Impeachment. Brexit. Trump. Colombianos rejeitam acordo com as FARC. Fidel. Cunha preso. Renan réu. Lula tri-réu. Temos uma emenda constitucional que limita o gasto público. Ovo e banha de porco são saudáveis de novo…
…e aí, ao apagar das luzes, Globo anuncia que o Esquenta vai terminar.
Mas que ano, hein?
Temperatura amena
O Ibovespa tem parecido um termômetro quebrado: não anda refletindo a contento o humor do mercado com relação à nossa bolsa como um todo. O motivo é o peso das empresas ligadas ao ciclo de commodities.
Semana passada, em meio aos momentos mais agudos (até agora?) do front político, as altas protagonizadas por essas empresas se opunham ao intenso estresse a que foram submetidas as ações de companhias voltadas ao mercado doméstico.
No dia de hoje (idem ontem) o cenário é precisamente o contrário: nomes locais têm performance razoável mas, em virtude de mau humor com exportadoras, índice fica no negativo.
Coloque a mão para fora da janela: a temperatura por aqui é, de fato, mais amena.
Foco no ambiente
No front doméstico, atenções se voltam a esta quinta-feira. Meirelles confirmou que ocorrerá amanhã o anúncio de medidas de estímulo à nossa combalida economia.
Conforme antecipado, sinalização é de que não se deve esperar nada parecido com a distribuição de benesses ao empresariado vista em anos recentes. Foco deve ser, predominantemente, em medidas que visam melhorar o ambiente de negócios.
Em meio ao jogo político, imprensa dá conta que coube à equipe econômica fazer duas concessões. A primeira é a reedição do REFIS — o camarada programa de parcelamento de débitos tributários. A segunda, a liberação parcial do FGTS para pagamento de dívidas.
Sobre esta última, desnecessário dizer que já há vozes do setor imobiliário chiando. Nem era de se esperar coisa diferente.
Calmaria no topo
Lá fora, dia é de calmaria na espera por Yellen. A decisão do Fed deve sair por volta das 17 horas de Brasília. Dará tempo, portanto, de gerar barulho por aqui.
Até ontem, predominava no mercado a leitura de que o Fed está dado e precificado.
Índice Dow Jones de empresas industriais no topo do topo. Atenção para zonas de instabilidade.
Cheiro de falácia narrativa no ar: se o mercado realizar após Yellen, não faltarão vozes para dizer que era óbvio que a elevação do custo do dinheiro desafiaria os valuations da bolsa americana.
Até ontem, dessa vez era diferente.
Antes da foto
O brasileiro médio tem o péssimo hábito de só pensar no imposto de renda quando se aproxima a época da declaração de ajuste. A questão é que, quando chegar lá, já era.
Após a décima segunda badalada da noite de 31 de dezembro, estarão definidos os termos do seu encontro com o leão. Até lá, há oportunidades — totalmente lícitas, enfatizo — de ajustar a seu favor a foto que você enviará à Receita.
A Luciana está trazendo uma oportunidade interessante e de fácil implementação que não só vai diminuir o tamanho da mordida do leão, como melhora o potencial de retorno dos seus investimentos. Ganha-ganha total. Confira lá.
Lições do furacão Geddel
Deixou o governo, no começo desta tarde, o advogado José Yunes. Ocupava o cargo de assessor especial da Presidência da República, e foi mencionado nas delação de Cláudio Mello Filho (Odebrecht) como recebedor de recursos em seu escritório paulistano, em 2014, cujo beneficiário final seria o PMDB.
Dessa vez não houve defesa à permanência no governo enquanto não restassem comprovadas as acusações. À mulher de César não basta ser honesta: é preciso, também, parecê-lo.
Parece que o episódio Geddel rendeu frutos.