A ata da reunião do FED (Banco Central Americano) divulgada na quarta-feira dia 10 revelou que o comitê está preparado para diminuir a compra de títulos neste ano caso o mercado de trabalho continue melhorando. Verdade que os dados de desemprego nos EUA só saíram depois da última reunião, mas coincidência ou não o ouro parou de subir, e nos dois pregões seguintes tomou um tombo grande perdendo na semana 4.52%.
A confiança do consumidor americano e os números de vendas no varejo do Estados Unidos em Março caíram mais do que se imaginava, sendo que o último dado está no pior nível em nove meses. Mesmo assim o índice do S&P 500 conseguiu finalmente fazer nova alta, muito provavelmente ajudado pela notícia da semana anterior do Banco Central Japonês.
Os mercados acionários não parecem se preocupar com as ameaças Norte Coreanas, e nem com a redução da nota de risco dos papéis Chineses. Por outro lado os índices de commodities escorregaram, principalmente o SPGSCI que está nas mínimas de julho de 2012.
O café em Nova Iorque não conseguiu, mais uma vez, ficar durante muito tempo acima de US$ 140 centavos, e fechou com perdas de US$ 6.48 por saca e US$ 7.21 por saca nos contratos de maio e julho respectivamente. Londres, entretanto, reagiu bem e ganhou US$ 1.14 por saca em cinco dias, mesmo depois de testar US$ 1980 por tonelada.
O enfraquecimento do contrato “C” pode ter tido influência com o tom menos alarmante do relatório da OIC no que tange as perdas de produção da América Central em função da ferrugem. O órgão divulgou estudo que estima uma safra menor em 2.26 milhões de sacas para a região, contestado por alguns que dizem que os preços internacionais abaixo do custo de produção refletirão um trato pior do parque cafeeiro, que certamente agravará o problema.
Embora a situação seja triste para os produtores centro americanos, olhando para quadro fundamental global os participantes trabalham com um superávit do arábica dada a produção maior de Brasil, assim como outros países produtores de robusta devem ter safras grandes, leia-se Indonésia e Vietnã.
Os estoques mundiais também estão em patamares maiores do que de um ano atrás, salvo os certificados da LIFFE que tem tido uma maior demanda com a firmeza dos diferenciais vietnamitas (que reflete a postura dos produtores em manter suas ofertas firmes ainda incertos se as chuvas normalizarão).
Para registro os estoques no Japão em fevereiro estavam em 2.21 milhões de sacas, enquanto na Europa estavam em 10.22 milhões de sacas. Há um ano os números eram de 2.23 milhões e 9.43 milhões de sacas.
A Starbucks diminuiu em 10% o preço do café torrado e moído, juntando-se a outras duas torrefadoras americanas que já tinham reduzido preço este ano. Curioso que as capsulas de café premium do maior torrador do mundo aumentaram, mesmo com a queda forte do terminal no últimos 12 meses e dos diferenciais estarem em sua maioria perto das médias históricas.
No noticiário chamou atenção a compra da Douwe Egberts Master Blenders, cuja marca talvez mais conhecida seja Sara Lee, por um grupo de produtos de varejo (JAB, donos da Reckitt) que já tem duas torrefadoras americanas. A marca, que já foi forte nos Estados Unidos e hoje tem mais força na Europa e é líder no Brasil, tem um produto que na Espanha incomodou a Nespresso, e pode aumentar a competição não só nos cafés “mainstream”, mais principalmente no seguimento de especiais – afinal se há espaço para aumento de preço do café mais glamoroso no ramo...
A volatilidade da arbitragem é o que de mais interessante tem ocorrido ultimamente, já que o “C” está chato de se seguir, e em minha opinião com pouca atratividade de se operar. A operação robusta no Brasil, que dizem ter gerado prejuízo aos cofres públicos em mais de R$ 200 milhões de reais, e a firmeza dos diferenciais vietnamitas fazem do “flat-price” (LIFFE) a cobertura menos dolorosa (por ora) para a indústria. Já a demanda retraída ao arábica deixam poucas alternativas para as origens, que em qualquer subida de Nova Iorque (ICE) acabam batendo no mercado.
Até a próxima semana.