Enfim!
Os que tiveram a paciência de me acompanhar ao longo dos últimos meses hão de lembrar das diversas ocasiões em que demonstrei meu desconforto com o descaso dos mercados, nos últimos meses, com relação ao cenário europeu.
Parece que hoje, enfim, a conta chegou: em um dia de noticiário econômico fraco do lado de cá do Atlântico, atenções se concentram no ambiente político do Velho Continente. Mais especificamente… França.
François Fillon, um dos principais contendores à presidência e cuja campanha tem enfrentado turbulências, anunciou uma coletiva de imprensa surpresa nesta tarde. Pairam preocupações sobre a possibilidade de sair da disputa, o que poderia ampliar as chances de Marine Le Pen chegar, enfim, ao Palácio do Eliseu.
O que tem isso? Le Pen é crítica feroz do euro e da União Européia como vemos hoje.
Medo do desconhecido
Bolsas em baixa mundo afora. Diante do desconhecido, investidores correm para renda fixa e ouro.
Como certa vez disse meu caro Max Bohm, “mercado gosta é de estabilidade”. Quando a leitura da conjuntura fica embaçada, apetite por risco cai.
Tudo reflete aqui, com bolsa predominantemente no vermelho. Merece destaque o fato de a aversão não repercutir na renda fixa: juros têm redução moderada ao longo de toda a curva.
O tijolinho que faltava
Em Brasília, 25 graus e alguma nebulosidade. Congresso voltando ainda não édriver para nós.
São aguardadas para hoje novas regras para o Minha Casa Minha Vida. Embora isso já circule há dias, iminência do anúncio é o tijolinho que faltava na construção dos comprados no setor.
No front político, principal tema é a sucessão de Teori no STF. No econômico, o aceno de novas medidas microeconômicas nos próximos dias.
Meirelles já adiantou: vem aí simplificação no pagamento de tributos. Já era em tempo… ao menos, dessa vez, não me parece que haverá frustração por não se tratar de distribuição de bondades a amigos do rei.
Povo marcado, povo feliz
Por falar em amigos do rei, fala-se que MPF constituirá força-tarefa para fazer pente-fino no BNDES.
Mal posso esperar pelo que encontrarão por lá… após anos a fio nós, que fazemos parte dessa massa que passa nos projetos do futuro, enfim saberemos para onde foi tudo que demos para tão pouco receber em troca.
O mercado sabe muito bem do que fugir nessas horas. Depois, todos dirão que era óbvio.
Enquanto isso, com alguma discrição, BNDES começa a mexer em suas participações. Em alguns casos é pura e simplesmente desova de porcarias. Em outros, saída pode criar oportunidades. Vamos acompanhar.
Mercado em 140 caracteres
Até o momento do fechamento desta edição, Trump ainda não havia provocado nenhuma guinada no intraday com provocações de 140 caracteres.
As oscilações de curto prazo do mercado americano têm sido mais intensas que o habitual desde a assunção do novo POTUS. Já há quem esteja fazendo estatísticas sobre os horários nos quais Donald twitta com mais frequência, e testando algoritmos para fazer operações de curto prazo em cima disso.
Eu sempre achei que a integração do Twitter com a Bloomberg era uma imensa bobagem. O tempo se encarregou de mostrar que estava errado.
Desnecessário dizer que nada disso é saudável, não é mesmo?