Novos recordes para os principais índices acionários americanos foram alcançados na semana encurtada pelo feriado de Independência dos Estados Unidos, no dia 4 de julho.
A prorrogação da implementação de novas tarifas alfandegárias à China, a indicação de Christine Lagarde para o Banco Central Europeu (vista como sendo mais favorável a políticas monetárias expansionistas) e a criação de postos de trabalhos acima do esperado para a principal economia do planeta foram alguns dos componentes que beneficiaram os ativos de risco.
O dólar americano também firmou diante de um cenário que exija cortes de juros eventualmente menores pelo FED, enquanto as commodities cederam, em sua grande maioria.
O café manteve oscilações grandes respondendo às variações de prognósticos do frio deste final de semana no cinturão de café brasileiro.
As volatilidades implícitas das opções tiveram acentuada alta dada a corrida de proteções contra geada, e alguns especuladores correram para cobrir parte de suas de posições vendidas de futuros.
Nas sessões de segunda e quarta-feira foi possível notar o quão perigoso o mercado fica com o recuo natural dos vendedores, quando cotações de estratégias de alta mostravam ofertas de compra e venda com um spread bem acima do normal.
Pudemos notar também um comportamento menos agressivo dos vendedores nas principais origens, algo que pode se acentuar caso se confirme uma geada mediana ou mais severa.
As noites de sábado, dia 6, e de domingo, dia 7, foram apontadas em alguns modelos como frias o suficiente para provocar perdas no Paraná, parte de São Paulo e por ora deixa o Sul de Minas no limiar do risco – faz tempo que não víamos um risco assim.
O exercício em mensurar o quanto potencialmente pode ser perdido é ingrato e talvez nada prático, haja vista a diversidade do parque. Sem falar que os agentes têm números bem distintos para as três regiões. Quanto se colheu em 2018/2019, ano da safra recorde, em SP, SM e Paraná? 25 milhões de sacas? E o potencial seria similar para 2020/2021?
Uma geada que tire 20% do potencial pode deixar o mercado futuro bastante nervoso e um recuo de vendas aliado a compradores ansiosos simplesmente deixar o terminal sujeito à movimentos imprevisíveis, dada a irracionalidade momentânea.
Um amigo, grande profissional do mercado e colaborador, lembrou em um bate-papo que no dia 8 de julho de 1994, na sexta-feira anterior à geada, os operadores foram para casa desacreditados do risco e naquele dia a bolsa encerrou em baixa de US$ 5.00 centavos por libra.
Na segunda-feira, dia 11 de julho de 1994, o contrato “C” pulou de US$ 188.35 para US$ 235.35 centavos por libra, e a certeza de que não gearia foi suplantada pela geada que com a seca até o final daquele ano levou Nova York a US$ 340 centavos por libra.
Não estou sugerindo aqui que isto vá acontecer, seria irresponsável em dizer isto, mas para muitos dos participantes que não lembram ou não operavam o mercado nesta época, vale o registro para não subjugarem o risco de ficar vendido a descoberto – e talvez por isto muitos compraram proteção de alta à preços caríssimos durante esta última semana.
Para o Brasil uma geada agora seria muito ruim, pois o país tem ganhado market-share mundialmente e o evento poderia estancar o processo. Para quem não tenha perdas, sejam produtores brasileiros ou de outras origens, claro que seria a salvação – é injusto, entretanto ver alguns se beneficiarem em detrimentos de outros.
Tecnicamente ainda há esperança da continuação da alta, mas o contrato de setembro tem que se manter acima de US$ 108.60 centavo por libra peso, para não voltar a ficar pressionado e testar os US$ 100.00.
Sim, é um mercado climático, e se segunda-feira todas as árvores estiverem saudáveis e as temperaturas não tiverem sido baixas o suficiente para causar perdas, muito provavelmente podemos ver um tombo acentuado das cotações.
Não haverá comentário nas próximas duas semanas. Voltarei a escrever no último final de semana de julho.
Uma ótima semana e bons negócios a todos.