Bitcoin dispara em rali de alívio com apoio regulatório e institucional
Um dos meus autores preferidos do Wall Street Journal é Spencer Jakab, que recentemente publicou um artigo explicando por que um bear market (mercado de baixa) não é necessariamente algo negativo. Ele começa com uma citação de O Poderoso Chefão:
“Essas coisas precisam acontecer a cada cinco ou dez anos. Ajudam a se livrar do sangue ruim... já faz dez anos desde a última vez.”
Nos mercados atuais, mencionar a “palavra com B” é suficiente para ser rotulado como permabear, o investidor que sempre aposta na queda, e muitos logo assumem que se trata do “fim do mundo”: morte, desastre e destruição. Infelizmente, tanto o Federal Reserve quanto o governo dos Estados Unidos também enxergam os bear markets como eventos ruins. Por isso, têm se esforçado ao máximo para evitá-los, adotando políticas de juros zero e intervenções maciças.
De fato, os bear markets são destrutivos no curto prazo, pois revertem o chamado “efeito riqueza”: a demanda cai, empresas fracas quebram e a confiança do consumidor diminui. Ainda assim, essa destruição pode ser saudável. O autor compara esse processo a um incêndio florestal natural, fenômeno que elimina a vegetação morta, devolve nutrientes ao solo e cria condições para um novo ciclo de crescimento. Assim como o fogo é essencial para o equilíbrio ecológico, os mercados de baixa cumprem um papel vital ao eliminar excessos acumulados nos períodos de euforia.
Oportunidade de Maior Desconto do Ano!
Última chance para ter o InvestingPro com o menor preço do ano! Ganhe até 60% de desconto na sua primeira assinatura e acesse agora mesmo ferramentas de análise poderosas para apoiar suas decisões de investimento.
Esta oferta especial é válida por tempo limitado. Torne seus investimentos lendários! Invista de forma inteligente e otimizada por IA com o InvestingPro!
Aproveite 60% de desconto!
Os preços listados em nossos artigos são válidos na data de sua publicação.
A tentativa de impedir esse processo, segundo o MIT, gera efeitos colaterais indesejados. Na Califórnia, por exemplo, décadas de políticas para extinguir incêndios naturais levaram ao acúmulo de combustível vegetal, tornando os incêndios mais devastadores quando ocorrem. Da mesma forma, ao tentar evitar quedas e recessões, as autoridades acabam criando distorções que tornam as crises futuras ainda mais severas.
Os bear markets têm, sim, impactos dolorosos, mas permitem que o sistema se reorganize e volte a crescer de forma mais equilibrada. Como discute o artigo “Full Market Cycles”, os mercados prosperam em ciclos de expansão e contração. Historicamente, o bull market (mercado de alta) é apenas metade de um ciclo completo. Durante as fases de alta, o mercado e a economia acumulam excessos que precisam ser corrigidos na fase seguinte de baixa.
Assim como os incêndios naturais restauram o equilíbrio da floresta, o bear market corrige as distorções geradas pela valorização excessiva e pela especulação. Quando as avaliações se afastam da realidade dos lucros e o crédito cresce de forma descontrolada, o risco sistêmico aumenta. Foi o que ocorreu no fim dos anos 1990, quando as empresas de tecnologia alcançaram valuations sem relação com sua rentabilidade e a alavancagem se concentrou fora do sistema bancário. Sem uma correção intermediária, os excessos se acumularam, e o resultado foram crises severas como o estouro da bolha da internet (2000–2002) e a crise financeira global (2007–2009). Nessas ocasiões, o impacto da crise foi muito maior do que teria sido em uma correção gradual.
Por isso, o autor argumenta que o bear market pode ser benéfico. Correções normais, quedas de 20% ou mais, ajudam a manter a saúde estrutural do mercado. Um estudo do Goldman Sachs identifica três tipos principais de bear markets: event-driven (causado por eventos pontuais), cíclico e estrutural. Cada um atua de forma diferente, mas todos têm o mesmo papel: eliminar excessos e restaurar o equilíbrio.
