O Brasil e o Oscar da economia: Indicado, mas sem favoritismo!

Publicado 13.03.2025, 01:50

Fala Comigo Faria Lima!

Todo Oscar tem sua surpresa. Às vezes, a atriz que todos achavam que ia ganhar perde para alguém que fez um papel menos chamativo, mas tecnicamente impecável. Na economia, a dinâmica é a mesma: países que fizeram ajustes e mantiveram políticas sólidas garantem crescimento real – enquanto os que apostaram na maquiagem de curto prazo saem apenas com um aperto de mão no backstage.

Com Ainda Estou Aqui vencendo o Oscar, o Brasil provou que sabe emocionar. Mas, no tapete vermelho da economia, o desempenho não foi tão aclamado.

Os indicados ao Oscar da Melhor Performance Econômica de 2024 foram anunciados:

  • México, que surpreendeu o mercado com crescimento robusto no 4º trimestre, puxado pelo setor industrial e exportações.
  • Coreia do Sul, que manteve a inflação controlada e viu o consumo das famílias sustentar o crescimento.
  • Canadá, que mesmo enfrentando desafios globais, encerrou o ano com um setor de serviços aquecido e estabilidade fiscal.
  • Estados Unidos, que, com uma política monetária mais ajustada, sustentou uma expansão resiliente do PIB.
  • Brasil, que, apesar de um crescimento anual de 3,4%, viu seu 4º trimestre desacelerar para 0,2%, gerando dúvidas se seu desempenho foi fruto de um crescimento sustentável ou apenas de efeitos especiais bem-produzidos.

Mas no Oscar dos Investimentos Externos, o Brasil não conseguiu levar a estatueta. Enquanto os vencedores atraíram capital estrangeiro com credibilidade fiscal e estabilidade institucional, o país segue tentando convencer o mercado de que seus números não são apenas uma maquiagem contábil temporária.

Para isso, vamos analisar o PIB do 4º trimestre dos setores da economia e como essa performance impactará investimentos, renda fixa e variável em 2025.

Consumo das Famílias: O Público Ainda Está na Plateia?

O consumo das famílias cresceu 4,8% no ano, mas desacelerou no último trimestre, um reflexo do aumento da inflação e das taxas de juros (UOL Economia).
Isso nos remete a Milton Friedman, que afirmava: "Inflação é sempre e em toda parte um fenômeno monetário".

Aqui está o dilema:

Salários reais cresceram abaixo da inflação, reduzindo o poder de compra.

O endividamento das famílias atingiu 77,9% da renda.

O crédito continua caro, com a Selic em 13,25%.

Previsão para 2025:

Se os juros não caírem significativamente, o consumo pode continuar desacelerando. Isso afeta diretamente ações do setor de varejo e bens de consumo na Bolsa, reduzindo perspectivas para empresas dependentes de crédito.

2. Setor Externo: Exportamos Sonhos ou Só Commodities?

O Brasil continua apostando no agronegócio e nas exportações, mas o setor externo não brilhou como esperado:

Exportações cresceram 2,9%, mas a agropecuária caiu 3,2%. (IBGE)

O real valorizou 5% no trimestre, reduzindo a competitividade dos produtos brasileiros (BCB).

Importações subiram 14,7%, um sinal de que a demanda interna está mais dependente de produtos externos.

Como David Ricardo dizia, “as vantagens comparativas definem o crescimento”, mas o Brasil continua dependente de commodities.

Sem uma diversificação da pauta exportadora, nossos ciclos econômicos seguirão reféns dos preços internacionais.

Impacto para 2025:

Se o real continuar valorizado, setores como siderurgia, papel e celulose e agropecuária podem perder força.

Para investidores, isso significa redução no potencial de alta de ações ligadas a exportação, enquanto o mercado interno se torna ainda mais importante

3. Indústria: Uma Produção Sem Roteiro?

O setor industrial cresceu 3,3%, (IBGE) mas com contrastes internos:

Como Schumpeter explicava, “o capitalismo se move por ciclos de destruição criativa”. O problema é que a indústria brasileira parece mais estagnada do que inovadora.

Impacto para 2025:

Se os juros caírem, construção civil e infraestrutura podem se recuperar.

O setor industrial pode ser um bom termômetro para o Ibovespa, dependendo da política de juros do Banco Central.

4. Setor de Serviços: A Estrela Que Perdeu o Brilho?

O setor de serviços, que representa 70% do PIB, cresceu 3,7% no ano, mas desacelerou para 0,1% no último trimestre. (IBGE)

Turismo, alimentação e transporte foram beneficiados no fim de ano.

Setores como tecnologia e serviços financeiros seguiram resilientes, mas com menor expansão.

Adam Smith diria que “o trabalho produtivo move a economia”, mas a verdade é que o setor de serviços depende diretamente da renda disponível das famílias.

Impacto para 2025:

O setor continua sendo um motor do PIB, mas pode sofrer com juros altos e endividamento.

Empresas de tecnologia e finanças podem ter volatilidade na Bolsa, conforme as taxas de juros forem ajustadas.

5. Investimentos e Gastos Governamentais: A Jogada Keynesiana

O investimento cresceu para 17% do PIB, e o governo aumentou seus gastos em 1,9% (UOL).

Como Keynes defendia, o governo deve intervir para estimular a economia. Mas a pergunta é:

Isso está sendo feito de forma sustentável?

O crescimento baseado em investimento público pode gerar efeitos colaterais fiscais. esse crescimento seja sentido no bolso das pessoas.

Porque, no final, "O roteiro econômico não aceita edições – e a crítica dos mercados é sempre implacável.".

O ano de 2025 começa agora.

Bons Investimentos!

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