Mercado Exagera na Avaliação das Siderúrgicas?

Publicado 05.10.2016, 15:45
CL
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Baseado em fatos reais

Um dia normal na análise de um banco de investimento qualquer: o analista, que passou o dia visitando clientes e se alimentando de barra de cereal no táxi entre uma reunião e outra, chega ao escritório às 8 da noite e encontra seu assistente, João, com a cara enfiada numa planilha.

— João, fiz um call com o time de vendas de Nova York e estou saindo em viagem semana que vem. De lá, vou para Londres e depois Dubai. Preciso que você faça uma atualização de todas as 21 empresas do meu universo de cobertura e prepare a apresentação, tudo para depois de amanhã.

As demandas absurdas já não o assustam mais: é da natureza do negócio.

— Ok, é meio em cima da hora mas vou fazer o possível. Qual é a tese que você quer defender?

— Ah, se vira aí. Eu sei que o setor está meio parado, mas arranja alguma loucura pra aumentar o preço-alvo disso aqui. Aí depois a gente cobra o CFO da empresa a participar da nossa conferência em Aruba.

— Ok… a propósito, você leu o relatório que sai amanhã?

— Não deu tempo. Pode fechar. Qual vai ser a recomendação?

— Tá saindo com “Venda”, pois eles estão em risco de recuperação judicial…

— Tá maluco? Nosso investment banking está batalhando pelo mandato da reestruturação deles! Bota “Neutro”!

— Ok...

João virou a noite no escritório. Sem tempo, seus estudos para o CFA ficaram prejudicados — planejava, naquela noite, revisar os tópicos de Ética Profissional.

All-in

Meses atrás, o mercado entrou com tudo na tese de que siderurgia vai decolar em 2017 com a retomada da atividade econômica.

Cá entre nós, é um call fácil de vender. Se, no plano qualitativo, a tese faz todo o sentido, por outro lado é preciso humildade em reconhecer que a dimensão da recuperação é exercício divinatório. Nesse sentido, chama a atenção o fato de os executivos do setor estarem mais cautelosos com o incremento de vendas do que os meninos brilhantes dos bancos de investimento.

Não há melhor exemplo disso do que Usiminas: para a siderúrgica mineira, o consenso de mercado prevê em 2017 crescimento de receita da ordem de 14 por cento e EBITDA quase triplicando.

As condições estão postas para que os resultados sejam, de fato, melhores. Mas convenhamos: com expectativas desse tamanho, há mais espaço para revisões para cima ou para baixo? E as ações negociam a EV/EBITDA 2017 na casa de 12 vezes contra uma média de 11 em 2013 e 2014 (2015 foi ano de desgraça, então não conta).

Se entrarmos 2017 em ritmo aquém do previsto nas planilhas mágicas dos analistas, há espaço para revisão para baixo.

Última chamada

O Rodolfo está em Nova York, junto com o Felipe, participando de um curso com Nassim Taleb, uma de suas grandes referências intelectuais. Não poderia, entretanto, deixar de manifestar sua alegria com a excelente receptividade que seu novo projeto, o Programa de Riqueza Permanente, está encontrando.

Aos que se inscreveram na lista exclusiva, fica o lembrete que terminam hoje as inscrições. Restam poucas vagas.

Demanda vs. Demanda

Bolsas americanas em alta na esteira de companhias de energia, beneficiadas pela sustentação do preço do petróleo. Dados do setor de serviços, que registrou em setembro a maior expansão em um ano, ampliam apostas na alta de juros para dezembro.

Já Europa opera no vermelho, com mercados repercutindo as últimas sinalizações do Banco Central Europeu com relação à retirada de estímulos monetários: a sinalização de que o programa de recompra de títulos será reduzido gradualmente frustrou as expectativas dos que apostavam que a iniciativa continuaria.

Enquanto nos EUA é forte a demanda por serviços, na Europa a fome é por novos estímulos monetários — como sempre…

O melhor mês do ano para seu dinheiro

A greve dos bancários completa 30 dias hoje.

Ou seja, já se vai um mês que ninguém é ludibriado a fazer um PIC; que nenhum consultor recomenda COE como se fosse renda fixa; que nenhum gerente oferece fundo DI com taxa de administração de 5 por cento… seu bolso agradece.

O Sindicato dos Bancários presta um imenso serviço à nação ao prevenir que os correntistas dos bancões percam dinheiro com propostas indecorosas. Obrigado, CUT!

Aliás, cá entre nós: você ainda frequenta agência bancária? Eu não.

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