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Gás Natural Ficou em Alta no Verão e Entra no Inverno com Estoques Baixos nos EUA

Publicado 20.08.2021, 15:32
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Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com

  • Uma nova máxima e uma correção
  • Gás natural atingiu seu preço mais alto em agosto desde 2011
  • Maior base de preço por causa da política energética norte-americana
  • Warren Buffet viu valor em junho de 2020
  • Expectativa é de fortes movimentos no inverno – Estoques estão baixos

Quando os produtores extraem gás natural da crosta terrestre, a commodity de energia é altamente combustível. A ação dos preços no mercado futuro pode ser altamente volátil, já que o mercado possui três décadas de história de explosões e implosões de preço. Desde que o gás natural começou a ser negociado na divisão da NYMEX na CME, em 1990, sua faixa de preços variou de US$1,02 para US$15,65 por MMBtu. O gás natural superou o nível de US$10 quando furacões geraram estragos na costa do Golfo dos EUA em 2005 e 2008. O ponto de entrega na NYMEX é o Henry Hub, em Erath, Louisiana.

Enormes descobertas de quadrilhões de pés cúbicos de reservas nas regiões de xisto de Marcellus e Utica nos EUA provocaram a queda dos preços. Como a necessidade geralmente é a mãe da invenção, o lado da demanda da equação fundamental da commodity energética se adaptou. O gás natural substituiu o carvão na geração de energia nos EUA. Avanços tecnológicos permitiram que o gás natural liquefeito fosse exportado para além do sistema de tubulações. Atualmente, o GNL americano viaja por navios oceânicos até áreas do mundo onde o preço é muito maior.

No último ano, o gás natural registrou mínimas e máximas ascendentes. Na época do ano em que seu preço tradicionalmente se enfraquece, ocorreu o contrário, já que o produto atingiu seu último pico no início de agosto, a US$4,205 por MMBtu, preço mais alto desde o final de 2018. Enquanto isso, o gás natural atingiu seu preço mais elevado em agosto em uma década.

Uma nova máxima e uma correção

Depois de tocar a mínima de US$2,594 em 18 de março, o gás natural futuro para setembro registrou mínimas e máximas ascendentes, atingindo o pico a US$4,2050 por MMBtu em 4 e 5 de agosto.

Gás natural futuro

Fonte: CQG

O gráfico diário destaca a alta até o topo duplo no início de agosto, quando o gás natural futuro registrou seu maior preço desde novembro de 2018. O topo duplo deu início a uma correção que fez o preço cair até a mínima de US$3,789 em 18 de agosto, antes de repicar para mais de US$3,80 por MMBtu no fechamento de 18 de agosto. Os contratos em aberto na compra e na venda no mercado futuro do gás natural subiu junto com o preço da commodity energética, o que costuma ser uma validação técnica da tendência de alta. O declínio fez com que os indicadores de momentum de preço e força relativa ficassem abaixo das leituras neutras. A volatilidade histórica diária ficou estável a um pouco abaixo de 30%. A tendência continua altista, na medida em que o contrato futuro para setembro não desafiou o primeiro nível de suporte técnico na mínima de 7 de julho a US$3,495 por MMBtu.

Gás natural atingiu seu preço mais alto em agosto desde 2011

Embora o gás natural tenha atingido seu preço mais alto desde novembro de 2018 no início da temporada de demanda de pico, registrou sua cotação mais elevada em agosto em uma década. Após tocar a mínima de 25 anos, em junho de 2018, a commodity energética subiu até sua mais alta cotação desde 2011 em agosto.

Cotação do gás natural futuro

Fonte: CQG

O gráfico mensal mostra que a última vez em que o gás natural futuro ficou acima de US$4 por MMBtu foi em agosto de 2011.

O aumento da demanda energética em 2021, na esteira das campanhas de vacinação e flexibilização de medidas de distanciamento social, além do consumo robusto e crescente do GNL americano e temperaturas acima da média, aumentando a necessidade de refrigeração, alçaram o preço do gás natural nos últimos meses. No entanto, a mudança na política energética dos EUA acabou corroborando outros fatores altistas.

