Dólar tem 4ª queda consecutiva e volta a ser cotado abaixo dos R$5,40
Nesta sexta-feira (22), todos os olhos estarão voltados para Jackson Hole, o simpósio anual que reúne banqueiros centrais, economistas e investidores globais. O grande destaque será o discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), que deve dar pistas sobre o futuro da política monetária nos Estados Unidos.
O evento acontece em um momento crítico:
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A inflação americana não segue mais caindo de forma contínua, ela se estabilizou em torno de 2,7% ao ano, mas o core CPI continua pressionado e subiu para 3,1%, impulsionado por serviços. Isso mostra que o controle dos preços ainda está incompleto.
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O mercado de trabalho segue resiliente, sustentando a economia, mas com sinais de desaceleração em setores específicos.
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Segundo o CME FedWatch Tool, os investidores já precificam mais de 80% de chance de corte em setembro. Isso significa que, se Powell adotar um tom mais hawkish (cauteloso), pode frustrar apostas e gerar volatilidade imediata nos mercados.
Fonte: CME FedWatch
O que Powell pode sinalizar?
Aqui entram os dois cenários que os investidores mais analisam:
1. Tom dovish (expansionista/flexível)
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O que significa: Se Powell reconhecesse que a inflação ainda não está totalmente na meta, mas reforçasse sinais de que o processo de desinflação segue ativo e “sob controle”, mencionando também riscos de enfraquecimento no mercado de trabalho ou no crédito, isso seria interpretado como um tom dovish.
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Como identificar: Palavras como “risks to growth”, “softening labor market”, ou frases que indicam “confiança no processo de desinflação”.
Impacto esperado:
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O mercado entende que cortes de juros podem acontecer mais cedo, mesmo que de forma gradual.
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Ações e commodities tendem a subir, já que crédito mais barato estimula consumo e investimento.
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O dólar perde força, favorecendo exportações americanas e moedas emergentes, como o real e o peso mexicano.
2. Tom hawkish (duro/restritivo)
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O que significa: Se Powell reforçasse que a inflação ainda está acima da meta e que é cedo para cortar juros, mostrando disposição em manter a taxa alta por mais tempo, mesmo que isso pese sobre a atividade econômica, isso seria interpretado como um tom hawkish.
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Como identificar: Termos como “persistent inflation”, “higher for longer”, ou declarações de que é “prematuro falar em cortes”.
Impacto esperado:
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O mercado entende que os cortes virão mais tarde, talvez só no fim do ano.
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A renda fixa americana fica mais atrativa, puxando recursos para Treasuries.
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O dólar se fortalece, pressionando bolsas globais e moedas emergentes.
Hoje, a taxa de juros dos EUA está no intervalo de 5,25% a 5,50%, o maior em 23 anos.
Fonte: FRED
O que está em jogo para os investidores?
O discurso de Powell pode ser o divisor de águas para os próximos meses:
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Se for dovish: índices americanos, commodities e moedas emergentes ganham espaço.
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Se for hawkish: renda fixa e dólar devem se valorizar, enquanto bolsas podem perder força.
Em resumo: Jackson Hole não será apenas mais uma reunião acadêmica. Será o palco onde Powell poderá confirmar se os cortes estão próximos ou se a cautela ainda prevalece. Para o investidor, entender o tom do discurso é essencial para escolher entre aproveitar a renda variável ou proteger-se na renda fixa e no dólar.
Embora o cenário base aponte para estabilidade, não se pode descartar uma correção de 5% a 10% no curto prazo, movimento que faria parte de uma dinâmica saudável após a forte valorização recente.
Fonte: XTB App
E você, como enxerga esse risco? Considera uma oportunidade de compra ou um alerta de cautela? Deixe sua visão nos comentários.