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Mercado do Gás Natural Foca nas Exportações Recordes de GNL dos EUA para Europa

Publicado 31.03.2022, 09:40
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As exportações de gás natural liquefeito dos EUA (GNL) estão disparando, especialmente após promessas do governo Biden de manter a Europa abastecida. As vendas estão fornecendo um importante suporte para o mercado, à medida que os Estados Unidos saem do inverno e entram no clima mais temperado da primavera.

As exportações de GNL dos EUA devem continuar em alta, com uma média de 13,3 bilhões de pés cúbicos (bpc) por dia durante todo o ano, um crescimento de 16% em relação a 2021, de acordo com a última previsão da EIA, agência de informações energéticas do país. Trata-se de uma alta de 11,2 bpc diários em janeiro e 10,4 bpc diários em relação ao 4º tri do ano passado.

Gás natural diário

Os preços do gás natural geralmente caem na primavera local, porque a demanda por aquecimento diminui e as temperaturas ficam brandas demais para estimular uma demanda maior por refrigeração – criando uma dinâmica de mercado conhecida como “estação de transição”.

No ano passado, os contratos futuros de gás no centro de distribuição de Henry, em Nova York, giraram em torno de US$ 2,40 por milhão de unidades térmicas britânicas em março, quando a primavera começou. E foi ainda menor em março de 2020, atingindo a mínima de US$ 1,52 por mmBtu.

Este ano, porém, após o início da primavera em 20 de março, o contrato mais ativo no centro de Henry saiu da mínima de US$ 4,75 para US$ 5,62 no fechamento de quarta-feira. Durante toda a semana passada, os preços subiram quase 15% antes de recuarem cerca de 1% no acumulado da semana.

A explosão de preços foi sustentada pelas expectativas da demanda europeia por GNL dos EUA em meio à determinação do bloco de se livrar da oferta russa após a expansão de Moscou sobre a Ucrânia.

Mas os fundamentos não são o único fator que estão favorecendo o preço do gás neste momento. Aspectos técnicos também parecem estar inclinados para o lado positivo, segundo Sunil Kumar Dixit, estrategista-chefe técnico do site skcharting.com.

“Os preços estão sendo negociados acima das médias móveis de curto prazo, e o momento é de alta”, afirmou Dixit em uma análise compartilhada com o Investing.com.

O cruzamento da média móvel exponencial de 50 dias com a média móvel simples de 200 dias no contrato mais ativos no centro de Henry fortalece ainda mais o potencial de alta, disse ele.

“Um movimento sustentado acima do patamar de US$ 5 favorece os comprados, que podem estar de olho nos alvos de US$ 6 e US$ 6,70 na próxima semana, embora uma fraqueza abaixo de US$ 5 também possa desencadear correções para US$ 4,50 e US$ 4,30”, acrescentou Dixit.

O gás na faixa de US$5-6 ou acima disso nesta época do ano seria considerado sazonalmente caro.

No entanto, a primavera de 2022 está mostrando ser bastante diferente. Em 25 de março, o presidente Joseph Biden e a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciaram em Bruxelas um pacto estratégico no qual os Estados Unidos se tornariam o maior exportador individual de gás para a UE. O bloco costumava obter 40% do seu combustível para aquecimento doméstico da Rússia.

Os detalhes do acordo, segundo uma coluna da Fortune, prevê que os EUA substituam 50 bilhões de metros cúbicos (bmc) de gás russo este ano, bem como o avanço do cronograma REPowerEU de acabar com todas as importações russas até 2030.  A meta de 2022 implica uma redução de cerca de um terço das importações anuais russas da Europa.

Exporações mensais de GNL para Europa Vs. Ásia

Fonte: Gelber & Associates

O pacto EUA-UE considera que o GNL americano é a principal fonte de preenchimento da lacuna criada pela enorme supressão do gás russo. O plano exige que os EUA fechem um terço dessa lacuna, aumentando seus embarques de GNL em 15 bmc em 2022.

A UE conseguiria realizar a redução adicional, ao acelerar a transição para energias renováveis ​​e incentivar a práticas domésticas de economia de energia, como a implantação de termostatos inteligentes e bombas de calor. Ainda assim, a grande surpresa foi a gigantesca meta de longo prazo para os embarques americanos.

De fato, os produtores dos EUA já estão enviando remessas recordes de GNL para a Europa. No ano passado, o país conquistou o inédito primeiro lugar no fornecimento, ao ampliar sua participação de mercado para 26%, superando a Rússia (19%) e o Catar (22%).

