BBAS3: Por que as ações do Banco do Brasil subiram hoje?
Uma heurística bastante simples costuma governar as alocações de renda fixa no Brasil.
Em tese, deveríamos vender PU de juros reais a 3% e comprar a 6%.
Fazendo isso, estamos descartando tanto as visões extremamente otimistas quanto as extremamente pessimistas sobre o futuro brasileiro.
O gráfico de juros reais baseado no Tesouro IPCA 2035 corrobora empiricamente essa regra tosca, mas efetiva.
De 2010 para cá, mediante a ajuda da balança comercial, a maturação do Copom e a lapidação das metas fiscais (work in progress), os juros reais passaram a respeitar essa zona limítrofe de 3% a 6%, com raras exceções (estrepulias do Governo Dilma).
No entanto, precisamos notar uma assimetria importante na dinâmica das regiões de fronteira.
Quando o juro real brasileiro flerta com os 3%, ele o faz por meio de um "efeito ricochete". Ou seja, ele bate no piso e volta rapidamente, só para nos fazer lembrar que ainda não merecemos isso, que se trata de um experimento muito à frente do seu tempo.
Já no namoro com os 6%, a coisa fica mais séria. Podemos passar anos e anos embrenhados com o topo do intervalo, até que as commodities voltem a bombar, beneficiando o nosso câmbio, ou até que um milagre político consiga equilibrar melhor as contas públicas.
Ainda assim, parece fazer sentido comprar as Bs longas a taxas próximas de 6%, como no caso atual.
Não estamos invalidando a heurística.
Mas precisamos contar a história completa.
Pode acontecer de você comprar a 6% e ter que esperar, esperar e esperar para lucrar de verdade.