Mais importante, o texto defende que o Federal Reserve e o governo não devem intervir nesses períodos de correção, pois o mercado precisa do “mecanismo de depuração” que as quedas proporcionam. É durante o bear market que empresas frágeis desaparecem, capital é realocado e modelos de negócio insustentáveis são expostos. Quando há resgates indiscriminados, o sistema se torna dependente e o risco de uma crise futura aumenta. Como disse Warren Buffett, “o mercado de ações foi feito para transferir dinheiro do impaciente para o paciente.” O capital paciente prospera quando o excesso especulativo é eliminado.
Em resumo, os bear markets funcionam como uma forma de higiene do mercado: reduzem riscos acumulados, corrigem distorções de preço e abrem espaço para ciclos de expansão mais saudáveis. Quando as altas se prolongam sem pausa, o risco aumenta, a alavancagem se torna excessiva, as avaliações se desconectam dos lucros e a euforia domina os investidores, cenário semelhante ao que observamos hoje.
Euforia é perigosa. Como observou Scott Bessent, secretário do Tesouro dos Estados Unidos:
“Correções são saudáveis. São normais. O que não é saudável é subir em linha reta, criando mercados eufóricos.”
Sem uma correção relevante, o sistema se torna frágil. Pesquisas mostram que bear markets estruturais, os mais severos, costumam ocorrer após fases de alta marcadas por bolhas especulativas e forte alavancagem privada.
Um exemplo clássico é a crise financeira de 2008. Os preços dos imóveis dispararam, derivativos complexos se multiplicaram e muitos acreditavam que “dessa vez seria diferente”. Quando a reversão começou, as bolsas americanas despencaram mais de 50%. Se o Federal Reserve tivesse adotado medidas preventivas, como elevar juros ou exigências de capital para conter o crédito especulativo, a correção teria sido mais moderada e, possivelmente, teria evitado um colapso sistêmico de grandes proporções.
Ao aceitar os bear markets, ou pelo menos reconhecer sua inevitabilidade, o mercado permite que os participantes mais frágeis saiam de cena, o capital seja realocado e as avaliações retornem a níveis sustentáveis antes do próximo ciclo de alta. Em essência, o mercado de baixa reduz o chamado “tail risk”, o risco extremo de colapsos sistêmicos, ao promover pequenas correções em vez de um grande colapso. Pesquisas mostram uma causalidade assimétrica: os bear markets podem causar recessões, mas nem toda recessão é consequência de um mercado de baixa.
Na prática, o investidor experiente deve enxergar o bear market não apenas como uma ameaça, mas como um mecanismo de proteção do sistema no longo prazo. Ele reduz fragilidades acumuladas, esvazia bolhas de forma controlada e diminui o risco de uma crise maior. Embora esse processo tenda a reduzir os retornos de curto prazo, o resultado líquido é uma economia mais estável e menos propensa a colapsos severos.
Por que os investidores devem encarar o bear market como oportunidade
Apesar do desconforto que provocam, os bear markets oferecem terreno fértil para retornos expressivos no longo prazo, desde que o investidor esteja preparado. Historicamente, quem manteve posição e aproveitou para adquirir ativos de qualidade a preços descontados colheu ganhos muito acima da média ao longo do tempo.
“O medo generalizado é o melhor amigo do investidor, pois traz oportunidades de compra a preços de barganha.” – Warren Buffett
Em períodos de correção profunda, empresas sólidas frequentemente são negociadas por valores irracionalmente baixos. Enquanto investidores despreparados vendem em pânico, os disciplinados compram de forma seletiva.
Além disso, os bear markets fortalecem a disciplina do investidor. Muitos profissionais e jovens aplicadores de hoje nunca vivenciaram um ciclo completo de baixa. A última década foi dominada por correções superficiais, que impediram o mercado de passar por um verdadeiro teste de estresse. Essa ausência de correções significativas fez com que muitos subestimassem o risco de perseguir modismos e realocar capital de forma imprudente.
O mercado de baixa ensina humildade, reforça a importância da preservação de capital, obriga uma reavaliação de modelos de negócio e fundamentos, e distingue o que é durável do que é efêmero.
