Falei bastante que estava duvidando das expectativas positivas de crescimento para o 2S17 e 2018. Gato escaldado tem medo de água quente. Depois de 2 anos horrorosos e com a confiança ainda combalida eu estava sendo um cético convicto.
Aí fui investigar, ler e tentar entender. Na verdade esse é o trabalho de gestão: sempre achar que estamos errados e ir atrás dos fundamentos.
Well todos os dados tem realmente surpreendidos pela ponta positiva e isso é deveras relevante!
Veja:
Produção Industrial surpreende – Segundo o IBGE, a Produção Industrial subiu 0,8% no mês de julho, acima dos 0,4% previstos pelo mercado. Na comparação anual o indicador cresceu 2,5%, ante 1,7% esperados. O índice acumulado do ano teve alta de 0,8%. O acumulado nos últimos doze meses recuou 1,1%.
Destaque para os produtos alimentícios (2,2%), os produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,9%), os equipamentos de informática e produtos eletrônicos e ópticos (5,9%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (4,8%) e de móveis (6,0%). Na ponta negativa, a indústrias extrativas (-1,5%), perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-1,8%) e metalurgia (-2,1%).
E aí li algo que me pareceu fazer muito sentido, foi do Banco Pine (SA:PINE4). Confesso que não lembro o nome de quem escreveu isso. Leio tanta coisa. Se alguém souber me fala aí, anyway achei muito sensato:
No nosso entendimento, os saques do FGTS contam uma história apenas parcial para a trajetória do consumo. O rendimento médio do trabalhador tem crescido 7% ao ano em termos nominais desde meados de 2016, enquanto a descompressão relevante da inflação tem levado os salários reais a crescer 3% real anual. Conquanto que o desemprego siga elevado, a ocupação tem acelerado e o próprio crescimento daqueles que procuram emprego (dentro da população economicamente ativa) sugere uma maior confiança em encontrá-lo, o que ampliaria a propensão das famílias a consumir.
(…)
Para finalizar, conhecido o 1S17, o carrego estatístico para 2017 subiu para 0,5% (crescimento do ano se nada avançarmos no 2S17). Sendo assim, acreditamos que as expectativas de mercado irão convergir para o intervalo 0,5% a 1,0% para esse ano, com viés positivo para as projeções para 2018. Tudo o mais constante, nossas projeções passaram para 0,6% e 1,8% respectivamente.
E teve mais gente revisando PIB pra cima. Itaú (SA:ITUB4), Merril, entre outros. Vamos ver isso no Focus de segunda e aí começa a ficar mais fácil acreditar num PIBão da Porra pra ano que vem #OREMOS
Sustentando essa visão positiva, os últimos dados da Anafavea foram porrada!
ANFAVEA
O mês de agosto encerrou com produção de 260,35 mil veículos (entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus) um aumento de 45,7% em relação ao mesmo período de 2016 e alta de 15,4%. PORRADA! E mesmo quando tu olha o acumulado no ano o número me soa surpreendente: 25,5% de crescimento!
Ah Will mas está bem abaixo da média. WHO CARES?!?!?! Fato é que depois de 3 anos de contração, a produção voltou finalmente a melhorar. E outro dado que mostra que essa melhora tem se espalhado é a difusão por estado da nação do licenciamento de veículos leves, como mostra no gráfico abaixo:
Em suma melhorou. Bem verdade que parte relevante dessa produção foi destinada à exportação. Já que não consumimos, alguém consome! As exportações de carros saltou 61,7% ante agosto/16!! Até agora no ano um crescimento de 56,1%!!! Não por acaso a Anfavea acredita que pode bater o recorde histórico de exportações neste ano.
Outros dados interessantes:
- Produção de caminhões teve um aumento de 52%.
- Vendas do setor subiram 17,8% em agosto ante agosto/16.
- A ocupação nas montadoras teve leve aumento de 0,9% na passagem de julho para agosto.
Menos pujante foi o crescimento do segmento de caminhões que ainda acumulam queda nos licenciamentos em 2017 ante 2016 (-11%).
Avançando…
ABCR
Apesar dos dados muito fortes de produção e vendas, esses carros parecem não ter rodado muito, ao menos não nas estradas. O Índice ABCR de atividade de agosto registrou queda de 1,5% na comparação com julho já ajustado sazonalmente. O índice mede o fluxo de veículos nas estradas concedidas à iniciativa privada.
Ruim, correto? Sim e não. Por quê?
Primeiro porque foi o fluxo de veículos leves que caiu mais (1,8%), o de pesados (mais ligados a atividade econômica) teve leve retração de 0,3%.
Segundo porque quando comparamos agosto/2017 sobre agosto/2016, o índice total aumentou 2,4%, sendo que o fluxo de veículos pesados que puxou o índice, tendo subido 5,1%!
Enfim os dados que tenho postado aqui tem me convencido de que a turbina 2 está ligada e tomando mais potência e isso é uma BAITA notícia!!
Como assim turbina 2? Temos uma turbina já ligada a todo vapor empurrando a bolsa. Essa debaixo
JUROS
Tivemos 100 bps no Copom e uma sinalização de mais 75bps levando a taxa a 7,5% ao fim do ano. E ai aumenta a discussão de até onde vai o juro. Será que chega nos 7,25% de 2012?
Não por acaso tivemos uma inflexão interessante nos juros mais longos. Dá uma olhada no círculo verde limão que mostra o mergulho das taxas longas:
Luiz Eduardo Portella é sócio-gestor do Modal Asset Management fez uma lista que considero excelente para ver como o momento atual é diferente e existe espaço para ir mais:
Destaque para o fato de o atual hiato do produto chancelar a viabilidade de taxas menores. Ou seja, podemos crescer tranquilamente sem gerar inflação!
Mas aí esbarramos na sustentabilidade fiscal. Algo que comento mais abaixo, mas é fato que se fizéssemos uma reforma de previdência esse juro ia mais pra baixo ainda.
REFORMAS JÁ FEITAS
A terceira turbina está custando a pegar (turbina 1 e ligada a todo vapor = juros; turbina 2 aquecendo = atividade).
Mas ainda assim, é salutar chamar atenção para o que já foi feito. É como se a turbina 3 das reformas políticas estivesse ligada, mas com uma boa surdina. Engasga de vez em quando, mas tá indo! Veja o que já foi feito:
- PEC do teto de gastos público
- Lei de terceirização
- Renegociação de dívidas dos estados e a lei de falência dos estados
- Lei de responsabilidade das Estatais
- Mudança na política de conteúdo local para industria do petróleo
- Novo FIES que cabe no orçamento
- Reforma trabalhista que tramitou 20 anos no congresso
- programa de desestatização da Eletrobras (SA:ELET3)
- criação da Taxa de Longo Prazo (TLP) reduzindo o subsidio necessário pelo BNDES
- MP 784 que amplia os poderes regulatórios do Bacen e CVM sobre o setor financeiro
Com isso vamos chegar em 2018 saindo de uma recessão histórica que começou em 2014, com juros extremamente baixos em 7,5%? com uma inflação das mais baixas da história e com um desemprego começando a dar sinais de melhora. O que falta? Mta coisa. A Previdência seria a cereja do bolo. A reforma política algo mais que necessário. Tributária, então. Mexer nos gastos com judiciário, mas, enfim, o atual governo também tem suas inúmeras limitações. Não dá pra esperar que resolvam tudo em 2 anos.
Mas de fato as turbinas estão ligadas e funcionando. Nós os passageiros agradecemos!
Mas calma, nada de soltar foguetes! Não temos muito para comemorar, vamos seguir aqui torcendo para que esse foguete decole bem!