Imagine este cenário dentro da sua casa:
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Salário de R$ 10.000
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R$ 9.000 comprometidos com despesas fixas e "obrigatórias" – aluguel, contas de consumo, escola das crianças, plano de saúde e aquela ajuda mensal para dois parentes que, convenhamos, já poderiam estar se sustentando.
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Sobra R$ 1.000 para tudo o mais: investir, montar sua reserva de emergência, fazer um curso, bancar momentos de lazer, lidar com imprevistos e, quem sabe, já deixar um dinheiro separado para trocar de carro quando ele parar de vez.
Essa dinâmica sufocaria qualquer família porque, simplesmente, algo vai ficar de fora. Agora troque:
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R$ 10.000 por R$ 2,4 trilhões anuais do orçamento federal
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R$ 9.000 por 90% engessados em despesas obrigatórias, sendo 70% só em benefícios sociais – muitos deles sem prazo, sem metas de emancipação e sem retorno produtivo
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O restante? Serve mal e porcamente para manter a máquina pública girando
É isso que o governo atual está fazendo com as contas públicas. Se um brasileiro gerisse as finanças da sua casa assim, já teria estourado o limite do cheque especial, comprometido o 13º antes de recebê-lo e ainda estaria culpando o banco por não oferecer mais crédito. E sim, qualquer semelhança com a política econômica atual é totalmente intencional.
A armadilha dos gastos obrigatórios: uma lição para o investidor
Nas finanças pessoais, despesas obrigatórias são aquelas que não podem ser adiadas sem grandes consequências – como moradia, alimentação, contas básicas e transporte. Já as não obrigatórias, ou discricionárias, incluem lazer, viagens, presentes e gastos não essenciais.
O problema começa quando confundimos "ajuda" com "compromisso vitalício". Nas minhas consultorias, sempre digo: você só ajuda financeiramente quem tem potencial para sair da ajuda – e com prazo para isso. Quando a ajuda vira eterna, você não está mais contribuindo com a autonomia. Está bancando a dependência.
Agora pense no orçamento público:
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O Brasil compromete 9 a cada 10 reais com despesas fixas
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Uma parte considerável vai para transferências assistenciais que crescem mais que o PIB
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O que sobra é mínimo para saúde, educação, segurança e investimento em produtividade
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E o que falta… se cobre com aumento de impostos
O custo da dependência eterna
Quando um país torna quase todo o seu orçamento "obrigatório", ele abre mão do futuro. Não há margem para inovação, nem para reformas, nem para crescimento sustentável. E o mesmo vale para suas finanças pessoais: como crescer se sua vida financeira estiver amarrada a gastos automáticos e compromissos que não fazem mais sentido?
Seu próximo passo? Rever seus custos obrigatórios. Reduzir ou eliminar "ajudas" que viraram dependência. Abrir espaço para investir com consistência e retomar o controle. Porque só quem tem margem de manobra consegue construir, corrigir rota e crescer de verdade – no orçamento da casa ou no do país.