Maior base de preço por causa da política energética norte-americana

Em seu primeiro dia de mandato, o presidente americano Joe Biden cancelou o projeto do oleoduto Keystone XL. Em maio, seu governo proibiu atividades de fraturamento e perfuração para exploração de combustíveis fósseis em território federal no Alasca. O presidente mostrou-se firme em cumprir sua promessa de campanha de enfrentar a mudança climática, dando início a uma drástica alteração na política energética do país. Seu governo adotou uma trajetória mais verde para diminuir a dependência de combustíveis fósseis. O aumento da regulação e o financiamento de fontes alternativas de energia estão afetando a produção de petróleo e gás natural no país.

No entanto, os EUA ainda dependem de hidrocarbonetos para gerar energia. A maior parte da infraestrutura de transporte usa produtos petrolíferos, e o gás natural substituiu o carvão na geração de eletricidade. O lado da demanda da equação fundamental do gás natural está subindo, enquanto a oferta cai, por conta dessa mudança na política energética norte-americana. A expectativa é que os preços básicos subam no petróleo e gás, diante da redução da produção nos EUA sob o atual governo.

Warren Buffett viu valor em junho de 2020

Warren Buffett fez jus à sua fama de principal investidor de valor em junho passado. Quando o gás natural atingiu sua mínima de um quarto de século no fim de junho, sua empresa Berkshire Hathaway (NYSE:BRKa) (SA:BERK34) comprou uma transmissão de gás natural e ativos de armazenamento do produto da Dominion Energy (NYSE:D) (SA:D1OM34) ao preço extremamente baixo de U$10 bilhões. Buffett pagou US$4 bilhões em dinheiro e assumiu US$6 bilhões em dívidas. Aquisição aumentou a exposição da Berkshire à transmissão interestadual de gás natural nos EUA de 8% para 18%.

O preço do gás natural praticamente triplicou desde a mínima de junho de 2020 até a máxima mais recente. Um ano depois, o investimento de Warren Buffet se tornou ouro, já que ele comprou na mínima do mercado.

Expectativa é de fortes movimentos no inverno – Estoques estão baixos

Estamos agora nos aproximando da época do ano em que o gás natural começa a mudar para o modo de inverno, temporada de pico. O produto tende a atingir máxima durante o inverno, já que a demanda por calefação aumenta. O primeiro alvo está na máxima de novembro de 2018 a US$4,929 por MMBtu. Acima disso, temos o valor de US$6.4930 por MMBtu atingido no início de 2014.

A mudança na política energética americana está afetando a produção, enquanto a demanda por GNL está crescendo. Os dados mais recentes da agência de informações energéticas dos EUA revelam que os estoques de gás natural estão nas mínimas em comparação com os últimos anos.


Estoques semanais de gás natural

Fonte: EIA

O gráfico mostra que o gás natural armazenado nos Estados Unidos era de 2,776 trilhões de pés cúbicos para a semana encerrada em 6 de agosto. Os estoques estavam 16,5% abaixo do registrado no mesmo período de 2020 e 6% abaixo da média de cinco anos no início de agosto. A plataforma Estimize mostra que a previsão consensual é de uma injeção de apenas 24,69 bcf para a semana encerrada em 13 de agosto.

Ao final das últimas três temporadas de injeção em novembro, os estoques de gás natural eram os seguintes:

  • Em 2020, pico de 3.958 tcf;
  • Em 2019, máxima de 3.732 tcf;
  • Em 2018, pico de 3,234
  • Com base nos fluxos de armazenagem ao longo da temporada de injeção de 2021, os estoques devem entrar nos meses de inverno em seu nível mais baixo em anos, justamente quando a demanda aumenta.

Apertem os cintos, o inverno de 2021/2022 pode trazer grandes emoções no mercado futuro do gás natural.

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