Passadas as decisões, vem a realidade.
Nos EUA, a decisão do Fed em manter os juros inalterados em linha com as expectativas do mercado demonstra que a autoridade monetária continua presa em duas armadilhas, a do fim da curva de Phillips e de liquidez.
Nas projecoes do Fed, o dotplot (gráfico de pontos) encerra quaisquer possibilidades de movimentações de juros em 2020, transferindo a retomada do ciclo a partir de 2021, ou seja, o comitê está se isentando da eleição americana.
Enquanto isso, o que seria um programa emergencial, para cumprir com algumas demandas tributárias está se convertendo em um programa de alívio quantitativo, disfarçado de recompra pontual de ativos.
O Repo deveria ter se encerrado há dois meses, porém o volume operado começa a superar os alívios quantitativos - QE (Quantitative Easing).
Eis que, como na Europa, os EUA se afundam novamente na armadilha pesada de liquidez e somente o fim da guerra comercial e um ciclo conciso de retomada da atividade econômica abre espaço para nova redução do balance sheet. Resumindo, nada disso consegue ocorrer este ano.
No Brasil, o COPOM cortou e deixou a porta entreaberta. Tranquilamente, isto também dá abertura às leituras mais diversas sobre os próximos movimentos de política monetária, podendo inclusive animar os dovish, que podem ler ali o que lhes melhor convir, como um ciclo robusto.
A realidade, porém, é de que a inédita taxa nominal está em um ponto altamente estimulativo, conforme citado pelo BC em “o atual grau de estímulo monetário, que atua com defasagens sobre a economia, em um contexto de transformações na intermediação financeira, aumenta a incerteza sobre os canais de transmissão e pode elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária”.
Além disso, o ineditismo tanto da taxa nominal, quanto da inflação, repetimos, demanda ajustes finos, quase de azimute, na condução da política monetária.
A inflação de curto prazo em si não é um sinal preocupante, dado seu caráter transitório, porém ela demonstra que está viva e confluente com sua tradicional estrutura, respondendo com velocidade à uma série de eventos conjunturais.
Em resumo, o Brasil mudou, os níveis dos indicadores mudaram, porém estruturalmente, a inflação só deixou de ter o componente fiscal pressionado, o restante está vivo e ativo. O BC excluiu o termo da “consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva” e repetiu a cautela.
Por este prisma, não descartamos um possível corte de 25 bp, porém ao observar pelo espectro da defasagem de efeitos de política monetária e menções à melhora expressiva da atividade, repetimos, deixou-se uma pequena “fresta” para o afrouxamento, mas não a porta aberta.
A manutenção tem mais força, na nossa opinião.
Atenção hoje à reunião do Banco Central Europeu (BCE), a primeira com LaGarde e com possíveis mudanças em meio ao que foi adotado até recentemente, principalmente no que cerne à liquidez.
ABERTURA DE MERCADOS
A abertura na Europa é positiva na sua maioria e os futuros NY abrem em alta, em reação ao FOMC.
Na Ásia, fechamento misto, também pelo Fed.
O dólar opera em alta contra a maioria das divisas, enquanto os Treasuries operam negativos até os 3 anos de vencimento.
Entre as commodities metálicas, altas, exceção ao cobre.
O petróleo abre em alta, com a OPEP revendo as previsões de déficit de oferta.
O índice VIX de volatilidade abre em baixa de -0,33%.
CÂMBIO
Dólar à vista : R$ 4,1181 / -0,68 %
Euro / Dólar : US$ 1,11 / 0,000%
Dólar / Yen : ¥ 108,67 / -0,110%
Libra / Dólar : US$ 1,32 / -0,053%
Dólar Fut. (1 m) : 4132,71 / -0,34 %
JUROS FUTUROS (DI)
DI - Julho 20: 4,38 % aa (-0,12%)
DI - Janeiro 21: 4,62 % aa (0,00%)
DI - Janeiro 23: 5,74 % aa (0,17%)
DI - Janeiro 25: 6,35 % aa (0,00%)
BOLSAS DE VALORES
FECHAMENTO
Ibovespa: 0,2638% / 110.964 pontos
Dow Jones: 0,1061% / 27.911 pontos
Nasdaq: 0,4395% / 8.654 pontos
Nikkei: 0,14% / 23.425 pontos
Hang Seng: 1,31% / 26.994 pontos
ASX 200: -0,65% / 6.709 pontos
ABERTURA
DAX: 0,302% / 13186,42 pontos
CAC 40: 0,268% / 5876,58 pontos
FTSE: 0,629% / 7261,67 pontos
Ibov. Fut.: 0,32% / 111055,00 pontos
S&P Fut.: 0,115% / 3146,70 pontos
Nasdaq Fut.: 0,268% / 8425,50 pontos
COMMODITIES
Índice Bloomberg: 0,34% / 78,60 ptos
Petróleo WTI: 0,63% / $59,12
Petróleo Brent:0,66% / $64,19
Ouro: -0,08% / $1.473,51
Minério de Ferro: 0,76% / $92,05
Soja: -0,72% / $15,14
Milho: 0,14% / $358,25
Café: 1,36% / $133,85
Açúcar: -0,37% / $13,36