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Para metade do país não é surpresa que o sonho do Lula moderado e pragmático que parte da mídia empurrou goela abaixo da população brasileira virou pesadelo. Inacreditavelmente, após toda a herança maldita deixada pelo PT durante a era Dilma o até então, candidato Lula, conseguiu um cheque em branco da população e passou toda a campanha se recusando a apresentar suas reais propostas para o país.
Após vencer a eleição, e o que estamos presenciando é uma das maiores quebras de confiança e expectativa de toda a nossa história e isso trará consequências para a economia brasileira e gerações futuras.
É fato que Jair Bolsonaro não entregou um país perfeito, porém a situação do Brasil até Outubro de 2022 precificava uma queda da taxa Selic a partir de março de 2023, a curva de juros estava em queda, a inflação implícita convergindo para a meta, os contratos assinados e privatizações eram respeitados e o desemprego nas mínimas dos últimos 7 anos. Mas, em apenas 6 meses tudo isso mudou.
O que vemos atualmente é: desemprego subindo, desancorarem das expectativas inflacionárias, grande destruição de valor das empresas brasileiras listadas em bolsa, curva de juros disparando, ataques institucionais à independência do Banco Central, ameaças a um Senador da República, além da intenção de rever contratos assinados e privatizações, aumentando consideravelmente a incerteza e aumentando o risco Brasil.
Em menos de 6 meses o Brasil mudou, e para pior. Por conta do terraplanismo econômico por parte do novo governo perdemos o boom da reabertura da economia chinesa e não soubemos nos beneficiar da queda do dólar no mercado internacional, fato que contribuiu para pressionar a inflação e dificultou o trabalho do Banco Central de trazer a inflação à meta.
Após o Comitê de Política Monetária (COPOM) tomar a decisão correta de manter a taxa Selic em 13,75%, é esperado que os atritos entre o governo e o Banco Central devam aumentar. O fato do Banco Central não se submeter a pressões políticas o coloca como o vilão da vez em Brasília. Para o governo, a culpa da desaceleração da economia é dos juros elevados. Porém, não temos uma das maiores taxas de juros do mundo atoa ou por que “aquele cidadão” quer, mas sim por conta do nosso histórico problema de descontrole fiscal. Além disso, temos uma dívida/PIB e taxa média de inflação superior a de nossos vizinhos e outros emergentes, menor taxa de poupança, gastamos mais com previdência e temos um dos maiores risco país medido pelo CDS de 5 anos.
Enquanto o Presidente não apresentar o esperado arcabouço fiscal ele não vai conseguir a tão sonhada e necessária queda da taxa de juros. E se conseguir por pressões políticas o resultado poderá ser pior com a deterioração das expectativas. Para o governo o juro alto hoje é o culpado, amanhã será a iminente crise internacional, um evento provável que ainda não foi precificado totalmente nos ativos de risco brasileiros.
Com os iminentes impactos do aperto monetário na terra do Tio Sam, o S&P500 não tem muito upside acima dos 4.100 pontos e cada vez mais os bonds (renda fixa) tendem a ganhar atratividade. Por conta dos efeitos defasados da política monetária as fraturas na economia americana devem se tornar expostas nos próximos meses, quando os americanos forem refinanciar suas dívidas e os lucros das empresas forem revistos para baixo.
É questão de tempo para isso refletir na cotação das empresas e aí podemos ver uma correção nos ativos de risco americanos com consequências em todas as bolsas do mundo, principalmente para o falecido Ibovespa.
Se olhando pelo retrovisor a cena não é das melhores, quando olhamos pelo para-brisa a vista é desanimadora. Ora, se quando os ventos internacionais eram favoráveis não conseguimos sair do lugar, agora que há uma iminente recessão na maior economia do mundo se conseguirmos não retroceder muito já podemos considerar uma vitória.
Enquanto o governo ganha tempo para avaliar as consequências do novo arcabouço fiscal o Ibovespa segue sendo cozinhado a banho maria, e como uma pedra de gelo exposta ao sol, vai derretendo aos poucos o valor de mercado das empresas e parte do patrimônio de milhões de brasileiros.
A divulgação do arcabouço fiscal deve reduzir a incerteza e reprecificar os ativos brasileiros, para cima ou para baixo. Afinal, o governo Dilma ensinou aos investidores brasileiros que até as boas empresas podem continuar “baratas” por um bom tempo.
Diante das atitudes do governo e do histórico do PT não podemos esperar uma regra tão rígida quanto o teto de gastos. Mas sim uma regra bem mais flexível, visto que o teto impõe grande custo político para alterá-lo.
É preciso lembrar que na nossa história recente já desrespeitamos diversas vezes as regras fiscais vigentes como a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), a Regra de ouro e o Teto de gastos, por mais “rígida” e inflexível que seja a nova regra fiscal que será divulgada, ela será facilmente violada na primeira dificuldade orçamentária que o governo enfrentar no futuro.
O primeiro grande teste da nova âncora fiscal deve ser a iminente recessão da economia americana e seus efeitos colaterais num momento de queda da atividade econômica interna. A depender da gravidade uma recessão internacional é a justificativa perfeita para nova expansão fiscal como política anticíclica. O problema do Brasil não é falta de regras, mas sim o não cumprimento das regras existentes.
Além de toda a incerteza ocasionada por ruídos políticos e instabilidade institucional, merece atenção o arrefecimento das commodities no mercado internacional. Corremos grande risco de perder arrecadação num momento de forte expansão fiscal, fato que certamente pressionará as contas públicas e contribuirá para um resultado econômico frustrante para o governo. Isso tende a deixar o Presidente Lula cada vez menos racional, mais heterodoxo e inclinado ao aumento do gasto público como solução para todos os problemas. Claramente o Presidente não deu um “google” e pesquisou os resultados das experiências econômicas de Argentina e Turquia, pois está levando o Brasil para o mesmo caminho.
Roberto Campos tinha razão “O Brasil nunca perde uma oportunidade de perder oportunidades”. E assim, seguimos sendo sempre o país do futuro.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Investing.com Brasil
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