Tiro pela culatra
Barbas de molho
Buscados e apreendidos, nossos parlamentares terão que votar projeto de repatriação de recursos (14h) e lei de diretrizes orçamentárias (19h).
Existe clima para isso?
Pois é, tem que existir.
O sonho seria desligar a economia até que a Lava Jato termine seus trabalhos, mas - a julgar pela extensão da quadrilha em voga - esse stop levaria muito tempo.
Ao menos fica o consolo de estarmos nos aproximando do chefe da quadrilha, seja lá quem for.
Vamos então nos contentar com uma pausa até que as coisas se resolvam.
Eu, Felipe Miranda, Joaquim Levy e os demais economistas deste Brasil devemos deixar nossas barbas de molho.
Por ora.
Bang bang
LDO 2016 a ser votada 19h significa flexibilização da meta fiscal.
Mandaram vazar na imprensa que o Governo aceita meta de superávit de 0,5% do PIB para preservar o Bolsa Família.
Engraçado como as coisas vazam na imprensa de caso pensado.
A manchete poderia ser: Governo aceita meta de 0,5% do PIB para assegurar rating soberano em nível junk.
Mas acaba sendo: "fazemos todo tipo de sacrifício pelo Bolsa Família".
Parece uma retórica astuta de Dilma.
Mas é apenas o que eu chamaria de tiro pela culatra.
My baby shot me down
O próprio Levy acha errado relacionar Bolsa Família ao superávit primário.
É o mesmo que dizer que pedaladas foram feitas para preservar conquistas sociais.
Consequência? Inflação de 10% ao ano, desemprego de 10% ao ano, juros de 15% ao ano.
Você salva o discurso demagógico às custas de arruinar a economia inteira.
Joga fora o bebê junto com a água do banho.
Isso é perigoso, o Governo devia ficar muito preocupado com suas próprias escolhas de sobrevivência.
No limite, as pessoas terão raiva do Bolsa Família, mesmo sendo ele um programa bom e barato.
Corcunda de Brasília
“Flexibilizar" meta fiscal também é engraçado.
Cabos flexíveis apresentam flexibilidade em todas suas direções radiais.
Já o superávit só se flexibiliza para baixo. Nunca para cima.
De tanto flexibilizar para baixo, para baixo, para baixo, entortamos a coluna vertebral do orçamento público.
Até chegar a hora em que não dá mais para levantar...
E a espinha quebra.
Postura ereta
Mas lembre-se: essa é a história do Governo, não a sua.
Sua história pode ser bem mais feliz, mesmo se estiver com dores momentâneas na coluna.
E aí, quer desentortar suas finanças?
A primeira providência é parar de arrumar desculpas para flexibilizar para baixo.
Em seguida, comece a produzir um superávit primário autêntico, capaz de sanar suas dívidas.
Para entender detalhadamente esse passo a passo, clique aqui e dê início imediato a sua contagem para dar a volta por cima.