Em resumo, os bear markets oferecem dois grandes presentes para quem sabe aproveitá-los:
- A chance de adquirir ativos de alta qualidade a preços atrativos;
- A possibilidade de construir retornos mais robustos ao longo do tempo, partindo de uma base mais baixa.
Com o mercado sobrevalorizado, a especulação elevada e as projeções possivelmente otimistas demais, investidores devem adotar uma postura estratégica para navegar no ambiente atual de alta prolongada.
Checklist para se preparar
- Reveja os fundamentos do portfólio. Certifique-se de que as empresas nas quais investe têm rentabilidade consistente, vantagens competitivas e endividamento controlado.
- Mantenha uma reserva de liquidez. Tenha capital disponível, caixa ou equivalentes, para aproveitar oportunidades quando as avaliações caírem.
- Defina seus preços-alvo. Saiba de antemão quanto está disposto a pagar por empresas de qualidade quando o mercado estiver dominado pelo medo.
- Evite correr atrás de modismos. Em momentos de valorização excessiva, valide resultados, balanços e modelos de negócio.
- Estabeleça limites de alocação. Determine previamente quanto do portfólio pretende aumentar em uma fase de correção.
- Mantenha-se investido. Vender em pânico durante uma queda acentuada tende a cristalizar prejuízos e afastá-lo da recuperação inicial.
- Prepare-se emocionalmente. Bear markets testam a disciplina, não a inteligência. A constância vence o “market timing”.
- Pense no longo prazo. Os bear markets são capítulos de uma jornada de investimento que se estende por décadas. O verdadeiro poder dos juros compostos surge quando o investidor permanece engajado em todo o ciclo.
- Monte uma lista de observação. Relacione empresas de alta qualidade que gostaria de comprar caso seus preços caiam substancialmente. Assim, você reage com estratégia, e não por impulso.
- Monitore o macro, sem paralisar. Observe sinais econômicos e níveis de avaliação, mas não espere por um cenário perfeito, o mercado se move antes da certeza.
Seguir essa estratégia coloca o investidor em posição de se beneficiar de um bear market, em vez de ser vencido por ele. As quedas fazem parte do processo de formação de riqueza de longo prazo, e a chave é manter a disciplina.
Os bear markets são mecanismos essenciais para a saúde do sistema financeiro. Eles reduzem o acúmulo de riscos, corrigem excessos e abrem espaço para novos ciclos de crescimento. Para o investidor que se antecipa, representam uma oportunidade de comprar qualidade a preços justos e participar com mais força da próxima fase de valorização.
Por isso, é preciso preparar-se agora para o inevitável e futuro bear market. Ele não é uma maldição, é uma oportunidade.
***
PARE DE INVESTIR NO ESCURO! No InvestingPro, você tem acesso a ferramentas treinadas de IA em 25 anos de métricas financeiras para escolher as melhores ações e ainda tem acesso a:
- Preço-justo: saiba se uma ação está cara ou barata com base em seus fundamentos.
- ProTips: dicas rápidas e diretas para descomplicar informações financeiras.
- ProPicks: estratégias que usam IA para selecionar ações explosivas.
- WarrenAI: consultor pessoal de IA treinado com dados do Investing.com para tirar suas dúvidas sobre investimentos.
- Filtro avançado: encontre as melhores ações com base em centenas de métricas.
- Ideias: descubra como os maiores gestores do mundo estão posicionados e copie suas estratégias.
- Dados de nível institucional: monte suas próprias estratégias com ações de todo o mundo.
- ProNews: acesse notícias com insights dos melhores analistas de Wall Street.
- Navegação turbo: as páginas do Investing.com carregam mais rápido, sem anúncios.

AVISO: Este conteúdo tem caráter exclusivamente informativo. Não constitui oferta, recomendação ou solicitação para compra de ativos. Lembramos que todos os investimentos envolvem riscos relevantes e devem ser avaliados sob múltiplas perspectivas. O InvestingPro não oferece consultoria de investimentos. As decisões e riscos assumidos são de inteira responsabilidade do investidor.
