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O fim do monopólio da B3 no Brasil

Publicado 04.09.2024, 13:30
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A cidade do Rio de Janeiro foi oficializada como sede da nova bolsa de valores do Brasil. A expectativa, inclusive, é que as operações comecem no segundo semestre de 2025. A empresa responsável pela operação será a ATG, companhia de tecnologia que negocia ativos financeiros e oferece uma plataforma para clientes operarem, e que faz parte da Mubadala, dos Emirados Árabes Unidos. Em princípio, após ser regulamentada pela CVM e pelo Banco Central, a bolsa irá oferecer transações de compra e venda de ações no mercado à vista, cotas de fundos e aluguel de ações.

Na minha visão, o surgimento de uma nova bolsa de valores no Rio de Janeiro é um marco significativo que promete diversificar e dinamizar o ambiente de investimentos no Brasil. Acredito que uma das principais vantagens é, sem dúvidas, o aumento da competitividade. A concorrência entre bolsas de valores pode resultar em melhores serviços, menores custos de transação e, quem sabe, uma maior variedade de produtos financeiros. Para os investidores, isso significa mais opções e possivelmente melhores retornos sobre seus investimentos.

Acredito que a nova bolsa pode também atrair empresas de pequeno e médio porte que buscam uma plataforma mais acessível para abrir seu capital, sem tantas burocracias, promovendo o crescimento dessas empresas e, consequentemente, da economia local. Hoje, o processo para uma empresa abrir capital na B3 (BVMF:B3SA3) é complexo e custoso, o que muitas vezes desanima empresas de menor porte. Uma nova bolsa com processos simplificados e menos onerosos pode fomentar o crescimento de pequenas e médias empresas, trazendo mais liquidez para o mercado e ampliando o número de investidores.

Outro ponto positivo é a descentralização do mercado financeiro brasileiro. Atualmente, a B3, localizada em São Paulo, domina o cenário. Com uma nova bolsa no Rio de Janeiro, haverá uma redistribuição das oportunidades de negócios e criação de empregos, além de uma possível descentralização do poder econômico. Esse movimento pode fomentar um ambiente de inovação, em que novas ideias e tecnologias podem ser testadas e implementadas com maior facilidade.

Mas também haverá desafios. A nova bolsa precisará conquistar a confiança dos investidores e das empresas. Estabelecer-se em um mercado já consolidado requer tempo, investimentos substanciais em tecnologia, infraestrutura e uma forte estratégia de marketing para atrair investidores. Além disso, manter os custos operacionais baixos e oferecer taxas competitivas pode ser desafiador, dado o investimento inicial necessário para estabelecer a infraestrutura e operações da nova bolsa.

Um ponto interessante nesse cenário é a recente redução do Imposto Sobre Serviços (ISS) promovida pelo prefeito do Rio de Janeiro. Essa medida, claramente destinada a tornar a cidade mais atraente para negócios financeiros, pode ser um grande catalisador para o sucesso da nova bolsa. A redução do ISS diminui os custos operacionais para empresas financeiras, tornando a capital carioca uma opção mais competitiva em relação a outras cidades brasileiras e até mesmo internacionais.

Com essa redução de impostos, a nova bolsa pode oferecer taxas de negociação mais baixas, atraindo investidores que procuram maximizar seus retornos. Do mesmo modo, empresas que consideram abrir capital podem encontrar no Rio de Janeiro um ambiente mais favorável e menos oneroso para suas operações. Essa estratégia de incentivo fiscal é um movimento inteligente do governo estadual, que visa não apenas atrair a bolsa de valores, mas também outros players importantes do setor financeiro.

Para se diferenciar da B3, penso que a nova bolsa poderia oferecer aos investidores a possibilidade de operar por períodos mais longos, talvez até mesmo por 24 horas. Isso significaria um alinhamento maior com os mercados internacionais, permitindo aos investidores brasileiros acessar uma janela de negociações mais ampla e sincronizada com o funcionamento das bolsas no mundo todo. Além do mais, o aumento das horas de operação pode atrair investidores que buscam flexibilidade e melhores oportunidades de negociação, afinal muitos trabalham ao longo do dia e podem operar ao chegar em casa do trabalho. Isso pode aumentar, sem dúvidas, o número de interessados a investir na bolsa de valores.

A possibilidade de uma maior prateleira de produtos para investir seria outra vantagem. Uma nova bolsa poderia oferecer uma gama maior de investimentos internacionais, além dos Brazilian Depositary Receipts (BDRs) já disponíveis na B3. Isso proporcionaria aos investidores brasileiros a oportunidade de diversificar seus portfólios com ativos globais de maneira mais direta e eficiente, podendo investir em índices de bolsas do mundo todo.

Hoje somos cerca de 4 milhões de investidores na bolsa, sem considerar as duplicidades. E demorou muito para isso acontecer. Sem dúvidas, a melhoria da tecnologia e o crescimento da economia permitiram o surgimento de mais investidores na bolsa. Em 2025, acredito que se tivermos um governo com mais responsabilidade fiscal e discursos alinhados com o Banco Central, o FED, nos EUA, reduzindo os juros e, com isso, o dólar caindo, podemos sim ter um novo ciclo positivo com investidores mais otimistas em relação a investimento em bolsa de valores. E, com esse cenário em vista, sem dúvidas, a bolsa carioca chegará em um momento propício na nossa economia para a entrada de novos investidores.

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