Universo paralelo
O clima desta quarta-feira começou negativo ao redor do mundo, com acirramento das tensões na Ucrânia. Pressão inevitável de alta sobre petróleo e ativos de segurança, como ouro e dólar, enquanto as bolsas perdiam ao redor do mundo.
A coisa mudou com o rali de empresas de energia e bancos lá fora. Por aqui, impulso adicional vindo de Petrobras, a partir de apostas crescentes de aumento do preço de combustíveis. Mais interessante da afirmação do ministro Mantega é de que poderemos ter reajuste no preço dos combustíveis este ano, afinal, “é a regra”.
Que reajuste? Que regra?
Déjà vu
A afirmação do Ministro mais uma vez alimenta forte alta às ações, mesmo sem dizer (ou resolver) nada. Se fosse regra definida e conhecida, a declaração não teria impacto no preço das ações. Ainda sobre Mantega, ontem ele convocou os presidentes dos bancos para uma conversinha... Pediu impulso ao crédito, para salvar o PIB deste ano.
Vejamos...
Qual o desdobramento inevitável de se acelerar a concessão de crédito em um ambiente econômico adverso, sem crescimento? Isso mesmo, aumento de inadimplência. Também já vi essa história... Foi o que o Banco do Brasil fez no ano passado, enquanto os bancos privados seguraram a mão. Ou... vamos ver nos resultados do BB no segundo semestre.
CEF em risco (Zé com Zé)
Segundo matéria da Agência Estado, o governo está pressionando a Caixa Econômica Federal a ajudar o Tesouro com mais dividendos:
“Por ordem do governo, a Caixa vai repassar todos os lucros previstos e, assim, ajudar a fechar as contas da União. A decisão vai na contramão do acordo entre os executivos do banco e o Ministério da Fazenda e aumenta a pressão por nova capitalização da Caixa em 2015”.
Repassando todos os lucros para a União fazer superávit primário agora, a Caixa fica sem fôlego financeiro, tornando praticamente inevitável um novo aporte do Tesouro depois...
A Caixa que emprestou bastante dinheiro para a Eletrobrás (que também vem pagando dividendos à União sem ter lucro) e para socorrer as distribuidoras. Mais uma vez, as necessidades imediatas da política econômica sobrepõem os planos estratégicos das instituições, trazendo uma encrenca para ser resolvida a posteriori.
O seu nome na lista (Convite)
No dia 12 de agosto (uma terça-feira), faremos a sexta Aula Presencial do curso de Opções da Empiricus.
O evento começa às 8h30 da manhã, em São Paulo - mais precisamente, no Hotel Melià, no Itaim Bibi (rua João Cachoeira, 107).
Depois de um delicioso café da manhã, o Rodolfo, coordenador do curso, fará a sua apresentação (9h00). Logo em seguida (10h00), assistiremos à aula do Prof. Fernando Abrucio, coordenador do curso de Administração Pública da FGV. Rodolfo falará sobre o impacto de eleições na Bolsa, pensando no que pode ser o rali eleitoral até final de outubro. Abrucio vai falar do impacto da economia na disputa presidencial, e o que ele está vendo de chances para Dilma e Oposição. A participação é gratuita a todos os assinantes de qualquer produto da Empiricus, mas as vagas são limitadas. Os 100 primeiros que confirmarem presença aqui garantem a participação no evento, de graça.
O mundo dá voltas
Quando do anúncio da fusão entre a Oi e a Portugal Telecom, todo mundo criticou o fato de a brasileira ganhar exposição a um mercado maduro, sem perspectiva de crescimento relevante.
Nos resultados do segundo trimestre, o primeiro apresentado pela empresa combinada (PT + Oi), eis que o mercado interno mostrou retração de 2,1% no faturamento. Enquanto isso, o faturamento no mercado português cresceu 9,5%. Dito isso, continuo suspeitando que a crise da economia brasileira não vem de fora, e achando que a fusão com a Portugal Telecom não agrega potencial de crescimento relevante para a Oi. Bom, seja como for, eu preferiria a Oi quietinha aqui mesmo. O case só funcionaria com consolidação do mercado brasileiro.
A conta da Oi não fecha
Lembra do trilema impossível?
Há um bom tempo comento sobre o paradoxo da Oi. Ela tinha de: (i) reduzir o seu endividamento, (ii) fazer enormes investimentos em manutenção e melhoria da malha, ao mesmo tempo que (iii) pagar dividendos gordos aos seus acionistas.
Obviamente, insustentável. Os resultados da Oi apresentados hoje são um tanto enfáticos...
A companhia gera R$ 2,5 bilhões de caixa (usando o ebitda como proxy) com a sua operação em um trimestre, ao passo que tem dispêndios de capital (investimento) da ordem de R$ 1,6 bilhão no período.
Grosso modo, lhe sobram R$ 900 milhões para pagar o juros de sua dívida. O problema é o tamanho da dívida, atualmente em R$ 46,2 bilhões, já deduzida do que ela tem em caixa. Considerando conservadoramente uma taxa de juros de 10% ao ano, ela teria de pagar o equivalente a R$ 1,1 bilhão de serviço da dívida por trimestre, sobrando pouco (nada) para o acionista. É empresa de credor. Não há venda de ativos que dê conta.
Desafio do dia: o que é mais difícil?
(a) fechar a conta da empresa Oi
(b) fechar uma conta na operadora Oi
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.