Aberrações
Por aqui, Bolsa em leve queda. Predominam nomes domésticos na ponta positiva — inclusive algumas aberrações. Commodities têm desempenho misto, com China fora do ar por conta do ano novo.
Juros voltam a cair, repercutindo noticiário positivo neste front — sobre o qual falo em seguida.
Lá fora, Nova York opera praticamente estável. PIB americano veio abaixo do esperado no 4T16, deixando a ver navios quem esperava no indicador um motivo para estender o bull market por lá. E o valuation segue nas alturas…
Nada de mais no front europeu, que segue em incômodo silêncio.
La gran muralla
Trump passou a campanha inteira dizendo que construiria o muro e faria o México pagar por ele. Ninguém levou muito a sério (confesso que me incluo aqui).
Primeiro, a assinatura da executive order. O estremecimento das relações com o vizinho resultaram no cancelamento da visita de Peña Nieto e em ameaças de imposição de um pesado imposto de importação sobre os produtos hecho en Mexico.
Até agora, só ideia. Surpreendentemente, mercado pareceu não dar muita bola. Ou não acredita que seja pra valer, ou não parou ainda para pensar o suficiente nas potenciais implicações.
A experiência vem demonstrando que não levar Trump a sério é arriscado. A ver.
Enquanto isso, Donald conversa com Theresa May e, nos próximos dias, Angela Merkel e Vladmir Putin.
Quem te viu, quem te vê
Por aqui, ganha força a percepção de que inflação deste ano pode ficar abaixo da meta de 4,50 por cento.
Penso com meus botões: até pouco tempo atrás, o mercado estava olhando para um IPCA 2017 na casa dos 5, e duvidava-se fortemente da determinação do BC em já ancorar as expectativas neste ano.
E viva o pré…
Vocês me deixam louco
O lado ruim é que, diante do cenário mais benigno do que o anteriormente imaginado, já há quem esteja ficando pimpão demais dentro do governo: tem ministro falando em Selic a 9,25 por cento não no final do ano, mas sim no começo do quarto trimestre.
O próprio presidento parece ter, novamente, sido mordido por Padilha (ué, mas o vampiro não era ele?) e voltou a afiançar que o Copom seguirá no compasso de 75 pontos de corte por reunião.
Calem-se, calem-se, calem-se: vocês me deixam louco. Ilan trabalhou (muito) para conquistar credibilidade. Tudo que o BC não precisa é do falatório de vocês.
É bem assim que estou, é tudo que restou
Atualmente, o Palavra do Estrategista é um dueto: Felipe Miranda e Marília Fontes se alternam, escrevendo um a cada semana. Ele, com análises macro e recomendações de investimento com foco predominante em ações. Ela, guiando os leitores em suas primeiras incursões pelo mundo da renda fixa.
É uma dupla afinada, tipo Sandy e Júnior antes da puberdade.
Só que a história se repete: a Marília cresceu, agora é mulher, e quer seguir o próprio caminho. Já ele, que quer partir em busca de nove mil anjos talebianos, responde: deixa ir, deixa ir.
Vem produto novo dela por aí, expandindo o trabalho que hoje encontrava guarida no Palavra. E mais: com mais espaço, cada um tem a oportunidade de trazer coisas novas em muito breve.
Mas toda longa parceria, quando chega ao fim, merece uma turnê de encerramento: quem já assina continuará recebendo as publicações de ambos por toda a vigência do plano escolhido, mesmo após a separação. Já tem gente acampada na fila para os ingressos, cujas vendas serão encerradas hoje.
Vai deixar para depois? Quem escolhe é você, e vai ter que aceitar. Eu faria exatamente o contrário, e assinaria agora mesmo.
De uma coisa eu tenho certeza: diferentemente de Sandy e Júnior, ambos continuarão nas paradas de sucesso.
Fim de férias
Parlamentares de malas quase prontas para voltar a Brasília. Atenções no universo político se voltam às eleições das mesas diretoras da Câmara e do Senado.
Além de importante para a retomada da agenda de reformas, o início do ano legislativo é importante para a solução da crise fiscal dos Estados: com o Rio, governo federal já assinou protocolo de intenções. A efetiva implementação requererá participação do Parlamento.
Faço votos que os digníssimos deputados e senadores aproveitem bem este último final de semana de férias, pois vem trabalho muito duro pela frente.