A Walt Disney Company (NYSE:DIS) anunciou que fechará sua divisão focada em metaverso, como parte de um plano mais amplo de redução de pessoal que deve impactar cerca de 7000 colaboradores. O anúncio se soma a ações similares de outras grandes empresas de tecnologia, que enfrentam dificuldades para realizar suas grandes ambições no metaverso, em meio ao desinteresse dos usuários e à piora das condições macroeconômicas.
Disney demite toda a equipe de metaverso em plano de reestruturação
De acordo com uma reportagem do Wall Street Journal, publicada na segunda-feira, 27, a Disney fechará toda a divisão de metaverso, composta por cerca de 50 profissionais. A iniciativa faz parte de um plano de reestruturação que pode envolver a demissão de 7.000 colaboradores nos próximos dois meses, na tentativa de reduzir os custos operacionais em US$ 5,5 bilhões.
A divisão do metaverso foi encarregada de explorar novas maneiras de contar histórias interativas em novos formatos tecnológicos, usando a extensa biblioteca de propriedade intelectual da Disney. A unidade era dirigida por Mike White, ex-executivo de produtos de consumo da Disney, que ainda permaneceria na companhia.
A Disney fez sua primeira incursão no metaverso no início de 2022, logo após o movimento ousado do Facebook de mudar seu nome corporativo para Meta, a fim de refletir o novo foco da empresa. À época, o CEO da Disney, Bob Chapek, descreveu o metaverso como "a próxima grande fronteira para a narração de histórias".
Após mais de um ano de criação da divisão, ainda não está claro em quais experiências a equipe estava trabalhando. No entanto, a reportagem do WSJ informou que os profissionais poderiam estar trabalhando em fantasy sports, atrações de parques temáticos e outras experiências de consumo.
Mais empresas fecham divisões de metaverso por desinteresse dos usuários
Além da Disney, outras grandes empresas de tecnologia que apostaram no metaverso no ano passado, em meio a todo o frenesi com a tecnologia, estão reavaliando sua estratégia. Enquanto algumas delas pisaram no freio e interromperam o desenvolvimento do metaverso, outras resolveram acabar totalmente com suas ambições em torno da tecnologia.
Exemplo disso é a Meta, que ganhou as manchetes após sua estrondosa entrada no metaverso em 2021 e agora está revertendo os planos para focar em um novo grupo de produtos baseados em inteligência artificial gerativa, a fim de “turbinar o trabalho da empresa nessa área”, como afirmou o CEO da companhia, Mark Zuckerberg, em uma publicação no Facebook (NASDAQ:META) em 27 de fevereiro. Ele acrescentou:
“No curto prazo, vamos nos concentrar na construção de ferramentas criativas e expressivas. No longo prazo, vamos nos dedicar ao desenvolvimento de personas de IA que possam ser úteis de diferentes maneiras.”
A mudança ocorre depois que a Meta perdeu bilhões de dólares no ano passado com o metaverso. De acordo com as previsões da própria empresa, a aposta no mundo virtual custou US$ 9,4 bilhões em 2022, e o valor pode aumentar para US$ 100 bilhões em 2023.
Além disso, a principal plataforma de metaverso da Meta, a Horizon Worlds, ficou aquém das expectativas, forçando a empresa a reduzir sua ambição. Informações dão conta de que a plataforma em metaverso está repleta de defeitos e problemas, com os usuários reclamando da qualidade do mundo virtual.
Da mesma forma, a Microsoft (NASDAQ:MSFT) anunciou que não prosseguiria com a equipe Industrial Metaverse Core neste ano, um projeto que durou quatro meses e buscava incentivar o uso do metaverse em ambientes industriais. A gigante da tecnologia também demitirá todos os cerca de 100 profissionais que estavam atuando no projeto.
Outra empresa de tecnologia que entrou na mesma onda de mudança de planos e demissões foi a chinesa Tencent (OTC:TCEHY), que encerrará seu departamento XR (realidade estendida), colocando, assim, um ponto final em sua breve incursão no metaverso, de acordo com uma matéria da agência de notícias local 36KR.
Nos últimos meses, o interesse dos usuários por plataformas de metaverso também caiu bastante. De acordo com um estudo da Dune Analytics, a plataforma de metaverso Decentraland, com um valor de mercado de mais de US$ 1 bilhão, registrou apenas US$ 170.000 em vendas de LAND (terrenos) em fevereiro, em comparação com seu recorde histórico de US$ 7,7 milhões em janeiro de 2022.
Outra plataforma duramente impactada foi The Sandbox. O projeto de metaverso registrou cerca de US$ 78.000 em vendas em fevereiro, em comparação com mais de US$ 63 milhões registrados em novembro de 2021.