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Olá, pessoal!
Quando se fala em "investir em ações", a imagem que a maioria das pessoas tem é de gráficos coloridos, cotações subindo e descendo freneticamente além, claro, de um ambiente de alta especulação. No entanto, essa visão captura apenas a superfície. Investir em ações é, na sua essência, um ato muito mais profundo e estratégico: é escolher uma empresa para ser seu sócio. Ao comprar uma única ação de uma empresa de capital aberto, você se torna um pequeno dono daquele negócio. Com isso, o seu investimento passa a estar diretamente ligado ao sucesso (ou fracasso) daquela companhia. Não é a mesma coisa que escolher um cartão para participar de um bingo!
Essa perspectiva muda tudo. Em vez de focar apenas no preço da ação, comprando empresas baratas (e eventualmente, vendendo empresas caras), o investidor inteligente direciona sua atenção para a empresa por trás do ticker. Ele se pergunta: "Estou confortável em ser sócio deste negócio? O que ele faz? Como ele ganha dinheiro? Quais são seus valores?". Essa análise é o que separa o investidor de longo prazo do simples e mero especulador. O especulador aposta na variação do preço; o investidor aposta no valor da empresa.
OS FUNDAMENTOS DE UM INVESTIMENTO DE SUCESSO
Um bom investimento em ações enxerga a empresa muito além dos seus gráficos de preços e exige, dentre outras coisas, confiança e alinhamento. Ao escolher uma empresa para investir, é fundamental analisar os seus fundamentos. O primeiro passo é entender o modelo de negócio. A empresa vende produtos ou serviços? Qual é o seu público-alvo? O que a torna diferente em seu mercado? O poder de uma empresa de manter sua competitividade e gerar lucros sustentáveis é a força motriz que, no longo prazo, se reflete na valorização das ações. Uma empresa com uma "vantagem competitiva durável" - um produto que ninguém mais consegue replicar facilmente, uma marca forte ou uma rede de distribuição exímia - tem maior probabilidade de prosperar.
Além do modelo de negócio, a saúde financeira é crucial. O investidor deve examinar demonstrações financeiras como o balanço patrimonial, a demonstração do resultado do exercício (DRE) e o fluxo de caixa. Perguntas como "A empresa é lucrativa?", "Ela tem dívida em patamares sustentáveis?", e "O caixa gerado é suficiente para cobrir seus investimentos e pagar dividendos ou crescer em um mercado pujante?" são essenciais. Uma empresa endividada demais em um cenário de juros altos como o atual pode ter seu lucro corroído pelo custo do serviço da dívida, impactando diretamente o retorno para o acionista e tornando-a excessivamente volátil.
A FILOSOFIA E A LIDERANÇA POR TRÁS DO NEGÓCIO
A filosofia e os princípios de uma empresa são tão importantes quanto seus números. Você, como sócio, deseja que a empresa atue de forma ética e moral (não é mesmo?). Isso inclui a forma como ela trata seus funcionários, clientes e fornecedores, e seu compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade social. Aqui, é muito importante não se ater a discursos e falsas bandeiras ESG (que caíram em um lugar comum e muito raso atualmente), mas sim perceber as atitudes e práticas comprováveis de que a empresa tem a sigla ESG em seu cerne, respeitando e praticando de fato!
Empresas com uma governança corporativa sólida e líderes de confiança tendem a ser mais resilientes a crises e a construir uma reputação duradoura, o que se traduz em valor de longo prazo. Por outro lado, empresas com um histórico de escândalos ou de práticas duvidosas podem sofrer danos irreparáveis à sua marca, com consequências diretas no valor das ações.
A equipe de gestão é outro pilar fundamental. O investidor deve avaliar se os líderes da empresa são competentes, experientes e se seus interesses estão alinhados com os dos acionistas. Uma gestão que tem uma visão clara para o futuro, que é transparente com o mercado e que aloca o capital de forma inteligente é um ativo inestimável. Em muitas ocasiões, investidores compram ações não apenas pelo produto ou serviço, mas pela confiança que depositam nos gestores.
O PODER DA PACIÊNCIA E DO LONGO PRAZO
Comprar uma ação com a mentalidade de sócio exige paciência. Ao se concentrar nos fundamentos, você se blinda contra o ruído do mercado e as flutuações diárias que podem causar pânico. Você compreende que o mercado de ações é volátil no curto prazo (e muitas vezes irracionalmente volátil devido a vieses comportamentais), mas no longo prazo, ele tende fortemente a refletir o crescimento e a lucratividade das empresas. Como dizia Benjamin Graham, o pai do value investing, no curto prazo, o mercado é uma "máquina de votar" (onde a emoção e o sentimento prevalecem), mas no longo prazo, ele é uma "máquina de pesar" (onde o valor real da empresa se impõe).
Em última análise, investir em ações é se envolver em uma jornada com as empresas que você admira e nas quais você acredita. É um convite para participar dos desafios que o mercado impõe, colhendo os frutos que a empresa gerar - sejam eles bons ou ruins, daí a importância de se estar alinhado ao negócio e à forma de gestão da companhia. Essa abordagem transforma o investidor de um mero apostador (i.e., que escolhe um cartão de bingo) em um parceiro estratégico que toma decisões ponderadas e constrói riqueza de forma sólida e sustentável ao longo do tempo. É uma forma poderosa de fazer seu dinheiro trabalhar para você, porque você escolheu bem seus negócios e seus gestores.
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* Carlos Heitor Campani é PhD em Finanças, Certificado pelo CNPI e Pesquisador da ENS – Escola de Negócios e Seguros. Além disso, ele é Diretor Acadêmico da iluminus – Academia de Finanças e Sócio-Fundador da CHC Finance e da Four Capital. Campani pode ser encontrado em www.carlosheitorcampani.com e nas redes sociais: @carlosheitorcampani. Esta coluna sai a cada duas semanas, sempre na quinta-feira.