Dólar recua mais de 1% após Powell abrir porta para corte de juros pelo Fed
Por Patricia Vilas Boas
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa subia nesta sexta-feira, com a agenda doméstica esvaziada direcionando o foco dos investidores para o cenário externo, que acompanhavam o aguardado discurso do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole.
Por volta de 11h03, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, avançava 0,79%, a 135.566,79 pontos, tendo marcado 134.511,49 pontos na mínima e 135.892,53 pontos na máxima até o momento.
O volume financeiro somava R$2,49 bilhões.
A expectativa, segundo o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, é de que o discurso de Powell dê o tom sobre os próximos passos da política monetária dos Estados Unidos.
"A fala do chair do Fed é vista como determinante para calibrar apostas sobre a trajetória dos juros nos EUA, em especial quanto à possibilidade de corte já em setembro", disse.
Em Wall Street, os índices acionários operavam em terreno positivo durante a fala de Powell, com o índice de referência do mercado norte-americano S&P 500 subindo 1,24%.
No Brasil, apesar da alta do Ibovespa na sessão, o índice caminhava para encerrar a sexta com queda semanal, após uma semana marcada por receios envolvendo movimentos do STF e o impasse com os Estados Unidos.
Na visão do analista Nícolas Merola, da EQI Research, o mercado deve permanecer atento ao noticiário envolvendo a Lei Magnitsky e seus desdobramentos para o setor financeiro.
"O receio é até que ponto isso vai afetar os bancos, até que ponto isso vai afetar as empresas e a economia brasileira... bancos hoje são 20% do índice, quando a gente fala de empresas financeiras, a gente está falando de quase 30% do índice."
"Qualquer coisa que afete diretamente esse setor, com certeza, não só mexe no índice, mas também mexe no humor de todos os outros setores, que ficam à mercê dessa situação."
DESTAQUES
- BRASKEM PNA (BVMF:BRKM5) subia 0,24%, tendo como pano de fundo notícia de que o prazo de 90 dias de exclusividade para negociações com o fundo Petroquímica Verde, detido pelo empresário Nelson Tanure, chegou ao fim, mas a Novonor, detentora de 50,1% do capital votante da Braskem, permanece em tratativas com o fundo para a alienação da sua participação.
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) era negociada em alta de 1,62%, apesar da pouca variação do preço do petróleo no exterior, onde o barril do Brent, referência para a estatal, subia apenas 0,15%. PETROBRAS ON (BVMF:PETR3) ganhava 1,75%.
- VALE ON (BVMF:VALE3) registrava variação positiva de 0,92%, em novo dia de suporte para o Ibovespa, apesar da queda nos preços futuros de minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações com declínio de 0,71%, a 770 iuanes (US$107,25) a tonelada. Na semana, o contrato recuou 0,97%.
- BANCO DO BRASIL ON (BVMF:BBAS3) subia 2,89%, ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) tinha alta de 1,21%, BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) ganhava 0,57% e SANTANDER BRASIL UNIT (BVMF:SANB11) avançava 1,32%, com trégua após a cautela recente frente aos movimentos do STF e à declaração do ministro Alexandre de Moraes de que bancos podem ser punidos se aplicarem sanções dos EUA a ativos brasileiros.
- YDUQS ON (BVMF:YDUQ3) subia 1,3% e COGNA ON (BVMF:COGN3) avançava 4,04%, oferecendo alguma trégua após as quedas da véspera. No setor de educação, mas fora do Ibovespa, SER EDUCACIONAL ON (BVMF:SEER3) tinha alta de 2,81% e ÂNIMA ON (BVMF:ANIM3) ganhava 3,74%.