Nos primeiros três meses de 2022, os EUA responderam por quase 60% de todos os embarques de GNL, elevando seu total anualizado de cerca de 25 bilhões de metros cúbicos (bmc) no ano passado para quase 50 bilhões. O anúncio conjunto prevê um aumento nas importações não provenientes da Rússia de 15 milhões de bmc em 2022 e estabelece uma meta para o abastecimento dos EUA de mais 50 milhões de bmc por ano (bmc/a) nos próximos anos.

Não está claro se a UE está usando as exportações do ano passado de 25 bmc ou o número atual mais próximo do dobro desse valor como referencial. Mas tudo leva a crer que os produtores americanos estejam fornecendo pelo menos o triplo dos volumes de 2021 e, segundo as estimativas da Fortune, podem quadruplicar os embarques para 100 bmc/a.

O projeto não esclarece a rapidez com que as importações dos EUA aumentariam para os 50 milhões de bcm/a adicionais. Mas isso implica que a mudança pode acontecer rapidamente.

Uma nota da empresa de pesquisa Rystad Energy, comentando o anúncio, prevê que todos esses novos negócios de longo prazo, praticamente garantidos, "incentivarão" as "decisões finais de investimento" no sentido de expandir a produção de GNL nos EUA.

Evidência disso foi “o aumento muito rápido e eficiente do Calcasieu Pass”, disse Dan Myers, analista da Gelber & Associates, uma consultoria focada no mercado de gás em Houston.

O Calcasieu Pass é a sétima instalação de processamento de gás natural dos EUA que utiliza uma tecnologia de liquefação modular de média escala altamente eficiente para reduzir custos e maximizar a produção.

Os dados da Gelber & Associates mostram que as exportações de GNL dos EUA para a Europa ultrapassaram 8,0 bpc por dia - representando 60% do recorde recente.

“Os altos preços europeus incentivaram a Europa como destino final do GNL internacional e, dada a proximidade dos EUA com a Europa, os carregamos americanos estão claramente priorizando a Europa em relação à Ásia”, disse Myers. “A diferença entre as exportações recebidas de GNL dos EUA entre a Ásia e a Europa aumentou significativamente desde dezembro.”

Quanto aos estoques de gás, o mercado se prepara para a última atualização dos estoques semanais da EIA, administração de informações energéticas dos EUA. O consenso entre os analistas monitorados pelo Investing.com é que tenha havido uma adição de 21 bpc na semana passada, a primeira injeção da temporada de 2022, em vista do clima relativamente temperado.

Compare isso com a baixa de 7 bpc na mesma semana do ano passado e a média de 23 bpc dos últimos cinco anos (2017-2021).

Na semana anterior, até 18 de março, os serviços de utilidade pública dos EUA retiraram 51 bpc de gás dos estoques.

Se a previsão dos analistas estiver correta, a injeção durante a semana encerrada em 25 de março aumentaria os estoques para 1,410 trilhão de pés cúbicos (tpc), cerca de 15% abaixo da média de cinco anos e 20% abaixo da mesma semana do ano passado.

Graus-dia ponderados nos EUA

Fonte: Gelber & Associates

O clima na semana passada foi mais temperado do que o normal, com 90 graus-dia no total (GDT), em comparação com a média de 30 anos de 114 TDDs para o período, conforme dados divulgados pela Refinitiv.

O método graus-dia de aquecimento mede o número de graus que a temperatura média de um dia fica abaixo ou acima de 18º C.

A Bespoke Weather Services disse que as perspectivas do início da primavera para o gás natural eram neutras na sessão de quarta-feira. Os modelos meteorológicos americanos e europeus estavam “em sua maior parte estáveis” dia/dia, com os graus-dia ponderados pelo gás projetados para o período de 15 dias permanecendo “um pouco abaixo do normal”, afirmou o meteorologista em comentários divulgados pelo site naturalgasintel.com.

A Bespoke disse que “geralmente são necessárias fortes oscilações climáticas para mover o ponteiro nesta época do ano”.

O enfraquecimento do padrão negativo de Oscilação do Atlântico Norte a partir deste fim de semana deve levar a uma “variabilidade mais quente que o normal” na terceira semana de abril, segundo a empresa, o que deixará as temperaturas mais confortáveis nos 48 estados americanos contíguos.

Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para dar diversidade às suas análises de mercado. A bem da neutralidade, ele por vezes apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.

 

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