Bitcoin dispara acima de US$ 116 mil após discurso de Powell e ganha fôlego
O discurso de Jerome Powell em Jackson Hole, nesta sexta-feira (22), marcou um dos momentos mais aguardados pelos mercados em 2025. Com a economia americana em transição, o presidente do Federal Reserve trouxe sinais claros de mudança na condução da política monetária, e mostrou estar alinhado com a política de Trump.
Principais pontos do discurso de Powell
1. Mudança no balanço de riscos
- Powell destacou que, embora a inflação ainda esteja acima da meta de 2%, os riscos para o mercado de trabalho cresceram de forma significativa.
- Essa mudança na análise implica maior disposição do FED em flexibilizar juros caso a desaceleração do emprego se confirme.
2. Fim da estratégia de “average inflation targeting”
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O banco central abandonou formalmente a ideia de permitir que a inflação ficasse acima da meta para compensar períodos de inflação baixa.
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O retorno a um regime mais tradicional de metas simétricas devolve previsibilidade à política monetária.
3. Independência do FED reafirmada
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Apesar da pressão da Casa Branca por cortes agressivos de juros, Powell reforçou que decisões serão baseadas em dados econômicos.
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A aproximação entre o diagnóstico do FED e os interesses políticos é circunstancial, não resultado de alinhamento.
Impactos esperados
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Mercados financeiros: a sinalização de cortes abriu espaço para queda do dólar, valorização das bolsas e movimento de queda nos rendimentos dos Treasuries.
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Expectativas de juros: investidores passaram a precificar com maior probabilidade o início de cortes já em setembro.
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Economia real: se confirmados, cortes de juros devem aliviar o custo de crédito para famílias e empresas, reduzindo o risco de uma desaceleração mais severa no mercado de trabalho.
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Cenário global: a flexibilização do FED tende a repercutir em moedas emergentes, ampliando o fluxo de capitais para fora do dólar e pressionando bancos centrais a reavaliar suas próprias estratégias.
Impactos para o Brasil
Fluxo de capitais e câmbio
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Se o FED cortar juros, o diferencial de taxa entre Brasil e EUA aumenta, tornando os ativos brasileiros mais atrativos.
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Isso tende a gerar entrada de capital estrangeiro, valorizando o real e reduzindo a pressão sobre o câmbio.
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Um real mais forte ajuda no combate à inflação via importados mais baratos.
Política monetária do Banco Central
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Com juros mais baixos nos EUA, o Banco Central do Brasil ganha mais espaço para acelerar cortes na Selic, já que o risco de fuga de capitais diminui.
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Isso pode reforçar o ciclo de queda de juros por aqui, estimulando crédito e atividade econômica.
Mercado de commodities
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A expectativa de juros menores nos EUA geralmente enfraquece o dólar globalmente, o que costuma sustentar a valorização de commodities.
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Como o Brasil é exportador (soja, petróleo, minério de ferro), isso beneficia a balança comercial e a arrecadação fiscal.
Mercado financeiro brasileiro
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A sinalização do FED deve trazer alívio na curva de juros futuros no Brasil, impulsionando bolsas e ativos de renda fixa.
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Empresas com forte dependência de financiamento em dólar podem se beneficiar com a queda do custo de capital externo.
O discurso de Powell sinaliza que o ciclo de juros elevados nos EUA está chegando ao limite. O FED passa a equilibrar de forma mais explícita inflação e emprego, dando início a uma fase de política monetária menos restritiva. Para os mercados, a mensagem foi clara: a trajetória de juros deve mudar de direção em breve.