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Correção do Ouro Pode Não Ter Acabado Ainda

Publicado 28.08.2020, 12:21
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Publicado originalmente em inglês em 28/08/2020

Na véspera do importante discurso de Jerome Powell sobre a nova direção da inflação nos EUA, escrevi que o mercado do ouro estava dando alguns sinais de como poderia responder ao pronunciamento do presidente do Fed.

Fiz isso porque sentia uma preocupação bastante palpável. No início do pregão asiático da quarta-feira, o preço do ouro spot registrava queda persistente de cerca de US$ 10 a US$ 15 por onça. O metal estava perdendo vigor diante da força do dólar, que repentinamente se transformou do pária que praticamente ninguém queria tocar há um mês para um “príncipe encantado”.

A derrapada de US$ 10-15 no ouro, evidentemente, é apenas um detalhe no cenário mais amplo do mercado. Mas o fato de o metal amarelo ainda estar derrapando a um pouco mais de 24 horas de um evento com claro potencial de impulsioná-lo me dizia que os maiores bancos, hedge funds e mesas operacionais tinham outros planos.

Apesar dessa fraqueza inicial, a quarta-feira produziu o maior rali diário no ouro em uma semana, permitindo que o preço spot fechasse acima de US$ 1.950 pela primeira vez desde 18 de agosto. Esse comportamento parecia indicar um reteste dos US$ 1.980 na quinta-feira que, se fosse bem-sucedido, poderia fazer o ouro retornar ao celebrado patamar de US$ 2.000 e até ir além das máximas.

Aconteceu que o ouro spot não conseguiu atingir US$ 1.980 na quinta-feira e se deteve em US$ 1.976.60. O contrato futuro mais negociado na Comex chegou a atingir uma cotação melhor de US$ 1.987. Mas, a partir daí, despencou até a região dos US$ 1930 tanto no mercado à vista quanto futuro.

Segunda armadilha de alta em 15 dias no ouro

De fato, essa foi a segunda armadilha de alta em 15 dias no ouro. E, uma vez mais, envolveu o Fed (a primeira foi em 11 de agosto, quando a ata da reunião de julho do banco central telegrafou sua intenção de rejeitar o controle das curvas de juros, acionando o gatilho das compras no dólar e das vendas no ouro).

 

XAU/USD Diário

Gráfico: cortesia de Sunil Kumar Dixit

Analisando novamente o que ocorreu na quarta-feira, percebi que estava errado ao considerar que mercado do ouro havia dados alguns sinais de última hora antes do discurso de Powell. Afirmei que o metal reagiria negativamente a uma drástica mudança na forma como o Fed passaria a interpretar a inflação para administrar melhor a economia e o emprego nos EUA no futuro.

Os sinais estavam espalhados pela mídia e nas pilhas de pesquisas divulgadas pelos bancos e principais mesas de operação vendendo a torto e a direito na semana passada a “notícia” de que Powell anunciaria uma meta de inflação média. Sem praticamente qualquer elemento de surpresa em seu discurso, o presidente do Fed seguiu o roteiro que já havia sido escrito há vários dias.

Em todo caso, ele reafirmou uma coisa que esses operadores tanto queriam ouvir: uma inequívoca promessa de comprar mais ativos. Não culpo Powell por fornecer mais ópio aos viciados em estímulos. Foi um discurso a respeito de um novo marco de política monetária, e não sua coletiva de imprensa mensal sobre juros.

Clássico “compre no boato, venda no fato”

Em relação ao ouro, o que aconteceu foi um clássico “compre no boato, venda no fato". Aliás, o S&P 500 registrou nova máxima recorde, já que as ações de repente ficaram mais atraentes com o Fed pretendendo deixar os juros perto de zero nos próximos anos.

Portanto, é realmente engraçado ver a comunidade financeira tentando explicar a loucura ocorrida no mercado na quinta-feira, ao mostrar como os rendimentos dos títulos do tesouro americano e o dólar se beneficiariam das novas metas do Fed, convenientemente deixando de fora ativos reais, como o ouro. Mais engraçado ainda é ver sua justificativa para a desvalorização do Índice Dólar em relação ao patamar de 93 no pregão asiático desta sexta em meio à corrida de alta no ouro – sim, os ativos reais estão na moda novamente!

Jeffrey Halley, um dos melhores críticos do mercado, talvez tenha expressado isso melhor. O analista sênior de mercado da OANDA na região Ásia-Pacífico disse que a meta de inflação média era basicamente "uma admissão de que a recuperação não teria a forma de V tão propalada pelos gnomos do mercado acionário”. O analista disse ainda:

“Minha expectativa é que a palavra ‘inflação' seja retorcida pelos gnomos do ‘medo de ficar de fora’ do mercado acionário em mais um sinal de alta. Inflação significa que os resultados corporativos vão subir, não é? Compre Mortimer, compre.”

O medo de ficar de fora é o que leva os investidores a assumir mais risco em diversos mercados para lucrar onde for possível.

Ed Moya, colega de Halley na OANDA de Nova York, também tinha uma observação interessante sobre como o Fed estava se tornando um Banco do Japão ao ficar inacreditavelmente "paciente" com as elevações de juros. Em suas palavras:

“Com a opção de permitir que a inflação ultrapasse a meta, o Fed está se tornando aos poucos um Banco do Japão”.

Portanto, o que esperar do ouro nessa nova era de juros perto de zero por mais tempo e da manipulação feita pelos traders dos objetivos do Fed de acordo com seus desígnios?

Perspectiva de “qualquer coisa vale”

Basicamente, trata-se de uma perspectiva de “qualquer coisa vale”. No curtíssimo prazo, minha visão é que a correção ainda não terminou, visão essa compartilhada pelo analista técnico independente Sunil Kumar Dixit. Em suas palavras:

“Para o ouro, a rejeição a US$ 1967-1970 pode atrair mais vendas, fazendo o mercado ir em direção a US$ 1.930-1.862. Mas é preciso ter em mente que haverá muitas oportunidades de compra nas áreas de suporte sempre que o metal for pressionado para baixo. A pressão pode continuar até a formação de uma mínima mais alta no tempo gráfico maior, abrindo espaço para a reversão”.

 
DXY Diário

Isso não significa que o inimigo do ouro, o dólar, esteja a salvo. O analista disse ainda:

 “Qualquer movimento de alta no Índice Dólar pode permitir um reteste da máxima de quinta-feira a 93,35, ficando a linha vermelha em 93,80. Minha expectativa é que o DX rompa a mínima de quinta a 92,35 em algum momento, caindo ainda mais até a mínima anterior a 92,11, encontrando suporte momentâneo em 91,85.”

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