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Mudança Importante na Carteira

Publicado 18.02.2015, 21:53
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Desfile das campeãs

Começamos o ano nos mercados com o pé direito. O Ibovespa segue os bons ventos externos e sobe.

Deterioração econômica e fundamentos das empresas à parte, chegamos à quarta-feira de Cinzas com o Ibovespa no seu melhor patamar de 2015.

Somente em fevereiro o índice das ações brasileiras acumula alta de 8% (!).

O protagonista?

Petrobras, cujas ações (PETR4), no mês da folia, acumulam alta de 22% (!!).

Acabou mesmo o Carnaval?

Na ilha da fantasia...

Quem olha o preço dos ativos tem uma impressão completamente distorcida da realidade.

Não, enquanto você caia na folia, não houve um evento material sequer para dar lastro às ações da Petro.

Pelo contrário... aumentara a pressão de agências de rating e fornecedores, a Lava Jato revelou novos (alarmantes) capítulos, Bendine reforçou o retrato da subserviência aos interesses do governo e o noticiário da tragédia na plataforma ampliou o número de mortos. Resultados? Ainda nada.

No que diz respeito aos fundamentos econômicos, após consecutivas reduções de estimativa, relatório Focus dessa semana, divulgado extraordinariamente às 12h de hoje, passou a apontar retração da economia brasileira em 2015.

A mediana das projeções dos agentes de mercado aponta queda de 0,42% na economia brasileira este ano, com inflação bem acima do teto da meta, em 7,27%.

O doloroso 7x1 já virou 7,2x-0,4, e caminha para 8x-2.

O “ajuste” do Levy

O Focus não é medida oficial, mas não nos esqueçamos que a nova equipe econômica adotou, no final do ano passado, um alinhamento às projeções de mercado como forma de dar maior credibilidade às suas metas.

Foi um dos brindes à credibilidade de Joaquim Levy.

Àquela ocasião, dois meses atrás, a aposta do Focus indicava 0,80% de crescimento...

Pois não contavam com a velocidade da deterioração econômica.

E ainda não contam o potencial impacto de racionamento de energia.

Re-rating

Não pense que a dissonância entre preços de ativos e economia real é uma exclusividade tupiniquim.

Matérias começam a chamar atenção para a revisão negativa nas projeções de lucros das empresas que integram o índice S&P 500, das ações americanas, tendência que alertamos há um bom tempo aqui no M5M...

A média de estimativas de lucro para as empresas do índice no primeiro trimestre deste ano foram reduzidas em 7,4%, segundo a consultoria FactSet.

Há dois elementos um tanto óbvios no radar para tal: a forte queda nos preços dos petróleo e a iminente escalada da taxa de juros dos EUA, pressionando o resultado financeiro das empresas, que vêm obtendo crédito a juros zerados.

Por outro lado, o índice de ações acaba de bater novamente o seu patamar recorde histórico, alimentado pela farra da liquidez internacional e a promessa (atenção para o “promessa”) de que o partido radical grego aceitará as condições da União Europeia.

Agora, se os lucros caem (L) e os preços continuam subindo (P), estamos vivendo um processo de reclassificação (re-rating) dos patamares históricos de múltiplos para as Bolsas americanas. Ou, a relação P/L está ficando mais cara.

Com base em quê?

Diante de inversões de ciclo de commodities, desequilíbrios de liquidez e aumento da procura por “safe heavens” como dólar, ouro e títulos do Tesouro, em tese deveria ser o contrário - investidores exigindo mais retorno para tomar risco, e não o contrário.

Olha a bolha, olha a bolha...

Matéria do Valor chama atenção para a trajetória de desaceleração dos preços dos imóveis...

Dois esclarecimentos importantes aqui:

1) a clara desaceleração nos preços reflete uma exaustão de lançamentos e a deterioração econômica, mas ainda não configura a tal bolha, que ouço há 5 anos profetas dizerem que vai estourar...

Mais uma vez: bolhas são distorções de preços inerentes ao capitalismo - sempre que há desequilíbrio entre oferta e demanda, há uma bolha de preços. No entanto, o estouro de uma bolha configura uma ruptura abrupta e drástica nos preços dos ativos, por isso é “estouro”, e não uma desaceleração gradativa.

2) Não vamos esquecer que o Fipe-Zap envolve os preços pedidos, o que é beeeeeeem diferente dos preços efetivamente praticados, como já alertou o nosso guru de imóveis, Márcio Fenelon.

O índice Fipe-Zap de janeiro ficou em 0,4%. Em outras palavras, o 0,4% de aumento do índice pode perfeitamente significar uma redução ou um zero, na prática.

Em períodos de baixa demanda, como o atual, a diferença entre o preço pedido e o preço efetivado naturalmente aumenta.

Vai ver é por isso que ainda não consegui vender o Flecha de Prata, meu Passat GTS Pointer 1987.

Aos interessados, aceito R$ 32 mil à vista pela preciosidade.

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