Foi crime
Não me dou a prever o que vai ser desse impeachment.
Talvez a compra do baixo clero funcione, talvez seja em vão.
De qualquer forma, acho importante separarmos o carteado político da análise econômica e jurídica neste caso.
Segundo critérios (técnicos) econômicos e jurídicos, Dilma Rousseff cometeu um crime contra a responsabilidade fiscal.
Para citar um exemplo: empréstimos dos bancos federais ao Tesouro configuram crime.
Você pode preferir impeachment de Temer, novas eleições, monarquia ou parlamentarismo.
Mas nada disso vai mudar o passado criminoso, que macula nosso futuro.
How big?
Governo Dilma tentou argumentar que seu crime é o mesmo crime de todos os outros presidentes.
Não vou nem julgar a ética dessa defesa anti-kantiana; vamos fingir que está tudo bem...
A pedido do TCU, o Banco Central fez as contas e constatou que as pedaladas dispararam exatamente no final do Governo Lula, e só fizeram aumentar sob o comando de Dilma.
Quando FHC passou a faixa, a conta do Tesouro a ser saldada com bancos não chegava a R$ 1 bi.
Ao fim de 2015, essa mesma conta se aproximava de R$ 60 bi.
Se quisermos fazer ciência de verdade - ciência econômica ou jurídica - temos que atentar para o “how big?”.
Estatisticamente relevante não basta; tem que ser econômica ou juridicamente relevante.
As pedaladas de R$ 60 bi atendem a todos os critérios possíveis de relevância.
Solução de canto
Mesmo assim, a vida não se faz só de ciência, mas também de arte.
E o arteiro Lula está comprando votos.
Os jornais tentam contabilizar a disputa entre deputados pró e contra o impeachment.
Veja, isso pouco importa; não é informação confiável.
"No map is better than a wrong map" - já dizia Taleb.
O impeachment pode ser melado de mil maneiras.
Já a delação premiada dos onze executivos da Andrade Gutierrez parece bem mais tangível.
Conversa de farmácia
Ontem me perguntaram na rua (ok, não foi na rua, mas numa farmácia):
“Como o mercado precifica impeachment de Temer, novas eleições, parlamentarismo, Lula presidente, Lula primeiro-ministro…
Bom, vamos com calma.
O tal mercado é formado por pessoas. Pessoas que não são capazes de precificar, ao mesmo tempo, vários cenários mutuamente excludentes.
Na falta de cérebro quântico, vamos precificando uma coisa por vez.
Até o momento, o impeachment é o caminho mais curto para sair da crise.
Portanto, é aí que se concentra a análise do mercado, ainda inclinada ao resultado em que o impeachment acontece, e Temer toma posse.
Mais detalhes no Empi riscope de hoje, comigo e com o Felipe, às 14h em ponto.
Receita antiblefe
Lula espalha que possui 200 votos contra o impeachment, mas a verdade é que ainda está longe dos 172 necessários.
É um blefe.
Blefe pode funcionar no truco de bêbados, mas não para o investidor inteligente.
A rigor, praticamos o antiblefe em nossas recomendações de Bolsa.
Exemplo máximo aparece no Relatório Microcaps desta quarta-feira.
Max Bohm elencou 100 Microcaps e aplicou cinco critérios de análise para revelar apenas as melhores oportunidades.
Primeiro montamos mão cheia, depois apostamos.
As mesmas chances que nos favorecem acabam eliminando os blefadores contumazes.