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Infidelidade financeira, danças e novelas

Publicado 06.12.2023, 06:00
Neste artigo quero dar mais um passo com vocês na análise da infidelidade financeira, um fenômeno crescente nas relações contemporâneas que permanece relativamente pouco analisado. Trata-se de um assunto que combina perspectivas da psicologia, economia comportamental e da sociologia. Nesse nosso artigo, vamos abordar não apenas o aspecto oculto das finanças nos relacionamentos, mas também as implicações emocionais.

Na era da transparência digital, a infidelidade financeira emerge como um paradoxo intrigante. Com a crescente integração das finanças pessoais e a facilidade de acesso à informação, esperar-se-ia uma maior abertura nas relações financeiras entre parceiros. No entanto, a realidade tem mostrado que estamos diante de um cenário muito diferente, onde segredos e mentiras financeiras se tornam cada vez mais comuns. Vamos tentar entender um pouco mais sobre as raízes psicológicas, econômicas e sociais da infidelidade financeira.

O que é infidelidade financeira?

No meu dia a dia, percebo que compreender as múltiplas dimensões desse fenômeno é essencial para abordar não apenas os desafios financeiros, mas também as questões emocionais e relacionais subjacentes.

A infidelidade financeira é caracterizada por ações deliberadas de um parceiro em um relacionamento no sentido de mentir, ocultar ou manipular informações sobre recursos financeiros, despesas ou dívidas. Essas ações podem variar desde pequenas omissões até grandes fraudes financeiras. As pesquisas (1) demonstram que mais de 20% dos casais costumam brigar quando há um gasto indevido por parte do outro e mais de 28% escondem algum pequeno gasto.

Podemos também afirmar que a infidelidade financeira é tão prejudicial quanto a infidelidade sexual. Algumas pesquisas (2) demonstram que 46% das pessoas entrevistadas mentem para o parceiro sobre dinheiro.

É uma questão emocional?

As motivações para a infidelidade financeira são diversas e complexas. Elas podem incluir o desejo de evitar conflitos, manter uma sensação de independência ou até mesmo proteger-se de um parceiro percebido como controlador ou abusivo. Psicologicamente, a infidelidade financeira pode gerar um ciclo vicioso de desconfiança, culpa e estresse, prejudicando significativamente a saúde mental de ambos os parceiros. É crucial entender essas motivações e seus impactos para abordar adequadamente o problema em um contexto terapêutico ou de aconselhamento.

Para Burgoyne, Reibstein, Edmunds, e Routh (3), os casais que controlam o dinheiro (receitas e despesas) de forma individualizada, sofrem um impacto negativo maior. Nesses casos, a conduta individualizada é enxergada pela outra parte do relacionamento como falta de compromisso e/ou confiança. 

É uma questão comportamental?

Do ponto de vista da economia comportamental, a infidelidade financeira pode ser vista como uma consequência de alguns vieses cognitivos, como a aversão ao risco. Indivíduos podem perceber a revelação de informações financeiras como um risco ao bem-estar do relacionamento, optando por ocultar informações como uma estratégia de “segurança”. Além disso, as relações de poder financeiro dentro de um casal podem influenciar quem controla os recursos e como eles são utilizados, afetando a autonomia e a tomada de decisão.

Acredito que a infidelidade financeira seja um reflexo das mudanças nas estruturas familiares e sociais ao longo do tempo. Com o aumento da independência financeira, especialmente entre as mulheres, as dinâmicas de poder em relacionamentos têm mudado, o que pode levar a desafios na gestão conjunta de finanças. As diferenças de gênero também são significativas, com homens e mulheres muitas vezes tendo atitudes e práticas diferentes em relação ao dinheiro, que podem contribuir para a infidelidade financeira.

Qual o caminho para a solução?

Abordar a infidelidade financeira requer uma combinação de comunicação eficaz, planejamento financeiro conjunto e, em alguns casos, aconselhamento ou terapia de casais. Decidi começar uma lista com algumas estratégias práticas para prevenir e resolver a infidelidade financeira em relacionamentos. Abaixo, eu compartilho dois itens dessa lista com vocês.

  • Comunicação Aberta e Regular: o casal precisa aprender a falar sobre dinheiro. Conversas sinceras e até bem humoradas são  fundamentais. Deve existir um lugar seguro para conversar abertamente sobre preocupações financeiras, objetivos e expectativas, sem julgamento ou crítica. Como construir esse espaço seguro para conversar sobre dinheiro? Se vocês quiserem, posso abordar isso em um outro artigo.

  • Planejamento Financeiro Conjunto: o casal precisa estabelecer metas financeiras comuns e criar um orçamento compartilhado. Isso pode ajudar muito a alinhar as expectativas financeiras. Aqui estão incluídas as grandes compras, investimentos e estratégias para economizar.

Sobre danças e novelas

Imagine se a infidelidade financeira fosse tratada como um reality show ou uma novela - com reviravoltas dramáticas, segredos revelados e, claro, uma dose saudável de humor. Por exemplo: No episódio de hoje: João escondeu a compra de um drone e Maria secretamente se inscreveu em aulas de tênis!

Brincadeiras à parte, a gestão do dinheiro em parceria não precisa ser um drama. Eu defendo muito o bom humor como instrumento eficiente na construção de espaços seguros para conversas mais leves. O “dinheiro” não precisa ser o vilão, muito menos seu parceiro ou parceira. Com bom humor, vocês podem marcar um “encontro” financeiro mensal leve, com uma boa comida e extratos bancários!

Vai por mim, precisa ser algo divertido! Vestir essas situações de formalidade não ajuda ninguém. Quem gastou menos em coisas desnecessárias pode até ganhar uma sobremesa especial! O que vocês acham?

Ao longo do tempo, aprendi que a dança das finanças a dois precisa ser divertida. Às vezes, inevitavelmente, pisamos no pé um do outro. Quando isso acontece, temos duas escolhas: reagir com irritação ou encarar com calma. Manter o bom humor e a leveza é essencial, assim como a música do respeito e o ritmo do apoio mútuo. Então, pergunto: com qual espírito vocês escolhem dançar essa dança? A escolha pode fazer toda a diferença na qualidade de vida de vocês.

Fontes:

1) Hart, J., Mosmann, C. P., & Falcke, D. (2016). Manejo do dinheiro pelo casal e infidelidade financeira. Estudos e Pesquisas em Psicologia, 16(1), 260-276.

2) National Endowment for Financial Education (2010). Financial deception with partners.

3) Burgoyne, C. B., Reibstein, J., Edmunds, A., & Routh, D. A. (2010). Marital commitment, money and marriage preparation. What changes after the wedding? Journal of Community and Applied Social Psychology, 20(5), 390-403. doi: 10.1002/casp.1045.

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