Garanta 40% de desconto
🚨 Mercados voláteis? Descubra joias escondidas para lucros extraordinários
Descubra ações agora mesmo

O Papel da Selic na Recessão

Publicado 15.12.2017, 10:58

No dia 6 de dezembro o comitê de política monetária (Copom) optou por fazer um novo corte na taxa básica de juros (Selic). Desta vez, conforme “antecipado” na penúltima reunião, o corte foi menor: 0,5%.

A redução colocou a taxa básica de juros em um patamar histórico de 7%, estabelecendo o menor nível praticado no Brasil, desde os 7,25% do início do primeiro mandato da ex-presidente Dilma Rousseff.

No comunicado emitido logo após a decisão, o Copom avaliou que, mantendo o cenário básico inalterado, a flexibilização monetária deve ganhar mais capítulos. Contudo, daqui em diante tais capítulos virão com nova redução do gradualismo dos cortes, ou seja, caso não haja nenhum evento inesperado que afete a inflação, o Banco Central deve fazer novo corte no próximo mês de fevereiro, desta vez de 0,25%.

“Para a próxima reunião, caso o cenário básico evolua conforme esperado, e em razão do estágio do ciclo de flexibilização, o Comitê vê, neste momento, como adequada uma nova redução moderada na magnitude de flexibilização monetária.”

É muito importante ressaltar que o Banco Central vem realizando um trabalho importantíssimo para a retomada da economia no longo prazo, mas tão importante quanto assumir essa premissa é importante reconhecer também que, tal como sugerido por inúmeros trabalhos, a política monetária não tem a efetividade desejada em casos de recessão econômica, tal como a que estamos vivendo – e esperando sair já a partir deste final de 2017.

Também é importante destacar que a política de aperto monetário, iniciada ainda no governo anterior, foi totalmente descabida. A autoridade monetária pretendia debelar um processo inflacionário dominado pelo aumento de preços administrados com um aumento da taxa básica de juros.

Anúncio de terceiros. Não é uma oferta ou recomendação do Investing.com. Leia as nossas diretrizes aqui ou remova os anúncios .

Ainda que uma súbita alta dos juros básicos de uma economia tenha um potencial papel de protagonista da ancoragem dos preços no longo prazo, o mesmo debilita, em um curto espaço de tempo, a situação das contas públicas, no caso brasileiro já desgastadas com a forte queda da arrecadação.

O aumento da taxa de juros no Brasil serviu, portanto, apenas como comunicado de que o governo estava ciente de que um dos principais pontos à serem corrigidos era a inflação. Mas a que custo? O recado se mostrou extremamente custoso e ineficaz.

Variação de preços

Aqueles que viam no governo anterior todas as fontes das mazelas da economia brasileira, podem cair no erro de creditar ao Banco central o protagonismo na queda dos preços no Brasil. Ledo engano. Não podemos deixar de considerar fatores mais importantes que a própria condução da política monetária por aqui:

  1. Queda expressiva da demanda, ocasionada pela queda da atividade econômica e, consequentemente, pelo aumento do desemprego;
  2. “Normalização” da safra nacional e aumento dos estoques de grãos no mercado internacional.
  3. Processo de desalavancagem financeira de pessoas e empresas.

Após ter cortado em mais de 7,25% da Selic desde o início do último ciclo de flexibilização, o Brasil ainda apresenta uma das maiores taxas reais de juros do mundo. Evidentemente que o quadro se agrava em função de uma forte queda da variação de preços, mas é de se espantar o tamanho do terreno de flexibilização já percorrido e o potencial ainda a ser explorado.

Taxa real do juro básico

Crise do sistema financeiro

Em suma, nos países desenvolvidos discute-se o potencial da política monetária como indutor do crescimento econômico. E por lá as conclusões não são muito positivas para os Bancos Centrais. Um longo e intensivo processo de flexibilização monetária não resultou em retomada da atividade econômica.

Anúncio de terceiros. Não é uma oferta ou recomendação do Investing.com. Leia as nossas diretrizes aqui ou remova os anúncios .

Em entrevista recente concedida ao jornal Valor Econômico, o ex-presidente do Banco central da Índia, Raghuram Rajan, respondeu de forma interessante ao ser perguntado sobre a eficácia da política monetária na Zona do Euro e no Japão.

Ao ser indagado se o crescimento do Japão e de países da Zona do Euro eram sinais da efetividade da política monetária ou de fatores estruturais, ele respondeu:

“Você esqueceu um terceiro fator possível, o de que talvez ao longo do tempo qualquer coisa cure a si mesma.”

Taxa de juros e spread

É um pouco do que ocorre hoje no Brasil. A taxa de juros vem caindo e os spreads bancários se mostram tão resilientes quanto a falta de apetite dos agentes brasileiros. Talvez, lá na frente, acabem por confundir causa com efeito e efeito com causa, solapando o pouco de aprendizado que parece ter ficado sobre como recuperar uma economia em crise.

Amarrando os pontos, parece-nos que ficamos muito presos à modelos e esquecemos de olhar a realidade, de conectar as causas e efeitos de modo como realmente são. Como a economista Carlota Pérez costuma repetir, a ciência econômica precisa abrir mão dessa ideia de buscar “leis naturais”, afinal, economia não é física.

Precisamos estar atentos às mudanças, temos que estar preparados para elas. E, em alguma medida, é o que disse Raghuram Rajan, “talvez ao longo do tempo qualquer coisa cure a si mesma”. E isso exigiria de nós ações diferentes no curto prazo.

Publicação Original.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.