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Guerra e Voto

Publicado 16.04.2018, 09:02
Atualizado 10.01.2024, 08:22

As expectativas previstas para o fim de semana que passou se confirmaram, mas os mercados domésticos devem reagir mais à pesquisa Datafolha sobre a intenção de voto para as eleições deste ano do que aos bombardeios de Estados Unidos, Reino Unido e França a instalações militares na Síria. Isso porque, apesar da ameaça de caos internacional feita pelos principais aliados ao regime de Assad, os números sobre a corrida presidencial devem comprometer o apetite por risco nos ativos locais hoje, em meio ao fortalecimento da esquerda no país e ao cenário eleitoral ainda incerto.

Afinal, o levantamento mostra que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lidera em todos os três cenários em que aparece como possível candidato - mesmo após a prisão dele no último dia 7, vista como “justa” pela maioria (54%) dos eleitores ouvidos pelo Datafolha, e até de um provável impedimento da candidatura pela Lei da Ficha Limpa. A pesquisa, feita entre 11 e 13 de abril, aponta o líder petista com 31% das intenções de voto, com vitória no segundo turno também em todas as três simulações em que aparece.

Mais que isso, o Datafolha mostra que dois de cada três eleitores do ex-presidente afirmam que irão votar em quem Lula apoiar na corrida presidencial, reforçando o forte papel de cabo eleitoral do petista, caso ele fique mesmo impedido de disputar o pleito de outubro. O outro um terço diz que ainda não tem opção e prefere votar em branco ou anular o voto - aliás, o porcentual é recorde, o que expressa a rejeição da população ao atual cenário político no país.

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Ou seja, a disputa pelo espólio eleitoral de Lula segue indefinida, pois muitos ainda se mostram indecisos, esperando um posicionamento firme do ex-presidente. Por isso, Jaques Wagner e Fernando Haddad ainda aparecem fracos na disputa, assim como Manuela D’Avila e Guilherme Boulos. Sem Lula, o deputado Jair Bolsonaro (17%) aparece empatado com Marina Silva (15%), ao passo que o candidato preferido do mercado, o tucano Geraldo Alckmin segue sem decolar e já é ameaçado por outros presidenciáveis.

Mas o destaque ficou mesmo com o surgimento de um outsider. O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, recém-filiado ao PSB, pode se candidatar para o comando do Executivo e os cerca de 10% destinados a ele deixam para trás outros concorrentes, como Ciro Gomes e o próprio Alckmin. Em janeiro, o nome de Barbosa sequer aparecia na pesquisa e, por isso, não cabe comparações com os números divulgados no fim de semana. Ainda assim, percebe-se que o jurista largou em grande nível.

Ao mesmo tempo, o candidato de centro e com perfil reformista, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, tem porcentual (1%) inferior à popularidade de sua provável dupla em uma chapa de reeleição, o presidente Michel Temer. É bom lembrar que partidos e candidatos alinhados à esquerda desagradam ao mercado, ao passo que Bolsonaro teria de romper o viés ultra-direitista para cair nas graças dos investidores.

Trata-se, então, de apenas mais uma foto do momento recente da disputa pela Presidência da República e muita água ainda vai rolar por debaixo dessa ponte, mantendo a incerteza em torno das eleições presidenciais deste ano. A partir de agora, qualquer mudança mais significativa neste quadro passará a ser mais relevante para a dinâmica de preço dos ativos locais - o que não deve alterar a postura cautelosa dos mercados domésticos.

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No total, a pesquisa do Instituto Datafolha considerou 19 presidenciáveis, mas é possível que surjam alianças no meio do caminho. Uma desistência tida como certa é a do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Em meio à baixa adesão do eleitorado à candidatura, o candidato do DEM deve tentar reeleição na Casa, dando preferência à condução da pauta legislativa do governo eleito para 2019.

Além disso, segue incerto o posicionamento do PT para o pleito de outubro. O partido mantém seu principal representante como pré-candidato. Apesar de liderar a intenção de voto em todos os cenários do Datafolha, a candidatura do ex-presidente deve ser barrada pela Justiça Eleitoral entre agosto e setembro. Até lá, há quem diga que o petista pode fazer campanha mesmo de dentro da cadeia.

Além disso, há indícios de que o PT e o Palácio do Planalto poderiam se unir para barrar a prisão após condenação em segunda instância, pressionando uma revisão do entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o assunto - o que pode beneficiar Lula. Assim, ainda que não possa se lançar candidato, a busca por maneiras de soltá-lo preocupa os mercados domésticos, uma vez que se abre a possibilidade de o líder petista ser um ativo cabo eleitoral.

