- O Índice do Dólar (DXY) recuou na última semana, devido à inconsistência das políticas comerciais de Trump e aos sinais de desaceleração da economia.
- Os dados de emprego de fevereiro frustraram as expectativas, com o aumento do desemprego elevando as chances de cortes de juros pelo Fed.
- O euro e o iene se valorizaram, impulsionados pela busca por ativos mais seguros em meio à incerteza econômica nos EUA.
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O dólar (DXY) tem perdido valor desde o início do ano, e a queda se intensificou na última semana. A incerteza em torno das políticas comerciais da administração Trump e sinais de desaceleração da economia dos EUA ampliaram as preocupações dos investidores.
Na semana passada, o dólar recuou mais de 3%, atingindo 103,45, o menor nível em quatro meses. Esse movimento reflete o aumento da aversão ao risco diante das medidas comerciais do governo americano e da fragilidade no mercado de trabalho.
Políticas comerciais de Trump elevam volatilidade
As decisões de Trump sobre tarifas continuam gerando instabilidade nos mercados. Na última semana, o presidente anunciou tarifas de até 25% sobre importações do México, Canadá e China, mas suspendeu temporariamente a medida logo em seguida. Essa imprevisibilidade aumenta o risco de mercado e acelera a saída de capital do dólar.
A falta de coerência nas políticas comerciais tem minado a confiança dos investidores, dificultando a precificação dos ativos e reduzindo a atratividade da moeda americana. Com isso, cresce a busca por refúgio em pares como USD/CHF e USD/JPY, considerados alternativas mais seguras.
Sinais de enfraquecimento no mercado de trabalho
O relatório de emprego dos EUA em fevereiro apontou para uma desaceleração da economia. O setor não-agrícola gerou 151 mil postos de trabalho, abaixo da expectativa de 160 mil. A taxa de desemprego subiu de 4% para 4,1%, enquanto os ganhos médios por hora avançaram apenas 0,3%, frustrando a projeção de 0,4%.
Os números sugerem que a economia americana segue perdendo fôlego, com o crescimento salarial abaixo do esperado limitando o consumo e pressionando a inflação para baixo. Para os estrategistas do Citi, esse cenário fortalece a posição do Federal Reserve em manter os juros inalterados na reunião de março. No entanto, o aumento do desemprego e a fraqueza nos salários elevam as chances de cortes futuros na taxa de juros.
Euro e iene ganham força
A deterioração das perspectivas econômicas dos EUA e a falta de clareza nas políticas de Trump impulsionam a valorização do euro e do iene. A moeda europeia se fortaleceu ainda mais após a Alemanha anunciar um pacote de investimentos de €500 bilhões para defesa e infraestrutura. Isabel Schnabel, membro do Conselho do BCE, destacou que há divergências sobre um corte de juros em abril e alertou que o aumento nos gastos militares pode impulsionar a inflação.
O iene japonês também avança, alcançando a máxima de cinco meses contra o dólar, impulsionado pelo movimento dos investidores em busca de ativos mais seguros. A crescente incerteza sobre as políticas comerciais dos EUA e a desaceleração econômica aceleram essa migração para o iene.
Mercado monitora inflação dos EUA antes da decisão do Fed
O presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que as incertezas econômicas aumentaram, mas a meta de inflação de 2% continua sendo a prioridade. Powell ressaltou que o banco central não tem pressa em cortar juros e seguirá avaliando os dados econômicos. No entanto, o crescimento fraco do emprego e a pressão sobre os salários podem reforçar a necessidade de um novo corte nas próximas reuniões.
O dado mais aguardado da semana será o índice de preços ao consumidor (IPC) dos EUA, que pode ditar o rumo do dólar no curto prazo. O núcleo do IPC deve ficar em 3,2%, enquanto a taxa cheia é projetada em 2,9%. Caso os números fiquem dentro das expectativas, o impacto no mercado pode ser limitado, mas qualquer surpresa pode aumentar a volatilidade.
A combinação de um mercado de trabalho enfraquecido, políticas comerciais imprevisíveis e a possibilidade de um corte de juros pelo Fed mantém o dólar sob pressão. No entanto, uma inflação mais forte que o esperado poderia sustentar um repique da moeda no curto prazo.
Perspectiva técnica para o DXY
Após uma alta no último trimestre de 2024, o índice DXY entrou em correção no início de 2025, movimento que se intensificou na semana passada, mantendo o índice abaixo do suporte chave em 104.
Do ponto de vista técnico, 104 corresponde ao nível de retração de 61,8% de Fibonacci da tendência de alta recente. A manutenção acima desse nível indicaria uma correção saudável, mas caso perca esse suporte, o movimento de baixa pode se estender até a retração de 78,6%, situada em 102,37.
Se os dados de inflação vierem mais fracos ou houver novos sinais de desaceleração da economia, o DXY pode recuperar força e testar novamente os 104 antes da reunião do Fed na próxima semana. No caso de um repique mais forte, os próximos níveis de resistência ficam em 105,22 e 106,4.
Por outro lado, o rompimento dos suportes nas médias móveis de curto prazo e o viés baixista do indicador IFR continuam pressionando o dólar. Fechamentos diários acima de 104 serão essenciais para qualquer tentativa de recuperação da moeda americana.
***AVISO: este artigo é meramente informativo e não constitui qualquer oferta ou recomendação de investimento.