Publicado originalmente em inglês em 13/04/2021
Todos concordam que os investidores vão analisar minuciosamente os dados do índice de preços ao consumidor (IPC) divulgados nesta terça-feira pelo Departamento de Trabalho dos EUA. O ponto de discórdia entre os analistas é qual será a reação dos investidores após o fato.
O índice anual subiu 2,6%, acima da previsão consensual de uma alta de 2,5% na taxa oficial (que inclui alimentos e energia). Já o núcleo de preços avançou 0,6%, também acima do consenso de 0,5% no mês.
Um mês não define uma tendência, e o chamado efeito-base se afirmará à medida que o avanço ano a ano reflita os preços deprimidos desde o início da pandemia de Covid-19.
As autoridades do Federal Reserve já disseram várias vezes que esperam um aumento na inflação, mas consideram que será temporário e não os fará tomar uma ação. De qualquer forma, o Fed prefere o [indice de despesas com consumo pessoal como medida da inflação, que fica abaixo do IPC.
Mas os investidores mais receosos podem ter uma reação exagerada com a inflação medida pelo IPC vier muito acima do previsto. Essa reação assumiria a forma de vendas nos treasuries, elevando os rendimentos em antecipação a uma tendência de alta na inflação e uma alta precoce nas taxas de juros por parte do Fed.
Alguns analistas acreditam que a alta no IPC já esteja precificada no mercado, já que os rendimentos dos títulos referenciais de 10 anos nos EUA praticamente dobraram em determinado momento do início do ano.
Os preços aos produtores nos EUA subiram mais fortemente em março, de acordo com dados do Departamento de Trabalho, registrando alta de 4,2% no ano contra uma previsão de 3,8% e 2,8% ano a ano em fevereiro. O índice de preços ao produtor subiu 1% no mês contra a previsão de 0,5%. O rendimento dos treasuries disparou brevemente, mas logo arrefeceu.
Esses analistas que preveem uma alta da inflação podem dizer que esse aumento não ficará evidente até a divulgação dos dados de abril no próximo mês. Dois meses de fortes declínios podem parecer o início de uma tendência. Isso seria verdadeiro se os aumentos mês a mês ficarem muito acima da expectativa.
O Departamento de Tesouro agendou leilões para US$ 271 bilhões nesta semana, após interromper as emissões por duas semanas, com US$ 120 bilhões em ativos lastreados em cupons. Os leilões de segunda-feira de US$ 58 bilhões em notas de 3 anos e US$ 38 bilhões em papéis de 10 anos ocorreram sem contratempos, e estão previstos US$ 24 bilhões em títulos de 30 anos para esta terça.
As autoridades do Fed culpam o estímulo fiscal e as emissões complementares pelo que chamam de alta no prêmio a termo, responsável por elevar os yields, e não qualquer mudança nas expectativas inflacionárias ou antecipação a um aperto do banco central americano. Essa é uma das conclusões da ata da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto em meados de março, divulgada na semana passada.
O Fed de Nova York, que conduz as operações de mercado do banco central, indicou que fará “pequenos ajustes técnicos” em seus setores de compras, o que fez alguns analistas acreditarem que o Fed aumentará sua porção de títulos de 7 anos para 20 anos, a fim de compensar mudanças no peso do mercado devido à agenda cheia de emissões. Isso seria compensado por reduções na extremidade mais curta.
Os investidores vão acompanhar de perto a divulgação das compras de títulos pelo Fed nesta semana para indicações desse ajuste.