Ainda sobre o ex-presidente, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) marcou para quarta-feira o julgamento dos “embargos dos embargos”, no qual a defesa questiona a interpretação das leis aplicadas ao caso, mas não a pena imposta. Ainda é possível recorrer contra a condenação no STF e, antes, no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Tendo esse panorama político, os negócios locais também recebem os dados econômicos.

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O destaque desta semana fica apenas com a prévia de abril da inflação oficial (IPCA-15), que sai na sexta-feira e deve confirmar o cenário benigno dos preços ao consumidor, apesar da pressão vinda dos reajustes nos combustíveis e na conta de luz. Também são esperados os números de março sobre a arrecadação federal de impostos e sobre a geração de emprego formal no país, ambos ainda sem data confirmada.

Já nesta segunda-feira merecem atenção as divulgações do Banco Central, por volta das 8h30. O índice do BC sobre a atividade econômica (IBC-Br) deve mostrar um desempenho fraco em fevereiro, após a decepção com os números do varejo e do setor de serviços no período. Ainda assim, a expectativa é de um número ligeiramente positivo, +0,1% em relação a janeiro, amparado pelo avanço da indústria.

Na comparação anual, o IBC-Br deve subir 1%. De qualquer forma, os números tendem a confirmar uma retomada mais lenta do crescimento, o que deve levar a uma nova revisão para baixo na estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, assim como para o índice de preços ao consumidor (IPCA) na Pesquisa Focus do BC. Com crescimento mais baixo e sem pressão inflacionária, há chance de a taxa básica de juros (Selic) para 2019 também sem menor, abaixo de 8%.

No exterior, o destaque fica com o PIB da China nos três primeiros meses deste ano, a ser conhecido hoje à noite. A segunda maior economia do mundo deve mostrar um crescimento robusto no início de 2018, com expansão de 6,8% na comparação com igual período do ano passado. Juntamente com o PIB chinês, saem os dados de março da indústria, do varejo e do investimento em ativos fixos no país.

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No dia seguinte, é a vez da produção industrial norte-americana no mês passado, que deve mostrar uma desaceleração moderada, com a atividade perdendo um pouco de ritmo. Já nesta segunda-feira, será divulgado o desempenho do comércio varejista nos EUA (9h30) em março, que deve ganhar força (+0,5%), após o recuo das vendas em fevereiro.

Dados do setor imobiliário nos país também são previstos para amanhã, além do Livro Bege, na quarta-feira. A safra de balanços, com os resultados trimestrais dos bancos Goldman Sachs e Morgan Stanley (NYSE:MS), também é destaque. Por fim, na zona do euro, merece atenção apenas a leitura final de março do índice de preços ao consumidor (CPI) na região, na quarta-feira. Amanhã, sai o índice ZEW de sentimento econômico na Alemanha em abril.

Mas as atenções lá fora estão voltadas ao Oriente Médio, após a ação do Ocidente no sábado em represália a um suposto ataque químico em Douma. Para os líderes da Rússia, Vladimir Putin, e do Irã, Hasan Rowhani, os mísseis lançados sob a liderança de Washington minou a perspectiva de uma resolução pacífica da guerra na Síria. Porém, a possibilidade de uma reação bélica liderada por Moscou é baixa.

Ainda assim, os mercados internacionais adotam uma postura de esperar para ver e não se empolgam com o sinal positivo vindo dos índices futuros das bolsas de Nova York nesta manhã. A sessão na Ásia foi mista, com perdas aceleradas na China e leve alta em Tóquio, ao passo que as principais bolsas europeias abriram na linha d’água. Já o petróleo recua, ao passo que o juro projetado pelo título norte-americano de 10 anos (T-note) segue acima de 2,8%. O dólar também está estável.

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Há, portanto, um medo significativo de potencial escalada da tensão na Síria, o que não aconteceu até agora. A tentativa de rali nos mercados globais pode durar até a Rússia decidir se irá (ou não) retaliar. Assim, por ora, os EUA conseguiram atingir de maneira vitoriosa o objetivo de enfraquecer o poder bélico do regime sírio, sem gerar um problema diplomático mais grave. Mas ainda é muito cedo para afirmar que não haverá reação militar - ou mesmo que a situação esteja, de fato, resolvida...

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