Investir em ouro é uma boa para o investidor comum (ou só para os tubarões)?

Publicado 06.10.2025, 16:41
Atualizado 06.10.2025, 16:41

Da Moeda Universal ao Refúgio Moderno

 
O ouro mantém seu papel como reserva de valor desde as civilizações antigas. No século XIX, o padrão-ouro consolidou o metal precioso como base monetária internacional, facilitando o comércio global e oferecendo estabilidade até a Primeira Guerra Mundial. Ainda hoje, essa herança histórica fortalece a confiança no ouro como ativo fundamental.

A Transformação em Ativo de Investimento

 
Após séculos de protagonismo monetário, o padrão-ouro sofreu seu ponto de inflexão em 1971, quando o então presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, pôs fim à paridade entre o dólar e o ouro. Esse movimento histórico, conhecido como o “Choque de Nixon”, encerrou definitivamente a conversibilidade do dólar em ouro, rompendo o elo das moedas com o metal e inaugurando a era das moedas fiduciárias flutuantes. 
 
Como consequência, cresceu significativamente a volatilidade cambial, levando ao desenvolvimento e à sofisticação dos mercados de derivativos financeiros para proteção de ativos e gestão de riscos diante das novas incertezas cambiais.
 
Será que esse período de mais de 50 anos estaria chegando ao fim? Será que estamos voltando a um momento em que as moedas dos países estarão com seu valor atrelado a esse metal milenar mais uma vez?

Recordes e Impulsionadores

 
O ano de 2025 é histórico: o ouro bateu US$ 3.970,06 por onça-troy e teve alta de 50,84% no ano. A cotação em reais chegou a R$ 680,43 por grama. Esse movimento resulta de diversos fatores: expectativa de cortes de juros nos EUA (em detrimento do controle da inflação), instabilidade geopolítica, conflitos regionais e desvalorização do dólar. Especialistas projetam que, até o fim de 2025, as cotações devem oscilar entre US$ 3.315 e US$ 4.351, podendo ultrapassar US$ 4.000 em 2026.

Bancos Centrais e a Nova Era do Ouro

 
O ouro se tornou o segundo maior ativo em reservas globais, superando o euro e atingindo 19% do total ao final de 2024. A tendência de desdolarização se intensifica: em 2015, o dólar representava 58% das reservas mundiais, hoje, apenas 43%. 
 
As compras dos bancos centrais foram recordes, superando 3.500 toneladas entre 2022 e 2024, com previsão de 1.000 toneladas adicionais em 2025. Países emergentes e membros do BRICS aceleram a diversificação de suas reservas neste metal precioso, fortalecendo a posição do ouro nos seus balanços.
 
Se os bancos centrais (os maiores tubarões dos mercados) estão comprando… não deve ser uma estratégia ruim.

Demanda Cultural: China e Índia

 
A demanda por joias, por sua vez, responde pela maior fatia do consumo global. China e Índia juntas concentram 75% desta demanda. Em 2023, a China consumiu 630 toneladas em joias, número crescente ano após ano. Na Índia, festivais como Diwali e tradições de casamento mantêm a busca aquecida, embora os preços mais altos possam moderar as compras.
 
O significado cultural do ouro nesses países segue movendo o mercado internacional.

Oferta Restrita e Desafios Ambientais

 
A produção mundial de ouro é limitada a cerca de 3.000 toneladas anuais. O desenvolvimento de novas minas é demorado (10-15 anos) e caro, e as grandes jazidas já foram descobertas, tornando a reciclagem cada vez mais relevante. Pressões ambientais e regulamentações mais rígidas dificultam a expansão da produção, especialmente no Brasil, onde falhas na fiscalização aumentam riscos e perdas.

Mineradoras: Rentabilidade de Destaque

 
Em 2025, ações de mineradoras de ouro apresentaram retornos superiores a 90%, liderando as bolsas globais. Alguns ETF’s do setor acumulam alta de 125% no ano, e analistas veem espaço para valorização adicional, já que muitos ativos ainda negociam a múltiplos considerados baixos. O fenômeno da compressão dos múltiplos — lucros crescendo mais rápido que a valorização das ações — sugere oportunidade de convergência entre preço e fundamentos.

Proteção e Estabilidade em Tempos Incertos

 
Em meio a tensões geopolíticas, incertezas fiscais e políticas monetárias voláteis, o ouro reafirma seu papel como ativo de proteção. Conflitos como na Ucrânia e Oriente Médio, combinado à busca por redução da exposição ao dólar, favorecem o fortalecimento do metal como alternativa sólida. O ouro permanece como pilar de estabilidade, reserva tangível e escassa, independente de governos, protegendo investidores diante das transformações globais.

Ceticismo Recente e Mudança de Perspectiva

 
Até pouco tempo, muitos profissionais do mercado financeiro eram céticos em relação ao potencial de valorização do ouro. Argumentavam que, ao contrário de empresas e ações, o ouro não gera fluxo de caixa e seria apenas uma commodity, limitada em seu crescimento. No entanto, parece que faltou considerar o contexto histórico mais amplo: a resiliência do ouro frente a crises e sua capacidade de preservar valor ao longo dos séculos continuam a se mostrar relevantes no cenário atual.
 
Disclaimer: Este conteúdo tem caráter exclusivamente informativo e educacional. Não constitui recomendação para compra, venda ou manutenção de qualquer ativo financeiro. Investimentos envolvem riscos e retornos passados não garantem resultados futuros. Consulte sempre um profissional qualificado antes de tomar sua decisão.

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