Para quem tem qualidades escassas no momento, incluindo os cafés rios, o cenário é menos caótico, mas ainda sim longe de ser o “sonho” que foram os preços de até um ano atrás.
A arbitragem LIFFE x ICE volta a ser o ponto onde o arábica pode encontrar algum suporte, que na prática poderia estreitar outros US$ 7 ou US$ 8 centavos, o que significa dizer que o “C” testaria os US$ 125.00 centavos por libra.