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Índia, Turquia, Profetas e Nuvens Pesadas

Publicado 20.08.2018, 09:13

O mercado futuro de açúcar em NY desabou esta semana fechando na sexta-feira cotado a 10.20 centavos de dólar por libra-peso para o contrato com vencimento em outubro de 2018, após ter negociado a mínima de 10.11 centavos de dólar por libra-peso. Este é o nível mais baixo dos últimos dez anos (bateu 9.84 centavos de dólar por libra-peso em junho de 2008).

Os valores em reais por tonelada, no entanto, estão longe das mínimas. Este ano mesmo, o preço de NY convertido em reais por tonelada pela taxa de câmbio fornecida pelo Banco Central bateu a mínima de R$ 870 por tonelada em 25 de abril. O fechamento de sexta, apesar de contemplar uma queda de 7.50 dólares por tonelada na semana, representava R$ 920 por tonelada.

Independentemente de o preço não ter alcançado a mínima, o fato é que, como disse um trader, que por razões óbvias prefere ficar no anonimato, “muitas usinas empurraram o problema com a barriga [fixação de preço], e se continuar assim com o Governo indiano mais criando problema do que achando solução, no ano que vem o que mais vamos ver é usina zumbi”.

Um analista de mercado, indignado com a Índia destaca que aquele país têm um preço mínimo (sempre acima do custo de produção) que deixa as usinas em apuros; têm empréstimos para as usinas, para que possam comprar o açúcar caro; tem estoques reguladores, pagos pelo contribuinte; programas de exportação com fretes grátis até o porto, subsídios diretos de exportação. E quando o preço internacional é baixo, eles têm tarifas de importação. Então eles compram enormes quantidades de açúcar para dar aos pobres. As tendências do mercado raramente chegam a todo esse sistema, o que leva a um excesso de produção”. Ninguém poderia resumir melhor.

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A fragilidade das usinas é o principal ingrediente desse banho de sangue a que estamos assistindo. Muita fixação e rolagem ainda a ser feita (Tailândia, inclusive), cenário macro conturbado em função da Turquia que gera instabilidade nos mercados emergentes, potencializa a pressão sobre as soft commodities (café, açúcar e algodão) via desvalorização das moedas dos produtores e espalha pânico pelo mundo afora. O mercado de algodão (que tem a Turquia como é um dos principais compradores dos EUA) já caiu 9% este mês. Açúcar 6% e café 5%. A vida está dura para quem mexe com as softs(desculpem o trocadilho).

E como sempre acontece em situações de mercado próximas ao pânico, surgem os profetas do apocalipse. A pérola da semana poderia ser atribuída a um deles que disse que no atual nível de mercado em NY, as usinas ainda estão ganhando dinheiro com açúcar. Mesmo as usinas mais eficientes do Centro-Sul dificilmente conseguem ter um custo de produção abaixo de R$ 42 por saca, posto usina, custo caixa apenas. Hoje isso daria aproximadamente 100 pontos acima de NY. Considerando que saíram alguns negócios essa semana a 35 de desconto, o ponto de equilíbrio está a 145 pontos distante.

As carregadas nuvens escuras que pairam sobre o mercado de açúcar terão enorme dificuldade em se dissiparem. Elas se acumularam com outras e estão se transformando numa tempestade perfeita. Fundos acumulam 150.000 contratos vendidos a descoberto, cenário macro atingindo as softs, real se desvalorizando, eleições no Brasil, atraso nas fixações dificultam a recuperação do mercado. O ambiente das soft commodities vai pesar. O mercado por quebrar os 10 centavos de dólar por libra-peso? Até pode, pois, os mercados exageram. Mas algumas coisas estão fora do lugar.

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Os spreads negociados na bolsa mostram uma curva com carregamento extremamente distorcido. Claro que conceitualmente isso ocorre quando existe a percepção de que não vai faltar o produto e os compradores adiam ao máximo suas compras fazendo com que os vendedores (que detém a mercadoria) pressionem a curva de preços, em especial aquelas com vencimento mais curto. De março de 2019 até março de 2020 a curva está mostrando um carregamento de cerca de 13%. Muito alto.

O valor justo do H9, usando o critério de carregamento de 6% trazendo de H0 para cá, está defasado em 75 pontos. O spot, ou seja, o outubro, está defasado em mais de 120 pontos. Quando usamos esse critério na loucura altista no último trimestre de 2016 a gente percebia que o mercado de açúcar em NY estava extremamente distorcido. E agora?

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