A quantidade de instituições e gestoras de recursos no Brasil cresceu muito nos últimos anos. Dados oficiais mostram que já nos aproximamos de 1000 casas, incluindo as assets independentes. Há cerca de três anos, este número estava em torno de 600. Com um leque de opções cada vez maior, escolher quem irá gerir os seus recursos é um dilema que afeta a todos, desde os pequenos investidores domésticos aos grandes fundos institucionais globais que observam o Brasil em busca de boas oportunidades para alocar parte de seu patrimônio.
Olhando principalmente para os investidores institucionais, sejam os locais ou globais, há alguns pontos essenciais que devem ser considerados na hora da escolha. De forma alguma a decisão deve ter como base a performance passada de determinada carteira. Já se sabe, há tempos, que esta premissa não é garantia de sucesso no futuro e, muito menos, um indicador de eficiência do gestor.
Atuando com assets e fundos de investimento há mais de duas décadas, consegui observar alguns processos que podem ser determinantes para uma escolha positiva. Entre os inúmeros fatores que podem ser observados, podemos destacar quatro grandes itens que não podem ficar de fora na hora da decisão. São eles: gestão de riscos; gestão de investimentos; governança; e controles internos.
No que se refere à gestão de riscos, a preocupação é avaliar a qualidade e a técnica com que cada gestora executa as atividades e como esta prática influencia a gestão de investimento. Qual o protagonismo da gestão de riscos na atividade de gestão de recursos de terceiros? Essa é a pergunta que no final do dia queremos responder.
Quando analiso a gestão de investimentos, por sua vez, um dos pontos principais é identificar a filosofia de gestão, princípios e processos. É preciso saber como as áreas de análise geram insumos para a tomada de decisão de investimentos. Além disso, a asset não pode mudar de filosofia a cada mudança de mercado. É a solidez da filosofia que faz um investidor ter confiança para terceirizar a gestão de seus recursos. A consistência é consequência de uma base bem estruturada e a filosofia está nela.
No quesito governança, é preciso verificar se a asset possui políticas e manuais documentados, processos maduros e comitês para tomada de decisão e discussão de temas relevantes. A governança pode ser traduzida como o ambiente no qual a gestora trabalha.
Por fim, os controles internos são a peça fundamental para que todas as regras sejam, de fato, seguidas. Os controles, ao mesmo tempo que garantem que o que foi determinado está sendo seguido, também possibilita que as demais áreas foquem nos seus respectivos objetivos. A qualidade do sistema que utilizam é mais um ponto que deve ser observado e pode transmitir a ideia de robustez destes controles. Ainda vemos atividades sensíveis sendo executadas em planilhas.
Infelizmente, há muitos problemas recorrentes entre assets que podem ser evitados com uma análise mais minuciosa destes quatro quesitos. Todo investidor busca uma asset que tenha perenidade e consistência. E o que faz uma asset ser perene? Se possuir processos bem definidos, se não depender somente de uma pessoa e se tiver cultura de investimento bem disseminada, a asset já possui grande chance de manter a sua consistência e ter perenidade.
Nenhum investidor quer investir em uma asset que apresente rendimento em um mês e, no outro, não. Nenhum investidor quer uma asset com uma gestão de riscos completamente desconectada da gestão de investimentos.
Claro que estes são objetivos de todo investidor, mas, quando falamos no mercado brasileiro, no qual vivemos ciclos muito curtos e a amplitude de volatilidade muito grande, é preciso tentar evitar decisões precipitadas.
A escolha de uma asset, principalmente quando falamos de investidores institucionais locais e globais, deve ser algo pensado, estudado e avaliado de forma independente. A asset deve ter estruturas bem definidas e processos muito claros. Somente assim podemos dizer que a asset possui robustez em tudo o que faz.